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A equipa da Bounce, com o CEO Cody Candee a estar, de pé, à esquerda

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A equipa da Bounce, com o CEO Cody Candee a estar, de pé, à esquerda

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Bounce. Startup que guarda malas de turistas aterrou em Lisboa e quer ficar, mesmo com lei laboral "destrutiva"

O talento fez com que Cody Candee não desistisse de Lisboa. CEO da Bounce critica aspetos da lei laboral portuguesa que são “aterradores para um empresário” e a alegada demora em obter respostas.

“Quem não arrisca não petisca”. É a expressão portuguesa preferida de Cody Candee, empreendedor que deixou São Francisco e se mudou para Lisboa, cidade que escolheu para ser a sede da Bounce, empresa que fundou e que disponibiliza um serviço de armazenamento de bagagens para turistas. Se o talento que encontrou desde que aterrou na capital portuguesa o faz permanecer, a verdade é que há particularidades da lei laboral que não lhe agradam. Também a alegada demora para obter determinadas respostas é um desafio que ainda não conseguiu contornar.

Nos Estados Unidos, o CEO estava habituado a uma “cultura em que, se alguém tem um baixo desempenho”, é despedido, encontra um novo emprego e “tudo fica bem”. Foi uma surpresa descobrir que “em Portugal e na maior parte da Europa, se alguém tem um fraco desempenho e está na empresa há mais de seis meses, não o podemos despedir”. Pelo menos, não sem justa causa ou o pagamento de uma compensação. “Estamos presos a essa pessoa e isso é aterrador para um empresário”, afirma.

Para Cody Candee, a lei laboral que “persiste na Europa é incrivelmente destrutiva para a mentalidade de uma startup inicial, em que é preciso avançar depressa e não há espaço para ‘peso morto'”. Apesar de considerar que esta legislação pode ser “a solução certa para as grandes empresas”, acredita que é “realmente proibitiva” para aquelas que estão a começar.

Se tivesse a possibilidade de alterar a lei, para a tornar mais “produtiva para a indústria tecnológica e para a inovação”, criaria uma “nova categoria de emprego” correspondente à at-will dos EUA. Neste caso norte-americano, o empregador pode demitir um trabalhador  independentemente do motivo, sem aviso prévio e sem que seja necessário o “pagamento de uma indemnização”. Ainda assim, o fundador da Bounce indica que “as tecnológicas [nesse país] são geralmente mais generosas do que a média das empresas”, dando “muitas vezes mais de 10 semanas de indemnização” aos funcionários (mesmo que não seja obrigatório).

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Cody Candee, Bounce CEO headshot
"É claro que Lisboa continuará a ser o centro gravitacional da Bounce num futuro próximo."
Cody Candee, fundador e CEO da Bounce

IAPMEI rejeitou visto. CEO da Bounce critica falta de “valores”

Se, por um lado, se viu surpreendido com a lei laboral — defendendo que o poder de decisão deveria ser colocado nas mãos das empresas que, desta forma, podem “ganhar ou perder a sua reputação com base na forma como tratam as pessoas” —, por outro não esperava as dificuldades em obter respostas, que começaram com um cartão de débito que, três anos depois, afirma ainda não ter recebido (apesar de o banco lhe dizer por diversas vezes que o enviou).

Além dos problemas de comunicação que tem tido com o banco, Cody Candee conta uma outra história que diz tê-lo deixado “boquiaberto”. Candidatou-se ao StartUP Visa, um programa do IAPMEI de “acolhimento de empreendedores estrangeiros, sem residência permanente no Espaço Schengen”, que pretendam “desenvolver um projeto de empreendedorismo e inovação em Portugal” ou que já detenham “projetos empresariais nos países de origem e pretendam exercer atividade em Portugal”, com vista à concessão de visto de residência.

O empresário afirma que era prometido um “tempo de resposta de 40 dias”, mas que o retorno acerca da candidatura demorou “um ano” a chegar. Nessa altura, diz, foi informado pelo IAPMEI de que teria de apresentar um novo relatório de antecedentes criminais do FBI. O documento, que era válido por apenas 12 meses, “expirou porque demoraram um ano a analisá-lo”.

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A Bounce conta com cerca de 80 trabalhadores, mas quer contratar mais 15 até ao final do ano

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O IAPMEI indica, no seu site, que as candidaturas são avaliadas no prazo de 30 dias úteis. Segue-se a tomada de decisão que pode ser favorável (e o contrato de incubação é firmado em 40 dias úteis) ou desfavorável (com o período de alegações contrárias a ser de 10 dias úteis). O Observador contactou este instituto para tentar perceber quanto tempo demorou a contactar a Bounce e até que fase chegou a candidatura da empresa.

Na resposta, o IAPMEI explica que a candidatura da Bounce foi realizada em outubro de 2020, sendo que “em janeiro de 2021, o promotor foi notificado da proposta de decisão desfavorável por não cumprimento da totalidade dos requisitos de elegibilidade previstos no Despacho Normativo n.º4/2018“. Aí, constam requisitos como “ter idade não inferior a 18 anos”; ter “potencial para atingir, até 5 anos após início da vigência do contrato de incubação, um volume de negócios superior a 325.000€/ano e/ou um valor de ativos superior a 325.000€”; ou “não possuir antecedentes criminais”. Poderá ter sido este último que Cody Candee não conseguiu comprovar, por, alegadamente, segundo conta, o documento do FBI ter expirado, embora isso não tenha sido especificado pelo IAPMEI.

Através de declarações escritas, o instituto português “dá ainda nota de que está permanentemente disponível para acompanhar e prestar assistência no âmbito da sua atividade e da sua rede de parcerias, nomeadamente através da rede de Incubadoras Certificadas, a todos os projetos de empreendedorismo e a todos os empreendedores”.

Questionado pelo Observador (durante a entrevista e antes da resposta do IAPMEI) sobre se, ao fim de mais de três anos, ainda aguardava por uma nova resposta do instituto, Cody Candee afirma que alterou o visto que solicitou e que desistiu do IAPMEI “há muito tempo”. “Quando olho para uma organização e para o que a faz ser ótima, penso em coisas como cumprirem o que dizem, serem consistentes. O IAPMEI não tem nenhum destes valores que, na minha opinião, facilitam a realização de negócios“, sustenta.

Com as dificuldades que foi sentindo, principalmente nos primeiros tempos, o CEO da Bounce começou a questionar-se sobre se a sua decisão de deixar São Francisco, cidade que descreve como sendo “cara” e que durante a pandemia perdeu “muito talento”, para se mudar para Lisboa estaria correta. Quando conheceu aqueles que viriam a ser os funcionários que contrataria para trabalharem consigo na capital portuguesa, decidiu que estava “disposto a suportar alguns destes problemas”. “Disse aos meus fantásticos colegas aqui em Portugal: ‘Se não fosse pelo facto de vocês serem uns colegas tão talentosos, acho que isto provavelmente me teria assustado.'”

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A Bounce conta com lojas parceiras, onde os turistas podem deixar as suas bagagens

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“É claro que Lisboa continuará a ser o centro gravitacional da Bounce num futuro próximo”

Com a chegada da pandemia, Cody Candee deixou São Francisco. O bom tempo, os voos diretos de e para São Francisco e o emergente setor empreendedor trouxeram-no a Lisboa, cidade que tinha visitado pela primeira vez em 2011 e, mais tarde, em 2017.

A mudança para a capital foi feita de forma gradual, sendo cimentada em 2021. Neste momento, “a maior parte da empresa” está na capital portuguesa. A Bounce tem um serviço, através da parceria com lojas e hotéis, para guardar bagagens de turistas em mais de 2.000 cidades em redor do mundo. Está presente em 38 regiões em Portugal, incluindo, por exemplo, Porto e Faro. São cobrados cerca de cinco euros por mala, por dia, sendo que os parceiras que as armazenam “ganham entre 33% a 50% da receita”.

O escritório em São Bento — com dois pisos e uma zona exterior — é o único que a startup tem. O futuro permanece em aberto: “Não é claro quais os escritórios que poderemos ter daqui a um ano. O que eu diria é que é claro que Lisboa continuará a ser o centro gravitacional da Bounce num futuro próximo”.

Questionado pelo Observador sobre se pretende continuar em Lisboa nos próximos anos, Cody Candee afirma que sim, mas mostra-se algo cauteloso. “O futuro, para um empresário como eu, significa que posso planear, talvez, com um ano de antecedência. Mas não posso prever nada no negócio para daqui a três anos”, acrescenta, reiterando que o “futuro próximo” passa pela capital portuguesa.

A Bounce, que conta com uma equipa de 80 trabalhadores, quer contratar mais 15 pessoas até ao final do ano. No processo de contratação, a empresa dará especial atenção à procura pelo “melhor talento”. “Não nos interessa se são locais ou se se estão a mudar para Lisboa. Nós só queremos os melhores”, diz o CEO. Apesar de o armazenamento de bagagens ser “de longe” o maior produto da Bounce, a startup já disponibiliza outro serviço: é possível “enviar encomendas” para os locais parceiros da empresa.

Qual o investimento que foi feito no escritório de Lisboa?

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O CEO da Bounce, Cody Candee, questionado pelo Observador acerca do investimento feito no escritório de Lisboa, afirma que já foram canalizados “milhões de dólares para o talento” e para essa sede.

[O investimento] está nos milhões, o que é muito interessante. E também temos mais de um milhão de clientes”, afirma o fundador, que acrescenta que a startup paga “vários milhões de dólares a pequenas empresas em toda a Europa, sendo Portugal um dos principais mercados”.

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