A desvalorização da moeda brasileira face ao dólar preocupa o governo brasileiro, disse esta terça-feira o Presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, referindo acreditar que o problema é causado por especulação do mercado.

Obviamente que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. É um jogo de interesse especulativo contra o real”, disse em entrevista à rádio Sociedade, na cidade brasileira de Salvador.

“Tenho conversado com as pessoas sobre o que a gente vai fazer (…) Estou voltando [para Brasília] e quarta-feira terei uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo, não é normal”, acrescentou.

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Agentes do mercado financeiro têm atribuído a fraqueza do real às contínuas e duras críticas de Lula da Silva à política de juros elevados defendida pelo Banco Central, instituição autónoma que mantém a sua taxa diretora em 10,5%, apesar da inflação controlada, em torno de 3,5%.

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Lula da Silva tem pressionado, em declarações públicas, um corte nas taxas, a fim de impulsionar o crédito e a atividade económica, mas o Banco Central recusa, devido a desequilíbrios nas contas públicas que poderiam pressionar a inflação.

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A moeda brasileira (o real) regista a quinta maior desvalorização entre as outras moedas do mundo face ao dólar desde o inicio do ano, segundo cálculos dos media locais.

Esta segunda-feira, a moeda brasileira desvalorizou 1,05% face ao dólar, que fechou em 5,64 reais, o valor mais elevado desde dezembro de 2021, o que reforçou uma tendência que começou há meses, mas que se acentuou nas últimas semanas.

O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, considerou esta terça-feira que a subida do dólar face ao real se deve, entre outra coisas, a “muito ruído” e alguns problemas de “comunicação” do governo.

Haddad reconheceu em declarações aos jornalistas que o dólar “está em alta” e que o real é uma das moedas que mais se desvalorizou no mundo até agora em 2024.

“Atribuo isso a muito barulho”, declarou Haddad, que também disse que o governo “precisa comunicar melhor os resultados económicos“, que em geral são positivos, com crescimento da economia em torno de 2,5% este ano, inflação controlada, geração de empregos e atração de investimentos estrangeiros.

Sem dar detalhes, disse ter recebido relatórios que revelam uma melhoria da atividade económica e também um aumento da arrecadação de impostos, que o governo aspira recuperar para equilibrar as suas contas sem precisar de reduzir despesas.

Segundo Haddad, esses novos dados “ajudarão a acomodar” a situação atual e também contribuirão para “reverter” as pressões que existem no mercado cambial.