790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Carlos Humberto
i

Vera Marmelo

Vera Marmelo

Carlos Humberto. "Se eu tivesse sido candidato há quatro anos a CDU tinha ganho eleições no Barreiro"

Liderou o Barreiro, pelo PCP, 12 anos e regressa agora como candidato, depois de uma pausa obrigada pela limitação de mandatos. Carlos Humberto diz que resultado nacional vai influenciar Orçamento.

Foi já do recinto da Festa do Avante que Carlos Humberto entrou no programa Vichyssoise, da Rádio Observador. É o homem que volta à luta eleitoral para tentar recuperar o Barreiro ao PS, autarquia que geriu durante 12 anos. Não critica diretamente a sua sucessora e candidata pela CDU há quatro anos, mas diz que o seu peso teria sido importante para contrariar os “factores” que fizeram o PCP perder um posto de peso.

Agora diz que é tempo de “ter mais câmaras, mandatos, órgãos autárquicos” para o partido e está convencido que o resultado eleitoral global será importante para o peso que o PCP terá nas negociações do Orçamento que estão a decorrer e serão concluídas logo após as autárquicas. Recusa que exista um problema de novos quadros capazes no partido e aponta João Ferreira como um político que tem a confiança do partido “para uma multiplicidade de funções no PCP”.

Foi presidente da câmara do Barreiro durante doze anos. O facto de voltar agora mostra que o PCP não está a ser capaz de se renovar? Não há caras novas?
Eu diria que sou uma das hipóteses, mas se conhecerem a lista verão que é uma lista muito ampla na sua composição social, etária, profissional, até do ponto de vista do posicionamento político, não são todos membros do PCP e do PEV — dos 18, 9 não independentes, o número 2 é independente. E tirando eu, é tudo gente jovem. Considerámos que era a opção mais adequada e viemos para mais este combate.

Ainda assim, acaba por ser a cara da candidatura. Isto não aponta para uma espécie de eternização das mesmas pessoas? Fez a pausa dos quatro anos que a lei impõe, mas vai voltar; em Almada, temos uma candidata, Maria das Dores Meira, que salta de um município — Setúbal — para o outro também por causa da limitação de mandatos.
Para fazer essa observação teria de analisar a lista de todos os partidos… E verá que há soluções idênticas a essas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O facto de todos fazerem justifica que o PCP também faça, é isso?
Não, estou só a dizer que então também é um argumento para os outros partidos.

Mas os partidos acabam mesmo por ficar sempre com os mesmos, apesar da lei da limitação de mandatos.
Eu sou respeitador da legalidade democrática, se não fosse garanto que do ponto de vista político não era respeitador. Sou respeitador mesmo quando não concordo com esta lei…

Nos outros partidos faremos a mesma pergunta. Há aqui um problema de falta de quadros do PCP?
Não. Olhem, por exemplo, para o grupo parlamentar do PCP, que se não é o mais jovem é dos mais jovens. As opções não se fazem por as pessoas terem mais ou menos idade. Fazem-se do ponto de vista da avaliação das circunstâncias e qual é a pessoa que tem melhores condições.

Ficou surpreendido com o resultado de há quatro anos, uma vitória do PS por curta margem?
Fiquei eu e ficou a população do Barreiro! Não era esperado, nem o próprio PS esperava vencer aquelas eleições. Foi um conjunto de circunstâncias…

Mas a população do Barreiro acabou por transmitir o que queria, ao votar no PS. O que é que falhou? Foi um cartão vermelho à CDU?
Claro… se não deram a vitória à CDU, é porque consideraram que outros estavam em melhores condições de fazer a gestão do concelho, não sei se é um cartão vermelho. É a lei da democracia e respeitamos os resultados eleitorais.

"Quanto mais forte for o PCP melhor podemos defender os interesses de quem trabalha"

Mas o que falhou na sua governação?
Quero dizer de uma forma muito clara e transparente: a minha convicção profunda é que se eu fosse candidato a presidente da câmara, a CDU ganhava as eleições.

Então a falha foi do candidato da CDU.
Não, foi das circunstâncias. Todos sabemos que nestas coisas, quando há uma substituição, há sempre um risco de ser menos bem entendida. A solução que o PCP apresentou há quatro anos estou profundamente convicto — até porque a trabalhei, era minha vice-presidente — estava em perfeitas condições de assumir o mandato. Mas essa não foi a escolha da população. Não são responsabilidades individuais. Na avaliação dos factos e das circunstâncias, não me parece que seja o problema da pessoa.

