Depois das declarações aos jornalistas, em que assumiu estar “sempre ao lado dos polícias”, Barros Correia, diretor nacional da PSP, avisou diretamente os agentes para a necessidade de existir um “equilíbrio entre as legítimas formas de reivindicação e a prestação de serviço público à comunidade”. Num email enviado para todas as esquadras do país, e a que o Observador teve acesso, Barros Correia disse repudiar “qualquer conduta que ponha em causa o cumprimento da missão de segurança pública”.

“Apelo ao vosso bom senso nas diferentes iniciativas que venham a ser tomadas, sob pena da Polícia de Segurança Pública e os seus polícias perderem a confiança, apoio e respeito“, escreveu ainda o diretor nacional.

Manual para sabotar carros, críticas internas e a desinformação do ministro. Por dentro do movimento de “revolta” na PSP

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Este email surge depois de a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) ter anunciado que, para já, não vai abrir processos com base no protesto que começou esta segunda-feira e ainda não terminou e depois de o Ministério Público ter anunciado que abriu um inquérito para investigar as trocas dos números das esquadras pelo contacto da Polícia Judiciária.

Ao longo dos últimos dias, à medida que o movimento começou a ganhar cada vez mais apoiantes, surgiram também, dentro do grupo “Rumo à Assembleia da República! PSP/GNR”, criado numa rede social, alguns apelos para sabotar os carros de serviço. “Embora percebendo e apoiando esta causa, relembro da nossa importante missão de salvaguarda do cumprimento da Constituição e da Lei, da segurança, da proteção e apoio a todos os nossos cidadãos”, sublinhou Barros Correia na comunicação aos agentes de todo o país.

Além do aviso, o diretor nacional disse ainda concordar “com a justeza desta causa” e perceber “as legítimas e fundadas expectativas relativamente à devida e necessária valorização remuneratória”.

Este protesto tem como base a reivindicação de um subsídio semelhante ao aprovado pelo Presidente da República no final do ano passado para a Polícia Judiciária, que prevê o pagamento de cerca de 700 euros a esta polícia. Fonte da Direção Nacional assegura que só existem carros parados em Lisboa e em Setúbal, mas, de acordo com várias informações recolhidas pelo Observador, a situação estende-se a vários pontos do país, como Porto, Faro, Santarém e ilhas.