A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), órgão dependente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), alertou esta sexta-feira para as desigualdades que aumentam na sociedade, “fazendo com que cada vez menos pessoas tenham mais, e mais pessoas tenham menos”.

Numa nota para a Quaresma, intitulada “Pensar e agir com liberdade e esperança”, o órgão liderado pelo juiz Pedro Vaz Patto sublinha que se está a viver este período que antecede a Páscoa “no meio de muitas inquietações”.

“A Humanidade conseguiu alcançar níveis de progresso que deveriam possibilitar uma vida mais justa e mais fraterna para todos e, no entanto, vemos como essa vida não é uma realidade para um número cada vez maior de pessoas. As desigualdades não só persistem como aumentam, fazendo com que cada vez menos pessoas tenham mais, e mais pessoas tenham menos”, considera a CNJP.

A comissão lembra que a sociedade é chamada a “tomar decisões muito importantes”, com o futuro a apresentar-se “interpelante e o presente a exigir respostas claras e convictas”, o que pode levar muitos “a cair na tentação da paralisia, da desistência ou do medo”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“No entanto, sabemos que esses não são bons conselheiros na hora das decisões, e esta que estamos a viver é certamente uma dessas horas, quer ao nível internacional, quer, também, ao nível do nosso país”, avisa a CNJP, que lembra o apelo “claro à liberdade” expresso na mensagem do Papa Francisco para a Quaresma.

Este apelo é o mote para que a Comissão Nacional Justiça e Paz, “quando como país nos preparamos para celebrar o cinquentenário do 25 de abril”, sublinhe que “o chamamento para a liberdade constitui um vigoroso apelo que não se pode reduzir a um mero acontecimento, mas que se constrói e amadurece ao longo do caminho”.

“Nesse sentido, esta Quaresma é, também para nós, um momento para olharmos o caminho percorrido ao longo destes 50 anos e de perspetivarmos o que queremos percorrer. Que país construímos e que país queremos construir? Como cuidamos uns dos outros? Como promovemos o bem comum?“, questiona a comissão, para quem a resposta a estas perguntas se exige para a construção de um “mundo novo”.