Por ocasião do Salão Automóvel de Genebra, responsáveis da Renault avançaram com declarações aparentemente contraditórias, a propósito da estratégia implementada para os seus veículos eléctricos. De recordar que o próprio Luca de Meo, o CEO do Grupo Renault que inclui as marcas Dacia, Alpine e obviamente a Renault, além das participações na sul-coreana Samsung Motors (52,9%) e na Nissan (15%), afirmou que até ao fim da década (2030) a Renault passaria a produzir exclusivamente veículos eléctricos.



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Na edição de 2024 do Salão de Genebra, que fecha portas a 3 de Março, Luca de Meo desafiou os construtores europeus a unirem-se contra a invasão dos construtores chineses, suspeitos de beneficiar de ajudas do Estado local para potenciar a sua competitividade, através de preços mais baixos. De acordo com a Automotive News, o CEO do Grupo Renault afirmou “temos de ser criativos para encontrar uma solução”.

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A estratégia proposta por Luca de Meo aos seus colegas das outras marcas do Velho Continente passa por uma associação similar à utilizada para criar a Airbus, o fabricante de aviões comerciais europeu destinado a enfrentar a gigante norte-americana Boeing, que liderava até então (e quase sem concorrência) o mercado mundial. Tudo para que a produção de mais e melhores veículos eléctricos no Velho Continente se torne mais rapidamente uma realidade, com os investimentos partilhados a acelerar o processo, não sendo de afastar algumas sumarentas ajudas dos Estados, como aconteceu no caso da Airbus.

No mesmo certame suíço e depois do CEO do Grupo apresentar um plano ousado para acelerar a produção de eléctricos, eis que o CEO da marca, Fabrice Cambolive, revelou a nova estratégia da Renault para os próximos anos. Para começar, travões a fundo no objectivo de a marca passar a só fabricar automóveis eléctricos até 2030 e, simultaneamente, marcha-atrás na decisão de deixar de produzir carros com motores de combustão, híbridos e híbridos plug-in para a Europa, através da recém-criada divisão Horse.

Mercedes admite excesso de optimismo nos veículos eléctricos

De acordo com declarações de Cambolive à Automotive News, a nova estratégia da marca francesa passa pela continuação de modelos com motores a gasolina e híbridos bem para lá de 2030, estimando o CEO que em 2040 ainda representarão 40% do total das vendas da marca, uma derrapagem considerável face aos 0% que até aqui eram apontados para 2030.

Campolive afirma agora que a Renault vai satisfazer as necessidades do mercado, o que passa por oferecer modelos com motores híbridos lado a lado com outros similares com motores eléctricos, em todos os segmentos. Isto passa por continuar a oferecer o Clio (e seu sucessor) a par do novo R5 E-Tech, bem como o Mégane híbrido juntamente com o Mégane E-Tech e por aí fora. E a Renault não é o primeiro construtor que, nos últimos meses, optou por rever a velocidade na adopção de veículos eléctricos, uma vez que a Mercedes fez uma marcha-atrás semelhante, como pode ler acima.