O Irão está a oferecer 100 dólares por mês aos iemenitas que se juntem aos rebeldes houthis no conflito contra Israel, incluindo nos ataques que têm sido levados a cabo contra embarcações comerciais no Mar Vermelho, que na madrugada desta sexta-feira receberam ‘resposta‘ dos Estados Unidos e do Reino Unido.

De acordo com o jornal Telegraph, que cita fontes que estão em territórios ocupados pela oposição, ao longo das últimas semanas milhares de pessoas se juntaram aos houthis devido a uma campanha de recrutamento que está cada vez mais intensa e que tem como principal alvo homens e crianças que vivem em extrema pobreza. Mais de 80% do Iémen vive abaixo do limiar da pobreza.

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“Com a pobreza extrema e a falta de meios básicos de sobrevivência, a população é agora muito vulnerável ao recrutamento”, disse uma fonte do Conselho de Transição do Sul (agência governamental, STC, na sigla em inglês), que acrescentou que milhares de civis se alistaram nos houthis sem saber que o que recebem é inferior ao que é pago aos membros do Hezbollah no Libâno — que ganham 1.300 dólares por mês.

A disparidade de valor tem, segundo uma fonte dos serviços de informação do Médio Oriente, provocado descontentamento dentro da Guarda Revolucionária iraniana, entidade que controla o financiamento e também o treino de milícias estrangeiras. Além disso, de acordo com informação presente em documentos que foram tornados públicos, avança o Telegraph, a preocupação cresce no Irão devido ao facto de o país comprar dólares americanos para pagar aos combatentes estrangeiros, uma medida que leva a temores de desvalorização da moeda iraniana, o rial.

No entender de uma fonte do Conselho de Transição do Sul, “os houthis têm conseguido angariar muito mais apoio” devido “à simpatia da população iemenita por Gaza”, sendo que os rebeldes têm dito estar a recrutar tropas para se juntarem ao Hamas no terreno, nessa região.

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No mês passado, o recrutamento começou a intensificar-se no Iémen. Na véspera de Natal, por exemplo, foi organizado um desfile militar para 20 mil recrutas que se formaram em cursos de curta duração. Anteriormente, já tinha sido organizada uma parada militar para 16 mil recrutas que tinham terminado o treino. No total, estima o Telegraph, já poderão ser mais de 100 mil os milicianos no Iémen que atualmente são apoiados pelo Irão.

Ainda no ano passado, a Guarda Revolucionária iraniana recebeu, do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, mais 250 milhões de dólares para financiar os houthis, nomeadamente para os armar com mísseis de longo alcance e/ou balísticos e com drones.