A Trackhouse Racing é uma equipa recente, que faz a estreia no mundo do MotoGP depois de ter brilhado (e continuar a brilhar) no Nascar, mas que está apostada em deixar uma imagem positivo na classe rainha do motociclismo. Fora das pistas, nota-se uma evidente vontade de comunicar mais e melhor com todos os fãs, não só na promoção da marca norte-americana mas também dos próprios pilotos e nos vários contextos em que se vai inserindo. Esta semana, em mais um exemplo paradigmático disso mesmo, a equipa fez um vídeo com a legenda “Diz-nos que estás em Portugal, sem dizer que estás em Portugal” onde distribuía pastéis de nata por todos os elementos (com aprovação notória de todos os que provavam, acrescente-se). Por aí, não há dúvidas de que a formação dos EUA veio para acrescentar. Agora, o desafio centrava-se nas pistas.

A primeira “experiência” no Qatar não correu da melhor forma, com Miguel Oliveira a conseguir apenas um ponto com o 15.º lugar no Grande Prémio em Lusail e Raúl Fernández a não chegar ao fim da prova. Próxima missão? O Grande Prémio de Portugal, no Autódromo Internacional de Portimão. E com todos os focos em Miguel Oliveira, único piloto nacional no MotoGP que teve um dia em cheio esta quinta-feira entre a volta de reconhecimento a um traçado com boas e más memórias, entre a vitória conquistada em 2020 e a queda por “culpa” de Marc Márquez na última temporada que lhe retirou a possibilidade de somar mais um pódio, o convívio com centenas de fãs que mostraram ao número 88 que não é pela época aquém do esperado em 2023 que deixa de contar com grande apoio e a presença na habitual conferência de imprensa de antevisão.

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“O início do Campeonato foi melhor do que o resultado mostrou. Quando se chega ao Grande Prémio de casa, a motivação está mais alta do que nunca. Estou ciente de que sou sempre rápido em Portimão, mas também estou ciente de que os nossos adversários estão tão bem preparados quanto nós. Vou dar o meu melhor em pista. O objetivo é poder melhorar o resultado do ano passado, sem incidentes este ano e que possa demonstrar em pista aquilo que sei fazer. É um traçado verdadeiramente difícil, no sentido em que precisamos de afinar a moto um pouco para tudo, tem muitas mudanças de elevação e isso é difícil para encaixarmos com uma boa afinação na eletrónica. Mas, dentro desta complexidade toda do circuito, o piloto ainda faz muita diferença, é um circuito onde é necessário ter confiança”, comentou o piloto de Almada.

“Cada vez que voltamos a Portimão, é uma oportunidade para ganhar. A única vez que venci em Portimão, em 2020, foi sem público e tenho tido o sonho de concretizar a vitória com o público e brindá-lo como ele merece. Estar a este nível e competir por milésimas de segundo não é questão de arriscar ou deixar de arriscar, é questão de precisão de condução, é a procura da melhor performance”, acrescentou.

Na manhã desta sexta-feira, embora num contexto atípico, as indicações foram positivas. Depois da chuva que caiu nos treinos livres do Moto3 e do muito pó no asfalto, as marcas foram mais comedidas mas no final deixaram Miguel Oliveira com o oitavo registo (1.41,107), depois de ter liderado os melhores tempos antes de Marc Márquez ser o primeiro a rodar abaixo de 1.41. O espanhol acabaria por ser o mais rápido em pista nessa sessão com 1.40,484, seguido pela Aprilia de Maverick Viñales (1.40,649) e pelas KTM de Brad Binder (1.40,689) e Jack Miller (1.40,840). “Andámos mais lento mas tudo ok. À tarde vai correr bem. Sinto-me confortável. Ainda há muito para melhorar, mas é igual para todos”, salientou o piloto português.

“Portimão chega muito cedo no calendário. O Miguel Oliveira ainda está a tentar adaptar-se. Conseguimos encontrar algo bom no final dos testes. No Qatar teve uma long lap para cumprir, o que foi pena. Podia ter sido top 10. Tem ritmo, potencial para ser melhor, mas é cedo. Vamos tentar dar-lhe o que ele precisa. É rápido em todo o lado, temos de tentar dar-lhe as melhores ferramentas. Conhecimento da pista? Não é decisivo porque muitos dos outros pilotos têm vindo cá. Todos conhecem mas para o Miguel é a corrida de casa, tens sempre uma motivação extra e isso ajuda. Tivemos condições difíceis, com a pista suja, com areia. É difícil de entender quem arrisca, quem não arrisca…”, acrescentou David Brivio, novo diretor desportivo da Trackhouse Racing, depois desse primeiro ensaio no Autódromo Internacional de Portimão.

Havia esperança, para já sobrou alguma desilusão. Com a pista e sobretudo as trajetórias mais limpas, o português até começou a sessão vespertina no top 10 mas teve depois dificuldades em acompanhar os tempos que estavam a baixar com o passar dos minutos, terminando na 17.ª posição com 1.39,048 e tendo assim de passar pela Q1 na manhã deste sábado em busca de um dos dois lugares para avançar para a Q2. Enea Bastianini foi o mais rápido com 1.38,057, seguido de perto por Jack Miller, Marc Márquez, Jorge Martín, Brad Binder, Marco Bezzecchi, Maverick Viñales, Pecco Bagnaia, Fabio Quartararo e Álex Rins, os dez pilotos que garantiram a passagem direta à Q2 ao contrário do que aconteceu com Miguel Oliveira.