O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse esta segunda-feira estar preocupado com o agravamento do conflito em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e quer uma “nova abordagem” da União Europeia (UE) a ações de instabilidade no continente africano.

Questionado sobre a deterioração da situação na região moçambicana de Cabo Delgado, que há vários anos está a ser alvo de incursões de milícias extremistas afiliadas ao grupo Estado Islâmico, João Gomes Cravinho disse que “está dentro das preocupações” o agravamento das condições de vida daquela parte da população.

O conflito e os atos considerados terroristas pelo Governo de Maputo desencadearam uma grande crise de deslocados, com a população a fugir de vilas como Palma e Mocímboa da Praia.

O governante com a pasta da diplomacia portuguesa, que falava após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) recordou que há duas semanas distribuiu pelos homólogos europeus um documento que pede uma “nova abordagem da UE para a paz e estabilidade no continente africano”, que tenha em conta a intervenção de grupos considerados terroristas e também de intervenientes estrangeiros, como a Rússia e os mercenários do Grupo Wagner.

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O documento está a ser analisado para que depois haja uma posição concertada entre os 27 Estados-membros, adiantou o ministro.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas. Tratou-se de um dos mais violentos ataques em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre, na semana passada, no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

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A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.