Portugal caiu três lugares no índice de Democracia de 2023 elaborado pela revista britânica The Economist e recua a níveis de 2013, com o segundo pior resultado dos últimos 10 anos (e um 31º lugar num conjunto de 167 países analisados). A queda de Portugal deve-se principalmente à avaliação atribuída ao critério “funcionamento do governo”. À luz deste estudo publicado esta quinta-feira, o país é considerado uma “democracia com falhas”. 

O índice tem em consideração cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo; funcionamento do governo; participação política; cultura política; e liberdades civis. A revista pontua de zero a 10 cada um dos indicadores.

Portugal conseguiu uma pontuação bastante positiva nos indicadores do processo eleitoral e pluralismo (9,58) e liberdades civis (8,82), à semelhança do que tinha acontecido em 2022. Não obstante, Portugal cai naquele segundo indicador, já que o ano passado obtinha uma pontuação de 9,12.

O país obtém piores qualificações em três critérios: funcionamento do governo, participação política e cultura política. Em relação ao primeiro indicador, Portugal obtém uma pontuação de 6,79, uma queda substancial face ao ano passado (7,50). Já nos parâmetros da participação política e da cultura política, a revista Economist deu ao país a nota 6,67 e 6,88 — mantendo os valores de 2022.

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Fazendo a média entre os cinco indicadores, Portugal consegue uma média de 7,75, ocupando o 31.º lugar no índice de democracia, numa tabela que é liderada pela Noruega. Este é o pior valor desde 2013, ano em que Portugal obteve uma pontuação de 7,65.

Comparação entre Noruega e Portugal ao longo dos anos

Noruega lidera tabela, Afeganistão em último lugar

Relativamente aos primeiros e últimos lugares da tabela, o ranking é liderado pela Noruega, que obtém uma pontuação quase perfeita (9,81 em dez). Seguem-se no top5 a Nova Zelândia (9,61), a Islândia (9,45), a Suécia (9,39) e a Finlândia (9,3) — todos estes países mantêm os lugares do ano passado.

Portugal está em 31.º lugar, empatado com a Eslovénia com 7,75. Acima de Portugal, estão países como Israel (30.º), Estados Unidos (29.º) e Malta (28.º).

Em sentido inverso, na categoria de países considerados autocratas, o Afeganistão ocupa o último lugar, obtendo uma pontuação de 0,26 em dez. Logo acima surgem o Myanmar (0,85), a Coreia do Norte (1,08) e a República Centro-Africana (1,18).

De acordo com a revista The Economist, 74 dos 167 países são uma “espécie de democracia”, havendo 59 regimes autoritários no seio da comunidade internacional.

A revista The Economist decidiu dar o nome de “era do conflito” ao índice deste ano, explicando que as democracias “parecem estar sem força para prevenir o inicio de guerras em todo o globo”, estando igualmente menos capazes de “gerir conflitos internos”. “As guerras de 2023 em África, na Europa e no Médio Oriente causaram um sofrimento imenso e minaram as perspetivas para uma mudança política positiva.”

Adicionalmente, a publicação britânica vê uma hegemonia norte-americana “cada vez mais contestada”, numa altura em que a China tenta “ganhar influência global” e “potências emergentes” como a Arábia Saudita e a Turquia tentam garantir os seus interesses. “A ordem internacional está a tornar-se mais instável”, conclui a revista.