Apoiantes republicanos radicais do ex-presidente norte-americano Donald Trump, liderados pela congressista Marjorie Taylor Greene, ameaçaram este domingo pedir a destituição do presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, pelo seu papel na aprovação da ajuda à Ucrânia.

“A presidência de Mike Johnson chegou ao fim. Ele precisa de fazer o que é correto: demitir-se e permitir que avancemos num processo controlado, ou então será destituído”, declarou a congressista, numa entrevista ao canal televisivo Fox News.

No final de março, a própria Greene apresentou uma moção para a destituição do republicano Johnson, embora ainda não tenha acionado o mecanismo para a submeter a votação.

No entanto, a congressista radical voltou a ameaçá-lo pelo que considerou uma “traição”, uma vez que, por iniciativa de Johnson (que, como presidente da câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, decide a agenda daquele órgão), a Câmara dos Representantes aprovou no sábado um novo pacote financeiro de ajuda à Ucrânia, depois de o correspondente projeto de lei ter estado retido durante meses devido ao bloqueio dos republicanos radicais.

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No total, foram aprovados 61 mil milhões de dólares (cerca de 57 mil milhões de euros) para a Ucrânia, no âmbito de um pacote total de ajuda externa no valor de 95 mil milhões de dólares, que inclui também a ajuda norte-americana a Israel e a Taiwan.

Cada item foi votado separadamente e os 61 mil milhões de dólares para a Ucrânia foram aprovados por 311 votos de ambos os partidos (Democrata e Republicano) a favor e 112 contra, numa sessão em que os Democratas aplaudiram e brandiram bandeiras ucranianas.

Se Greene e o grupo de apoiantes radicais do ex-Presidente Trump (2017-2021) cumprirem a ameaça de pressionar para que se realize uma votação para destituir Mike Johnson do cargo de ‘speaker’ da Câmara dos Representantes, o líder Republicano precisará do apoio dos Democratas para sobreviver a ela, o que certamente aumentará ainda mais a divisão dentro do seu partido.

Depois da votação de sábado, Johnson excluiu a hipótese de se demitir e afirmou não estar preocupado com a moção de censura.

Johnson tornou-se presidente da câmara baixa do Congresso norte-americano depois de uma disputa entre o Partido Republicano e o anterior presidente daquela câmara, Kevin McCarthy, precisamente por causa de um acordo orçamental com os Democratas.

A queda de McCarthy, em outubro do ano passado, mergulhou a câmara e os Republicanos no caos durante semanas, até que concordaram nomear Johnson.

Alguns democratas, que votaram unanimemente a favor da destituição de McCarthy, mostraram-se agora dispostos a salvar Johnson.