Os dois sociais-democratas apontados como os mais prováveis candidatos da direita à Presidência da República já reagiram ao anúncio de António Guterres, feito ontem à tarde numa entrevista à Euronews, de que não era, sem iria ser, “candidato a candidato” a Belém.

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu, na sexta-feira à noite, que um “não” de Guterres era uma posição definitiva e defendeu que era uma “perda” para o PS e para os portugueses. Já Santana Lopes afirmou estar com “pena” porque, no caso de avançar para Belém, o ex-primeiro-ministro socialista era o nome que gostaria de defrontar.

Os dois apontados como prováveis candidatos da direita às presidenciais marcaram presença ontem à noite em jantares de comemoração dos 40 anos do PSD. Mas em pontos diferentes do país. Marcelo Rebelo de Sousa em Beja, e Pedro Santana Lopes em Leiria.

Com a corrida à esquerda de vento em popa, depois dos avanços de Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, e depois da desistência de António Guterres, a disputa presidencial dá sinais de também já ter começado à direita, apesar de o ex-primeiro-ministro desvalorizar a coincidência de estarem ambos em eventos do partido. “Coincidência seria estarmos os dois no mesmo sítio”, disse Santana aos jornalistas. As principais reações ao anúncio de Guterres foram à direita. A liderança do PS ainda não falou.

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Para Marcelo Rebelo de Sousa, a nega de António Guterres “era um cenário muito plausível” que se torna agora “definitivo”. “Conheço António Guterres desde o tempo em que andávamos juntos em movimentos e grupos católicos e quando ele diz desta maneira tão categórica que não é [candidato] é porque é não”, frisou o professor.

“Compreendo que seja uma certa perda para o PS, para a esquerda em geral, e, porventura, para uma parte significativa dos portugueses, que gostaria que ele fosse candidato presidencial e, porventura, até que fosse Presidente da República”, disse Marcelo aos jornalistas à margem do jantar comemorativo do aniversário do PSD em Beja.

Quanto a si, Marcelo empurrou a candidatura com a barriga. Questionado pelos jornalistas sobre se ponderava ser o candidato do PSD às eleições presidenciais em 2016, o comentador apressou-se a responder que “nunca” ponderou tal “até agora” e, “quem tiver de ponderar, pondera a partir de outubro”. “Estar a ponderar a esta altura faz mal à cabeça. Acho que é cedo, genericamente, estar a tratar das presidenciais“, disse. Mas não rejeitou o avanço: “veremos se é possível”, disse.

Santana, “se pudesse”, escolhia defrontar Guterres

Também o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes foi confrontado pelos jornalistas com a nega de Guterres, à margem de um jantar do PSD em Leiria. Disse que via o anúncio “com pena” e rejeitou que o caminho para o centro-direita ficasse mais facilitado agora que Guterres está fora. Mas se pudesse escolher um adversário, Santana escolhia Guterres.

“Eu, no dia 19 de julho de 2014, dei uma entrevista ao semanário Expresso em que disse que teria muito gosto em que o candidato da esquerda fosse o engenheiro António Guterres, que o achava mais estimulante e, por isso, neste momento, é com pena que o vejo retirado da corrida presidencial”, disse Pedro Santana Lopes, em Pousos, concelho de Leiria, à margem de um jantar comemorativo dos 40 anos do PSD.

Questionado sobre se o caminho fica mais facilitado com a decisão de Guterres, Pedro Santana Lopes recusou a ideia. “Eu acho que não fica, eu acho que aquilo que é óbvio demais é sempre de desconfiar”, comentou, garantindo que, se pudesse escolher um adversário, escolheria Guterres. “Se eu pudesse ser candidato adoraria defrontar o engenheiro Guterres”, disse.

Mas não deixou de lançar uma farpa ao alto-comissário da ONU para os Refugiados, comparando-o com António Costa antes de assumir a liderança do Partido Socialista. Primeiro estão “no Olimpo”, onde “só têm qualidades”, mas depois o estado de graça acaba, disse Santana.