destaque

Um quebra-cabeças. Era a idade (20 anos), o ritmo (brasileiro) ou o não saber jogar de costas para a baliza. Ao início, só problemas. Depois vieram as experiências. Meteram-no a trinco, como guarda-costas da defesa, a médio centro, para correr de área a área, e até como sombra do avançado. “Obriguei-o a jogar em posições que não estava habituado”, confessou Jesus, crente de que o resultado chegaria um dia.

E chegou na sexta-feira. À 4.ª jornada, Anderson Talisca marcou três golos. Um deles de livre direto, a tal especialidade que a reputação dizia que trazia do Brasil. E mais: jogou, mexeu-se, errou pouco e distribuiu bons passes. Prova de um bom investimento? Não, mas já é um bom sinal. Um que ainda não tinha dado. E deu-o no dia em que ao Benfica chegou um avançado trintão, internacional, com golos marcados na Liga dos Campeões e fama de bom jogador — para ocupar o lugar que Talisca tem ocupado.

E primeiro lugar é coisa que o Vitória de Guimarães não larga. Nem à força. Em casa conseguiu empatar um FC Porto até agora dominador — e Rui Vitória continua a fazer muito com o (supostamente) pouco que lhe dão. Até agora vai com dez pontos e uma dezena de golos marcados na liga, o último aos dragões, que ainda não tinham sofrido. E conseguiu-o com uma equipa que arrancou com seis jovens portugueses de início.

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Mesmo empatando em Moreira de Cónegos, o Rio Ave também chegou aos dez pontos e continua colado à liderança do campeonato. E o Boavista, por outro lado, conseguiu descolar do extremo oposto — a equipa de Petit não marcou, mas graças a um auto-golo de Richard Ofori conseguiram vencer a Académica e subir ao 14.º posto.

desilusão

Quem não se livra de estar lá em baixo é o Penafiel. A equipa de Ricardo Chéu voltou a perder (2-0), desta vez na Madeira, em casa do Marítimo. Em quatro jornadas, quatro derrotas e apenas um golo marcado. “Todas as semanas sou obrigado a mexer na equipa e não tem sido fácil conseguir a estabilidade emocional desejada”, lamentou o treinador.

Com ou sem mexidas, a verdade é que não foi desta que a equipa com nove portugueses a titulares e outros sete no banco conseguiu arrancar uma vitória na liga. A mesma no qual o Sporting já soma três empates. Os leões vestiram-se de anfitriões, receberam o Belenenses e não fizeram mais do que um 1-1.

A equipa atacou, insistiu, e rematou, mas só marcou um golo. “Uma bola não entra, uma segunda bola não entra e a equipa vai ficando ansiosa”, analisou Marco Silva. Talvez. Afinal, há duas jornadas, a equipa ultrapassara o Arouca no último minuto do jogo (golo de Carlos Mané). Mas, após ficar em 2.º lugar na época passada e assumir que tem a mira focada no título para esta temporada, o Sporting já deveria esperar que os convidados voltassem a entrar fechados em Alvalade e a fazerem cerimónia.

frase

“Talisca é mais um que daqui a uns aninhos vale mais uns milhões.” As palavras de Jorge Jesus não enganam e resumem o que têm sido as idas do Benfica ao supermercado, nos últimos anos — comprar novo e barato, melhorar o produto e, anos depois, vender caro. Anderson Talisca segue esta linha. Como seguiu Rodrigo, que saiu para o Valência e cujo lugar será agora preenchido por um homem que até andava no clube espanhol desde janeiro de 2011. Chama-se Jonas. E é ele que distorce a tal linha: o brasileiro é avançado, internacional pelo Brasil mas, lá está, tem 30 anos.

resultados

Vitória de Setúbal 0-5 Benfica
Moreirense 1-1 Rio Ave
Arouca 1-0 Sporting de Braga
Sporting 1-1 Belenenses
Marítimo 2-0 Penafiel
Boavista 1-0 Académica
Paços de Ferreira 1-1 Gil Vicente
Vitória de Guimarães 1-1 FC Porto
Estoril 2-1 Nacional da Madeira

A goleada encarnada em Setúbal rouba os holofotes da jornada, mas o último encontro também trouxe uma novidade amarela — o Estoril Praia ganhou. A dias de arrancar a segunda participação seguida na fase de grupos da Liga Europa (e logo contra o PSV Eindhoven), o clube da Linha de Cascais por fim venceu para o campeonato. E logo em casa, no seu estádio. O mesmo onde, na época passada, conseguiu reunir menos pontos (23) do que os que roubou nas partidas ao domicílio dos outros (31). Nova época, novo treinador e nova tendência? Veremos como correrá a vida a José Couceiro a partir daqui.