A ideia sustentou as medidas restritivas do estado de emergência. Tanto António Costa como Graça Freitas insistiram várias vezes no mesmo número: 68% dos contágios acontecem em meio familiar. Mas, afinal, nem o primeiro-ministro nem a diretora-geral de Saúde falavam do universo total de infetados, mas apenas daqueles em que se conhece o chamado “link epidemiológico”, ou seja, em que se consegue rastrear a origem da infeção. Apesar da insistência das perguntas do Observador, feitas durante esta semana, sobre qual era de facto a percentagem de casos com origem desconhecida, a resposta definitiva só chegou na reunião de especialistas do Infarmed desta quinta-feira: em 81,4% dos casos de Covid-19 as autoridades não sabem onde a infeção aconteceu.
Ou seja, em Portugal os sistemas de vigilância epidemiológica só conseguem chegar à origem de 19% dos contágios, segundo os dados apresentados por André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde. Todos os restantes acontecem por transmissão comunitária, o que quer dizer que não se sabe de onde vêm, nem como acontecem.
Nos slides apresentados por António Costa, depois do Conselho de Ministros de 7 de novembro de onde saiu, por exemplo, o recolher obrigatório aos fins de semana, o valor apontado para casos sem link epidemiológico era de apenas 5% — uma percentagem muito inferior à de outros países. Na Alemanha, por exemplo, os casos de origem desconhecida são 75% e na Áustria são 77%. Em Espanha, um estudo feito no verão, revelava que 50% dos casos aconteciam em lugar e com origem desconhecida.
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