André Ventura, presidente do Chega, acusa o Governo de não estar a ser proativo nas negociações para o Orçamento do Estado e teme que essa postura signifique um acordo com o PS ou a possibilidade de Montenegro preferir uma crise política e eleições antecipadas.

Depois de sublinhar que a “abstenção do Chega não basta” e que é preciso um “voto favorável” — isto se o PS não viabilizar o Orçamento do Estado —, Ventura reitera que o partido já deixou claras as “condições para aprovação do Orçamento do Estado” e insiste que é preciso que o “Governo aceite essa negociação” para que se chegue a um acordo.

“Da nossa parte os dados estão em cima da mesa, da parte do Governo não tem existido nenhuma atitude de proatividade na negociação. Isto pode significar que ou já há um acordo com o PS ou o Governo não está empenhado em ter o Orçamento do Estado aprovado porque quer provocar eleições e uma crise política”, sugere o presidente do Chega, que remata dizendo que “as duas situações são más”, desde logo por considerar que “um acordo com o PS significa que o Governo vai ceder à lógica fiscal e orçamental do PS”.

O líder do Chega entende que “é preciso fazer um corte face ao que foi António Costa”, que recorda como tempos de “muitos imposto sobre quem trabalha, classe média e empresas, e distribuição a uma outra camada da população na esperança de obter votos que o sustentassem no Governo”. “Funcionou para votos, não funcionou para o país”, resume Ventura.

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Na visão do líder do Chega, “se Luís Montenegro fizer um acordo com Pedro Nuno Santos já sabemos onde vai dar: mais subsídios, IRC elevado, taxas sobre o gasóleo e o carbono elevadas para pagar a subsidiação”, pelo que desafia “Montenegro a decidir se quer fazer um corte com o governo socialista ou se o quer manter”. Mais do que isso, assegura que “se houver um acordo com o PS vai ser um mau orçamento”, deixando ainda a nota de que o Governo não deve convencer-se que o documento “passa por milagre”.

“Tinha a esperança [que a direita se pudesse entender melhor], fizemos todo o esforço para que isso acontecesse. Ainda tenho esperança que essa atitude venha a ter outros frutos”, realça o líder do Chega, que continua crente que “o Governo, depois de ter sido arrogante com os seus adversários, e depois de não ter olhado para a economia e para quem trabalha, não venha em outubro dizer ‘não nos deixam trabalhar'”. “O país não merece nem precisa de uma nova crise política”, remata André Ventura.