O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou esta quarta-feira que o consenso entre PSD e PS para uma reforma na justiça não o entusiasma, dado o histórico de medidas tomadas pelos dois partidos nesta área.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento após um encontro com representantes do chamado “Manifesto dos 50“, que defende a necessidade de uma reforma na Justiça, o secretário-geral do PCP lembrou que foram “sucessivos pactos, sucessivos consensos” entre PS e PSD sobre a justiça que levaram a situação “até aqui”.

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Ainda assim, ressalvou que “havendo consenso” entre os dois maiores partidos, há também uma “boa oportunidade” para se resolverem as problemáticas identificadas pelos comunistas no sistema de justiça.

O encontro contou com a presença, em representação do manifesto, de Álvaro Beleza, Rui Rio, António Correia de Campos e Fernando Negrão.

Os comunistas sublinharam, neste encontro, a sua preocupação com a fuga do segredo de justiça, o “abuso das escutas”, referindo a importância da ação do Ministério Públiconão extravasar além da intervenção na justiça“.

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O PCP quer também resolver as dificuldades de acesso à justiça criadas pelos custos judiciais, que, disseram, afetam “milhares e milhares de pessoas” que “não conseguem aceder, ou acedendo não conseguem dar continuidade”.

A justiça não é um serviço, é um direito, e um direito tem que ser consagrado independentemente das condições financeiras de cada um”, acrescentou.

Paulo Raimundo sublinhou ainda a importância de reconsiderar a “concentração de poderes na procuradora-geral da República”, uma questão que, disse, “teve os resultados que estão à vista” e dificulta o acompanhamento e responsabilização da atuação dos procuradores distritais.

Cada um tem a sua forma de gerir, a sua forma de atuar e isso não é bom para a perceção que há de alguma desconfiança da justiça e não é bom para a perceção que há de um certo funcionamento do próprio Ministério Público que enfrenta desafios comunicacionais novos a que é preciso dar resposta”, frisou o líder comunista.

O Manifesto dos 50 foi conhecido no início de maio, com o grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, num apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento.