O Presidente do Irão afirmou, no domingo, que o seu país e os EUA deram “os primeiros passos para a diminuição da inimizade”, após o recente acordo nuclear, mas reconheceu que a “falta de confiança” tardará a desaparecer.

“Estamos a avançar para um aumento da inimizade ou a diminui-la? Creio que demos os primeiros passos para a diminuição desta inimizade”, afirmou Hasan Rohani, numa entrevista ao programa “60 minutos” da emissora norte-americana CBS.

No entanto, indicou que, apesar da importância do acordo nuclear entre Teerão e o grupo 5+1 (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, mais a Alemanha), “a distância, os desacordos, a falta de confiança não desaparecerão imediatamente”.

O acordo assinado em julho, em Viena, limita alguns aspetos do programa nuclear iraniano em troca de um levantamento das sanções internacionais que pesam sobre o país.

A comunidade internacional teme, desde 2002, que o Irão esteja a trabalhar num programa nuclear militar clandestino, o que Teerão nega, assegurando que tem apenas intenções pacíficas.

Por outro lado, questionado sobre os cânticos “Morte aos Estados Unidos”, que ainda se pronunciam em eventos políticos no Irão, assinalou que não são destinados ao povo norte-americano.

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“O nosso povo respeita o povo dos Estados Unidos. O povo do Irão não busca a guerra com nenhum país. Mas ao mesmo tempo, as políticas dos Estados Unidos foram dirigidas contra os interesses nacionais do Irão. É compreensível que as pessoas demonstrem sensibilidade para com este tema”, respondeu.

Rohani também se referiu à possibilidade de uma troca de prisioneiros, ao comentar o caso do jornalista do Washington Post Jason Rezaian, com dupla cidadania, norte-americana e iraniana, e que se encontra detido há mais de um ano em Teerão, acusado de espionagem.

“Não gosto particularmente da expressão troca, mas numa perspetiva humanitária, se podemos dar um passo, devemos fazê-lo. E o lado norte-americano deve dar os seus próprios passos”, respondeu.

Rohani desloca-se aos Estados Unidos na quinta-feira para assistir à 70.ª Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que se celebra todos os anos em setembro, em Nova Iorque.