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A autora norte-americana Colleen Hoover na estreia do filme "Isto Acaba Aqui"

Variety via Getty Images

A autora norte-americana Colleen Hoover na estreia do filme "Isto Acaba Aqui"

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De viver numa autocaravana a fenómeno mundial. Quem é Colleen Hoover, a controversa escritora bestseller?

Passou de assistente social a escritora de êxito, quando em 2012 auto-publicou o primeiro livro. 12 anos depois, o sucesso é visível e a legião de fãs também, mas não se livra das críticas.

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Os fãs chamam-lhe CoHo, conta com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram e 1,3 milhões no TikTok, é a segunda autora mais seguida no Goodreads, logo a seguir a Stephen King, e foi considerada a pessoa mais influente pela revista Time em 2023. Para onde quer que se olhe, os livros de Colleen Hoover estão por todo o lado: nas mãos de uma jovem mulher, em qualquer livraria onde se entre, em milhares de vídeos publicados na redes sociais ou pelas ruas da cidade, nos cartazes de publicidade do novo filme Isto Acaba Aqui, adaptação do seu livro mais vendido. Com uma carreira de 12 anos, a escritora norte-americana vendeu já mais de 20 milhões de cópias, ao ponto de, em 2022, ter ultrapassado as vendas da Bíblia.

O que escreve Colleen para se ter tornado num fenómeno mundial? Tendo como principal público as jovens mulheres, ou new adults, com idades entre os 18 e os 25 anos, a escritora norte-americana é conhecida pelos seus romances onde as histórias envolvem drama, humor, sexo e personagens principais femininas com vinte e poucos anos. O seu poder para criar personagens jovens com quem o público se identifica e agarra à história fez com que a sua popularidade crescesse. Apesar de ser mais conhecida pelos romances, Colleen escreve também livros de mistério e thrillers psicológicos e aborda temas como infertilidade, adultério, perseguição, acidentes de viação fatais, aborto e violência.

Graças às personagens e enredos com reviravoltas, assim como a dedicação a finais felizes, Colleen Hoover oferece aos fãs uma série de livros e histórias que podem ler uma e outra vez, sabendo sempre que no fim tudo acaba bem.

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Quem é Colleen Hoover?

Colleen Hoover é uma escritora norte-americana de 44 anos nascida e criada no Texas. Ainda antes de saber escrever já sabia que era esse o caminho que queria seguir: aos dois anos, quando a irmã mais velha começou a aprender a ler e a escrever primeiro, Colleen ficou com inveja por também querer fazê-lo — tinha muitas histórias que queria contar. No entanto, essas tiveram de esperar e ficar para segundo plano em favor de uma vida que acreditava ser mais prática.

Casou aos 20 anos com William Heath, camionista, com quem teve três filhos, e vivia com os quatro num parque de auto-caravanas. Em 2012, a inspiração regressou e, durante os ensaios do filho para uma peça de teatro, Colleen aproveitou para escrever aquele que seria o seu primeiro livro. Estava a ganhar nove dólares por hora no seu trabalho enquanto assistente social quando decidiu auto-publicar o seu trabalho na Amazon com o objetivo único de poder oferecê-lo à avó — que tinha acabado de receber um Kindle — e à  família. Na altura, ganhou 30 dólares em direitos de autor, o suficiente para pagar a conta da água.

“Entrei nisto de forma tão ingénua, sem saber nada sobre a indústria editorial”, explicou numa entrevista à revista Elle em 2022. “Pensei mesmo: ‘Pronto, só as pessoas que eu quero que leiam isto é que o vão ler’. Não fazia ideia de que havia comunidades de livros a formarem-se lá fora e online”, afirmou.

“Um dia telefonou-me e disse: ‘Mãe, seis pessoas que não conheço compraram o livro’”, recordou a mãe de Hoover, Vannoy Fite, em entrevista ao The New York Times. “No dia seguinte, eram 60 pessoas.”

As comunidades realmente existem, tanto que, sete meses depois, Slammed, que conta a história de uma adolescente que sofre com a morte do pai, chegou à lista de bestsellers do New York Times. Em maio, Hoover tinha ganhado 50.000 dólares em direitos de autor, dinheiro que usou para pagar ao padrasto pela auto-caravana. Quando o verão chegou, já tinha dois livros publicados, Slammed e a sequela Point of Retreat, e decidiu deixar o emprego e dedicar-se à escrita a tempo inteiro.

Na época, assinou contrato com a agente literária Jane Dyestel e vendeu os direitos dos dois primeiros livros à Atria. Ao terceiro, Colleen já não aceitou a oferta uma vez que gostava da liberdade que tinha ao auto-publicar e lançar sozinha o seu trabalho. Desde então, pelo menos 17 das suas obras chegaram aos bestsellers daquele jornal norte-americano e, atualmente, trabalha com três editoras, a Grand Central, a Atria e a Montlake. Em 12 anos, já lançou 26 livros e vendeu mais de 20 milhões de cópias.

Estes são escritos consoante o seu estado de espírito e a sua vontade. Ao contrário de muitos autores, não planeia os seus títulos com muita antecedência, uma vez que “só toma decisões que a fazem sentir menos stressada”. Por isso mesmo, quando chega a hora de se sentar e pegar na caneta, fá-lo quando lhe apetece: tanto pode ficar meses seguidos sem criar como pode passar semanas a escrever 16 horas por dia. “As pessoas na minha vida pensam que sou muito dispersa, mas é porque vivo dentro da minha cabeça”, revelou. “As ideias do livro na minha cabeça são muito organizadas, mas a minha vida real é caótica. Ponho todo o esforço na minha imaginação.”

Quanto à forma de agarrar o leitor, para além do enredo e do ritmo a que a história segue, Hoover justifica-se, parcialmente, pela sua perturbação de défice de atenção: “Quando escrevo, dou por mim a distrair-me”, explicou à Elle. “Se é suposto estar aqui a falar de descrições de personagens ou a descrever uma sala ou qualquer outra coisa que não me interesse, passo à frente e começo a escrever o diálogo. Escrevo o que quero ler”.

À revista Time, em 2023, revelou não gostar de ser o foco das atenções, mantendo-se sempre a pessoa que foi, mesmo antes da fama: “Sinto-me muito desligada das estatísticas, de tudo o que se diz por aí”, afirmou, acrescentando: “Não ando pela minha casa a dizer: ‘Vendi mais do que a Bíblia, querido, tens de me fazer o jantar esta noite’”.

O livro do sucesso

Filha de uma relação abusiva, Colleen Hoover recorreu à experiência para escrever aquele que é hoje o seu livro mais vendido — e número um na lista de bestsellers de ficção do New York Times Paperback — e dar uma voz às vítimas de violência doméstica. Numa entrevista ao programa The Today Show, da NBC, em 2023, com Jenna Bush Hager, revelou que a sua memória mais antiga, de quando tinha apenas dois anos, é acordar durante a noite com o pai a gritar e a atirar a televisão para cima da mãe. Os pais divorciaram-se pouco tempo depois mas só mais tarde é que a escritora soube que o pai, que morreu quando tinha 25 anos, maltratava fisicamente a mãe e era alcoólico.

Inspirada na coragem da mãe para sair de um casamento abusivo, Colleen deu vida ao bestseller Isto Acaba Aqui, publicado em 2016 e adaptado este ano ao cinema, com a atriz Blake Lively a interpretar Lily, uma jovem florista que se apaixona e casa com um neurocirurgião abusivo, que lhe recorda a violência doméstica que o pai exercia sobre a mãe quando era adolescente. Apesar de o livro ter sido lançado em 2016, durante a pandemia a popularidade explodiu quando começou a ser recomendado no TikTok. No chamado BookTok, a comunidade de leitores fazia — e faz — reviews das obras de Hoover, viralizando a autora: a hashtag #colleenhoover conta com mais de 3 mil milhões de visualizações.

@zon_aliteraria Quem mais aí é fã da rainha do romance? #booktokportugal #booktok #colleenhoover #colleenhooverbooks @PenguinLivros @Colleen Hoover ♬ som original - Lara Fresco

Em 2022, tornou-se a autora mais vendida nos Estados Unidos e em Portugal ocupou três lugares do top 10 da FNAC. No mesmo ano, depois de os fãs terem implorado por uma sequela de Isto Acaba Aqui, Colleen escreveu a continuação e lançou em outubro Isto Começa Aqui.

“Costumava ficar entusiasmada quando entrava numa livraria e via um livro de bolso. Agora entro numa Barnes & Noble e há uma mesa da Colleen Hoover”, comentou em entrevista ao The New York Times, afirmando ser “uma loucura”. “O meu feed [nas redes sociais] passou a ser só de Colleen Hoover”, acrescentou. “Eu só queria ver vídeos de gatos, sabem?”

Leitores acusam Hoover de normalizar a violência doméstica

Apesar de ter sido o TikTok a potenciar o sucesso de Colleen Hoover, foi a mesma rede social que aumentou as críticas ao seu trabalho. O maior foco está no livro Isto Acaba Aqui onde os leitores acusam a escritora de normalizar a violência doméstica e romantizar os comportamentos abusivos. Em causa está a forma como a personagem principal, Ryle, que agride a mulher, Lily, e usa o trauma passado para defender o seu comportamento, é descrita como “uma pessoa que faz coisas más” em vez de, acusam os leitores, “uma má pessoa”, e o facto de a violência doméstica ser central para a história de amor.

“Os livros de Colleen Hoover são extremamente populares e deixam uma impressão nas jovens mulheres — o principal público de Hoover — ao retratarem casualmente o abuso como ‘apenas como uma relação é suposto funcionar’”, lê-se na crítica da jornalista Shivani Dubey publicada na Cosmopolitan em maio de 2023.

Sobre as críticas a Isto Acaba Aqui, a escritora explicou à Time que nunca teve como objetivo educar os leitores, limitando-se apenas a escrever um livro inspirado na experiência da mãe, que quebrou um ciclo de abuso. “Eu simplifiquei o abuso, simplifiquei aquilo por que ela passou. O Ryle é uma personagem mais simpática do que o meu pai”, explicou.

Foi sobre esta personagem que muitos leitores pediram a Colleen que escrevesse um segundo livro, que abordasse a perspetiva do mesmo. A sugestão deixou a autora triste: “Não se apercebem da bofetada que seria para todas as mulheres que leram este livro e deixaram os seus casamentos abusivos”, disse, assegurando que nunca irá escrever “uma história de redenção de Ryle”.

@evie.magazine “It Ends With Us” will hit the big screens on Aug. 9. Colleen Hoover's bestselling novel, however, has stirred some controversy, with many stating that she romanticizes abyuse.#itendswithus #colleenhoover ♬ original sound - Evie Girl Shop

Os leitores criticam ainda a falta de diversidade das personagens de Colleen Hoover, que são frequentemente classificadas como brancas, cisgénero e heterossexuais, e, entre as polémicas, está também o anúncio, em 2023, de que Isto Acaba Aqui daria origem a um livro de colorir. Face ao tema central que a história aborda — violência doméstica — a autora foi criticada e acusada de estar apenas a tentar fazer dinheiro. Mais tarde, avançou num story do Instagram que o livro de colorir seria cancelado: “Desenvolvi-o enquanto pensava na força da Lily, mas agora consigo ver que estava cega. Ouvi-vos e concordo com vocês. Não há desculpas. Não vou culpar a ninguém. Entrei em contacto com a editora para informar que não vamos avançar. Do meu lado, não há nada além de amor”, escreveu.

@brutamerica The production of Colleen Hoover’s controversial coloring book has been canceled. #booktok #colleenhoover #fyp ♬ original sound - Brut.

O filho acusado de agressão sexual

Em fevereiro de 2022, uma jovem recorreu às redes sociais para denunciar que foi abusada sexualmente por Levi, um dos três filhos de Colleen Hoover. “O filho assediou-me e ela bloqueou-me quando a confrontei com isso”, escreveu numa publicação na rede social X, entretanto apagada. “Resumindo, éramos amigos no [Snapchat] e todos os dias enviávamos mensagens porque éramos amigos, certo? E isto foi quando eu tinha 16 anos e ele tinha plena consciência da minha idade, porque eu falava sempre do facto de ainda estar na escola”, continuou noutra publicação.

Segundo a Distractify, a jovem partilhou também capturas de ecrãs da mensagem enviada a Hoover e do Snapchat do filho. Em novembro, a escritora publicou uma declaração sobre as alegações num grupo do Facebook, esclarecendo a situação: “As coisas que estão a ser ditas sobre o meu filho não são exatas. As pessoas estão a comentar que eu bloqueei uma rapariga por me ter informado que o meu filho a tinha agredido sexualmente quando ela tinha 16 anos. Isto não aconteceu de todo, e nem sequer foi o que foi dito inicialmente por esta pessoa”.

Colleen Hoover e o filho Levi

“O meu filho e uma rapariga foram amigos online durante vários meses. Nunca se encontraram pessoalmente. Ele disse-lhe algo numa mensagem que a deixou desconfortável (pediu-lhe que lhe enviasse uma fotografia), pelo que ela me enviou uma mensagem sobre o assunto. Eu não li a mensagem, mas ela pensou que eu tinha lido e, compreensivelmente, ficou chateada por eu não ter respondido. Depois, publicou no Twitter que o meu filho lhe tinha pedido uma fotografia. Assim que soube disto, há meses, entrei em contacto com ela”, continuou, acrescentando: “Discutimos o que aconteceu, pedi-lhe desculpa e agradeci-lhe por me ter chamado a atenção para este assunto, e ofereci-me para lhe enviar a nossa morada e os dados do advogado, caso ela os quisesse. Responsabilizei o meu filho por lhe ter enviado uma mensagem inapropriada. Abordei o assunto diretamente com ela e com o meu filho”.

 
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