Então que circunstâncias foram essas?
Foi um conjunto de fatores. Não podemos, quando analisamos a vida política ou pessoal, considerar que apenas um fator diferencia as nossas decisões…

Perguntávamos por esses fatores. Quais eram?
Não sou capaz de dizer todos. Direi alguns: as questões nacionais, o momento que se vivia do ponto de vista nacional. Até vocês, da comunicação social, observadores mais atentos a estas questões, concluíram isso: havia uma vaga, se quiserem, de fundo que se refletiu nas eleições autárquicas. Outro elemento foi a forma como cada candidatura conseguiu comunicar, ou não comunicar. Se a lista é mais ou menos abrangente… Não estou a querer justificar nada, estou a partilhar as peças da minha reflexão.

Fica essa convicção de que se tivesse sido candidato o resultado teria sido diferente.
Sim, tenho essa convicção, mas isso não invalida os fatores que referi, e que também teriam influenciado a minha candidatura. Mas tendo em conta o que fui ganhando ao longo de 12 anos, estou mesmo convencido que esses fatores não teriam uma dimensão tão ampla.

Resultado vai influenciar negociações do Orçamento? "Tudo influencia tudo. Estou convencido que o PCP sairá reforçado destas eleições e, portanto, estará em melhores condições para negociar com o PS"

Consegue apontar o que é que a governação PS fez bem nestes quatro anos?
Não me peça a mim essa avaliação…

Só quer dizer o que fez mal? O que é que fez mal?
Não há nenhuma governação que só faça coisas boas ou más, e quem pensa isso tem uma visão distorcida da realidade. Estes senhores que estão à frente da câmara também hão de ter feito alguma coisa boa, evidente. Não me peçam a mim para valorizar isso..

E mal?
Querer vender a quinta da Braancamp, que comprámos para transformar num grande espaço público de lazer, junto ao rio. Querem construir habitação e nós comprámos para que isso não acontecesse, até por razões ambientais, da subida do nível da água do mar…

As notícias já deram conta de um chumbo desse projeto da Agência Portuguesa do Ambiente.
Sim. Isso, mais as trapalhadas à volta desse negócio, ou tentativa de negócio. O nível de concretização de fundos comunitários é o mais baixo da Área Metropolitana de Lisboa. Dei dois exemplos, mas posso dar mais: o não posicionamento sobre as questões do aeroporto é inaceitável. O município do Barreiro deixou de ser o porta-voz do Barreiro junto das várias instâncias para ser o porta-voz do Governo junto da população. O Barreiro deixou de ter voz própria, passou a ser a voz do dono, ou do Governo.

O que será um bom resultado nestas autárquicas?
É reforçar as suas posições: mais câmaras e mais mandatos.

Mas há câmaras que é prioritário ganhar ou recuperar?
Não pomos as coisas assim.

O próprio PCP quer recuperar as câmaras que perdeu para o PS, tem dito isso publicamente.
Não diria que é um objetivo. O nosso objetivo é ter mais câmaras, mandatos, órgãos autárquicos.

Mas recuperar Almada ou o Barreiro pode salvar uma noite eleitoral?
Se ganharmos essas mas perdermos dez câmaras, não salva… Não é isso que prevejo, sinceramente prevejo um reforço das posições do PCP.

Há pouco tinha dito que tinha havido uma vaga, que o desempenho do PS tinha prejudicado o PCP. Passados quatro anos, o PCP até ficou sozinho a dar a mão ao PS no Orçamento. Não irá mais uma vez aprender da pior forma, nas autárquicas, perdendo influência?
Sinceramente, acham que as coisas têm de ser vistas assim? Eu acho que não. O que tem de ser visto são os interesses do povo português e nacionais. Isso é que determina as nossas posições. Se for preferível que nós valorizemos e permitamos que o OE passe, porque é bom para os portugueses e trabalhadores, fá-lo-emos independentemente das consequências eleitorais que isso tenha. Não podemos deixar de pensar nisso, naturalmente, não somos cegos nem insensíveis, até porque considero que quanto mais forte for o PCP melhor podemos defender os interesses de quem trabalha… Mas não podemos determinar as coisas porque temos mais três votos ou menos três votos.

Se o PCP tiver mais força nas eleições é natural que tenha também nas negociações. Este resultado autárquico não influencia a posição comunista no Orçamento do Estado? O PCP deve continuar a mostrar-se igualmente disponível para esses entendimentos?
Nós estamos sempre disponíveis, em todas as circunstâncias, para conversar com toda a gente sobre os interesses do país. O resultado das conversações e das negociações depende do que forem as propostas do PS e o que for aceite em relação às propostas do PCP.

Portanto, um resultado eleitoral negativo para o PCP não deve ditar nada do que serão as negociações a pensar no Orçamento para o próximo ano?
As coisas não são pretas e brancas na nossa vida.

