A União Europeia (UE) vai enviar uma equipa de especialistas para fazer uma “avaliação de risco” no porto de Guayaquil, no Equador, sobre a penetração das redes de tráfico de droga que têm como destino os países europeus.

Concordámos com as autoridades equatorianas que vamos enviar uma equipa da UE para o porto de Guayaquil com os nossos especialistas para fazer uma avaliação de risco baseada na experiência e competências que adquirimos no último ano com a nossa avaliação dos portos europeus”, anunciou a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, em conferência de imprensa depois da apresentação da Aliança Europeia de Portos, em Antuérpia.

A comissária acrescentou que as autoridades equatorianas “estão contentes com a possibilidade de estabelecerem esta parceria” com os 27, ainda mais quando as redes criminosas, muitas delas ligadas ao tráfico de droga, estão em conflito aberto com as instituições do país: “Vamos apoiá-los”.

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Ylva Johansson apresentou, esta quarta-feira, com o comissário para a Economia, Paolo Gentilon, uma aliança que tem como propósito coordenar os esforços entre todos os portos dos países europeus, incluindo os de Portugal, como o de Sines, para combater o tráfico de droga, em específico de cocaína, que aumentou nos últimos anos, acompanhado pelo que a comissária dos Assuntos Internos descreveu como uma onda de criminalidade e violência.

O crescimento do tráfico de cocaína tem, na opinião de Ylva Johansson, uma explicação fácil: “Os preços são relativamente baixos, é fácil obtê-la, está muito disponível… A impressão que tenho, na verdade, é que é mais socialmente aceitável como a droga para as festas”.

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A Comissão também vai disponibilizar 200 milhões de euros para a modernização tecnológica e de segurança dos portos europeus, que Ylva Johansson considerou ser “muito dinheiro” para a área que tutela.

A comissária quer que esta aliança, que é a “primeira parceria público-privada em matéria de assuntos internos“, dê fôlego à luta contra “uma grande ameaça para as sociedades” europeias, perpetrada por grupos que “são cada vez mais fortes e mais violentos”.

Na conferência de imprensa, a diretora executiva da EUROPOL, Catherine de Bolle, recorreu à mitologia da Grécia Antiga e comparou o tráfico de droga a uma hidra: “Quando se corta uma cabeça, surgem mais duas, no tráfico de droga é assim. São redes complexas, descentralizadas, altamente especializadas e organizadas, que comunicam através de canais encriptados”.

A Aliança Europeia de Portos tem como propósito concentrar a informação sobre o tráfico de droga nos diferentes portos europeus, identificar debilidades em cada um, enviar informação mais completa às autoridades nacionais e internacionais, como a EUROPOL, para que haja um esforço concertado no combate ao crime organizado.

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Os operadores públicos e privados que utilizam e são responsáveis pelo funcionamento dos portos e da entrada e saída de mercadorias também entre neste esforço concertado encabeçado pela Comissão Europeia: “Ninguém [das partes envolvidas] quer ser responsável por trazer droga para os países da UE”.