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Numa entrevista concedida à Fox News, perto da linha da frente da guerra — onde Zelensky gosta de ir com frequência, para visitar os soldados ucranianos — o Presidente da Ucrânia revelou que forças militares de Kiev estão a preparar novas operações e novos ataques e adiantou já ter sido alvo de cinco tentativas de assassinato.

“A Rússia vai ter algumas surpresas” no Mar Negro, afirmou o Presidente ucraniano ao pivô e editor de política Bret Baier, garantindo que “a guerra não está num impasse”. Ainda assim, Zelensky admite que a situação na frente leste é “complicada”, devido à “falta de armas” e à superioridade da Rússia no que diz respeito ao número de soldados no terreno. Uma das formas de contrariar a vantagem de Moscovo é, diz Zelensky, reforçar os meios aéreos ucranianos.

O Presidente ucraniano voltou a sublinhar a importância do reforço da ajuda militar dos aliados e deixou um aviso: se o congresso dos Estados Unidos não desbloquear o apoio à Ucrânia, será uma “tragédia para todos. “Ucrânia sobrevive sem o apoio do congresso? Sim, mas não todos de nós. Se compreenderem esse preço e se vivermos bem com isso, logo se verá”, disse o chefe de Estado ucraniano. Mas “será uma tragédia não apenas para os ucranianos, mas para toda a Europa porque Putin nunca vai parar, vai avançar para a a Europa de leste, porque é isso que ele quer”.

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“A minha mensagem é: se eles querem ser pragmáticos, o preço que estamos a pedir agora para nos apoiarem é menor do que será no futuro”, disse Zelensky, pedindo o envio de “armas fortes, armas de longa distância, mísseis de longa distância e artilharia” e também sistemas de defesa aéreos. A ajuda do Ocidente é importante, realçou, para que a Ucrânia possa também reabilitar a sua economia e fortalecê-la, o que permitirá aumentar a produção interna de armamento.

Confrontado com as baixas ucranianas, mais de 100 mil segundo Bret Baier, Zelensky não confirmou o número, falou em “dezenas de milhares” mas disse que as perdas russas no campo de batalha superam as ucranianas — são já cerca de 400 mil, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia. “O rácio é de um para cinco”, adiantou. “Ou seja, um soldado morto em combate equivale a cinco soldados russos mortos em combate.”

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O chefe de estado ucraniano foi também questionado sobre o adiamento das eleições presidenciais, que deveriam ocorrer no final de março deste ano. Zelensky justificou a decisão de não realizar o sufrágio com a falta de condições administrativas para realizar a votação. Se fosse a votos, o Presidente da Ucrânia acredita, contudo, que seria reeleito.

Sobre possíveis negociações com a Rússia, Zelensky disse não confiar em Vladimir Putin e recusou qualquer possibilidade de congelar o conflito — como aconteceu depois de 2014, quando os separatistas pró-russos, tomaram, com o apoio de Moscovo, o controlo de parte do Donbass. O chefe de Estado ucraniano sublinhou que a Ucrânia está disposta a negociar com a Rússia mas apenas com base na Fórmula de Paz, um documento que exige, por exemplo, a retirada de todas as forças russas do território da Ucrânia — um cenário já recusado por Moscovo.

Na quarta-feira, a Fox divulgou um excerto da entrevista com Zelensky, que viria a ser emitida no dia seguinte, em que o Presidente ucraniano destacava os sucessos no Mar Negro. “Desbloqueámos o [tráfego] no Mar Negro e destruímos muitos dos navios [da] frota russa”, sublinhou, realçando as dificuldades que a Ucrânia enfrentou no último ano nesta frente.