"Há confiança em João Ferreira para uma multiplicididade de funções no PCP" 

Então é preciso analisar o número de câmaras, que câmaras estamos a falar e depois aí fazer uma ponderação a olhar para o Orçamento?
Não é isso que determina o nosso posicionamento. Agora, tudo influencia tudo. Estou convencido que o PCP sairá reforçado destas eleições e, portanto, estará em melhores condições para negociar com o PS.

Que fatores mudaram de há quatro anos para cá  para estar convicto de um bom resultado?
Acho que há uma coisa muito importante nestas autárquicas que é a experiência daqueles municípios em que o PCP era a maioria e deixou de ser. Passaram a ter a experiência do que é ser governado por outra força política.

Já se arrependeram?
Não sei se a expressão é arrepender, mas acho que pode levar a uma mudança de votos porque essa gestão não foi a que eles esperavam que fosse.

Conhece bem a Área Metropolitana de Lisboa e Fernando Medina, sendo o primeiro secretário da Comissão Executiva Metropolitana de Lisboa. Acha que a CDU deve chegar a acordo com Fernando Medina em Lisboa?
Até agora, nas últimas décadas, não houve esse entendimento. Portanto, diria que eles se fazem na base de propostas concretas. Nós estamos sempre disponíveis para dialogar para a gestão municipal, até porque é muito concreta.

Seria positivo o PCP tivesse esse papel mais direto, nesse caso pelouros, na CML?
Diria que isso acontecerá se houver negociações e se chegar a entendimento. Não acontecerá se se considerar que as soluções que estão em cima da mesa não são as adequadas e não interessam ao povo de Lisboa.

Estas eleições são também para João Ferreira, que volta a concorrer por Lisboa mas é muitas vezes apontado como possível sucessor de Jerónimo de Sousa (e que teve um mau resultado nas presidenciais)?
Como sabem o PCP não se determina por resultados eleitorais. Até porque Jerónimo de Sousa já foi candidato a Presidente da República…

Um resultado não tão positivo de João Ferreira pode não minar o caminho para líder do PCP?Não estou a discutir o cargo de secretário-geral do PCP, isso não está em cima da mesa, mas sobre aquilo que me estava a perguntar se o resultado das eleições de Lisboa podem determinar o percurso político de João Ferreira. E eu digo que não. Se fossemos por essa lógica o João Ferreira não era membro da Comissão Política do PCP.

Há muita confiança em João Ferreira para o futuro…
Há confiança para o João Ferreira como quadro do PCP, relativamente jovem, para uma multiplicididade de funções, cargos e de responsabilidades dentro do PCP.

Começa esta sexta-feira a Festa do Avante. Alinha na ideia de que houve uma campanha contra o Avante ou acredita que, em tempos de pandemia, houve até receios justificados sobre o assunto sobre a manutenção da Festa?
Houve de tudo. Houve receios justificados, as pessoas têm medo e nós considerámos que e preciso que as pessoas vivam a vida. E portanto, considerámos que a Festa do Avante podia ser um elemento que ajudasse a dar esperança, alegria e a convicção de que é possível organizar estas iniciativas desde que se mantenha um conjunto de regras. A Festa do Avante no ano passado foi um exemplo disso mesmo.

Passamos agora para o Carne ou Peixe, a parte desta entrevista tem de escolher uma de duas opções… Se tivesse de herdar um ministro de Costa para um Governo PCP. Quem preferia ver como ministro nesse Governo: o barreirense Eduardo Cabrita ou Pedro Nuno Santos?
Por razões de relação pessoal, ainda que diferenças políticas imensas — e ainda por cima está na mó de baixo — Eduardo Cabrita. Mas do ponto de vista político naturalmente Pedro Nuno Santos está um bocadinho menos distante de mim.

Avançamos agora para o Carne ou Peixe, onde tem de escolher uma de duas opções:

Preferia nunca mais ir à Festa do Avante ou continuar a ir mas todos os anos ter de ajudar a montar os arraiais do Iniciativa Liberal?
Não abdico de ia à Festa do Avante nunca. Só ia à Festa do Avante e não ajudava os Liberais.

A quem é que preferia servir uma imperial neste Avante: João Oliveira ou João Ferreira?
Serviria uma imperial a qualquer um dos dois com muita satisfação. Serão muito bem vindos quando eu estiver a servir imperiais no bar do laranjal.

Preferia tomar um café com Frederico Rosa no Barreirense ou uma mini com o Bruno Vitorino no Luso Futebol Clube?
Optava sempre pelo Luso porque é o meu clube, seja com quem for. Tenho uma relação de quase 12 anos de cooperação com Bruno Vitorino, que foi vereador comigo a tempo inteiro e a meio tempo com pelouros, e tenho uma relação de proximidade com ele que não tenho com Frederico.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora