O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu esta quinta-feira que o Governo está, em associação com outros Estados, a procurar que o “povo feche os olhos” à destruição que está a decorrer na Faixa de Gaza “pelas mãos de Israel”.

Em declarações à margem de uma participação numa ação de solidariedade com a Palestina organizada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), CGPT-IN e o Projecto Ruído, o líder do PCP afirmou que é “muito claro” para as pessoas o “cinismo e a hipocrisia que impera” na ação de vários Estados – incluindo o português – e que, em conjunto com a ação de Israel, contribuem para as mortes na Faixa de Gaza.

“A cada minuto que passa, há um minuto de morte, um minuto de destruição pelas mãos de Israel (…) mas é também pelas mãos da hipocrisia e do cinismo que impera, onde o nosso Governo e muitos governos e muitos Estados se associam a essa hipocrisia e a esse cinismo”, frisou.

E acrescentou: “Procuram que o povo feche os olhos ao que está a acontecer e às responsabilidades, mas o povo, como está aqui a ser demonstrado, não só não fecha os olhos, como sabe que são responsáveis”.

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O secretário-geral dos comunistas reiterou que é “incompreensível” que o Governo português não tenha ainda reconhecido o Estado da Palestina.

Paulo Raimundo reconheceu que esta decisão “não resolve tudo”, mas sublinhou que é um “contributo político importantíssimo para afirmar” a causa palestiniana.

Paulo Raimundo comentou também a presença dos polícias nas galerias da Assembleia da República no debate parlamentar desta tarde, sublinhando o seu “comportamento exemplar” e afirmando que todos os polícias que “estavam a assistir por esse país fora, nas televisões, acho que têm razões para estar orgulhosos da postura que tiveram”.

Ainda assim, deixou críticas ao Chega, acusando o partido de André Ventura de recorrer a “tentativas de aproveitamento e demagogas que não tiveram efeitos nenhuns”.

“Eu não quero alimentar esta hipocrisia, esta demagogia, porque ficou clara a diferença entre centrar a intervenção e o trabalho para resolver o problema dos polícias e aqueles que querem aproveitar os polícias para centrar o seu trabalho”, afirmou Paulo Raimundo.

Sobre a viabilização do programa do Governo regional da Madeira, Raimundo afirmou não estar surpreendido com a votação desta tarde, lamentando apenas o conteúdo do documento que foi aprovado.

“A gente está a falar de quem aprovou e quem não aprovou, e estamos a passar ao lado do conteúdo. E o conteúdo é um programa que pelas mãos do PSD, do CDS e do Chega, da Iniciativa Liberal e do PAN, é um programa que não responde às necessidades dos madeirenses, nem dos porto-santenses”, concluiu.

O parlamento madeirense aprovou hoje o Programa do XV Governo Regional, com 22 votos favoráveis do PSD, do CDS-PP e do PAN, 21 votos contra do PS, do JPP e de uma deputada do Chega, e quatro abstenções do Chega e da IL.