A futura primeira-dama dos Estados Unidos da América, Melania Trump, tem tido algumas dificuldades em encontrar estilistas que queiram desenhar as suas roupas. Jean Paul Gaultier foi o único, até agora, que veio romper com esta onda de desenhadores que não aprovam a mulher do presidente eleito Donald Trump, avança o El Español.
Se Melania pensava que os estilistas iam fazer fila à sua porta, isso claramente não aconteceu. As desculpas são muitas. Marc Jacobs, conceituado estilista norte-americano, por exemplo, declarou-se durante toda a campanha eleitoral a favor da candidata Hillary Clinton e, inclusive, afirmou que não tem qualquer tipo de interesse em trabalhar com a futura primeira-dama. Tom Ford, seu colega, acrescentou ainda que Melania não encaixa na sua imagem e que, por isso, não lhe vai desenhar qualquer peça de roupa.
Ford chegou a desenhar o conjunto que Michelle Obama utilizou quando se deslocou ao palácio de Buckingham, onde jantou com a Rainha de Inglaterra e, ao contrário do que disse sobre Melania, afirmou que foi uma honra poder trabalhar com a mulher de Barack Obama.
Tal como conta o El Español, a então primeira-dama Michelle Obama sempre se distinguiu por apresentar roupas de vários estilistas conhecidos como Calvin Klein, Vera Wang ou Michael Kors e ainda deu a conhecer ao mundo outros estilistas, como a cubana Isabel Toledo ou o tailandês Jason Wu.
Também Hillary Clinton, durante a campanha, chegou a ser vestida por Vera Wang, Jason Wu ou Michael Kors.
Melania Trump, ao contrário tanto de Hillary como de Michelle, tem suscitado um debate completamente diferente: em vez de os estilistas fazerem fila para trabalhar com ela, correm em sentido contrário. Phillip Lim, Derek Lam ou Joseph Altuzarra, estilistas conceituados, também mostraram o seu desagrado quanto à mulher de Donald Trump, mas foi Sophie Theallet, estilista francesa, quem proferiu as palavras mais fortes:
“Como uma marca independente da moda, nós consideramos a nossa voz uma expressão da nossa arte e das nossas ideias filosóficas.
A marca SophieTheallet levanta-se contra a descriminação e o preconceito. Os nossos desfiles de passerelle, as nossas campanhas e as nossas modelos sempre se mostraram uma celebração da diversidade que existe e um reflexo do mundo onde vivemos.
Eu estou bem ciente de que não é sensato envolvermos-nos em politiquices. Posto isto, como parte integrante desta companhia, afirmo que a nossa linha de ação não é só sobre o dinheiro. Nós damos valor à nossa liberdade artística e sempre defendemos um contributo mais humano, consciente e ético na forma de criar algo, neste mundo.
Como uma imigrante neste país, eu tenho tido a sorte e oportunidade de conseguir seguir os meus sonhos nos EUA. Vestir a primeira-dama MichelleObama nos últimos oito anos tem sido um benção e uma honra. Ela contribuiu para que o nosso nome seja reconhecido e respeitado pelo mundo fora.
Os seus valores, ações e graciosidade sempre ressonaram profundamente em mim.
Como sendo uma pessoa que defende a diversidade, a liberdade individual, o respeito por todos os estilos de vida, eu não vou participar ou associar-me, de qualquer forma que seja, com a próxima primeira-dama. A retórica do racismo, sexismo e xenofobia começaram na voz do seu marido, durante a campanha presidencial, e não são compatíveis com os valores que compartilhamos e pelos quais vivemos.
Eu encorajo os meus amigos estilistas a fazerem o mesmo que eu.
A integridade é o nosso único trunfo”
Sophie é conhecida por trabalhar com celebridades como Kim Kardashian, Irina Shayk ou Alicia Keys mas afirmou que de modo nenhum vai alguma vez vestir a mulher de Trump. Aliás, fez mesmo um apelo para que o resto da indústria se negue a fazê-lo. Na sua conta oficial do Twitter, a estilista Sophie publicou, então, uma carta aberta sobre a sua posição.
Open letter | Sophie Theallet | November 17th, 2016 pic.twitter.com/g1hIAyBmdF
— sophie theallet (@sophietheallet) November 17, 2016
Mas, depois das palavras duras, surge a luz ao fundo do túnel: Jean Paul Gaultier, estilista francês, disse durante o evento do Fashion Awards que estava interessado em trabalhar para Melania Trump, alegando que a moda deve estar separada da política e que a futura primeira dama tem um ótimo sentido de moda.
Nem tudo está perdido para Melania Trump. Resta agora esperar para ver, em janeiro, quais as mãos corajosas que irão pegar no papel e na caneta para desenhar a roupa da futura moradora da Casa Branca.