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Começa dia 30 de Novembro e estende-se até 12 de Dezembro a 28.ª edição da Conferência sobre Alterações Climáticas da ONU. Como seria previsível, pouco ou nenhum progresso foi feito desde a COP27 em termos de limitação de emissões de gases de efeito de estufa; por outro lado, no mesmo período, multiplicaram-se os sinais de que as alterações climáticas são reais e talvez se desenrolem mais rapidamente do que previsto. O local escolhido para a COP28 – o Dubai – dir-se-ia uma piada de mau gosto, mas, atendendo à real natureza e intuito das Conferências sobre Alterações Climáticas da ONU, acaba por ser muito apropriado: não há melhor cenário para mais um acto desta interminável farsa sobre a crise climática do que a Disneylândia do novo-riquismo e do consumismo infrene.

Muitos dos temas tratados no presente artigo e no que o irá complementar já foram abordados em textos publicados quando da realização das duas COPs anteriores, pelo que se sugere a sua leitura.

A pretexto da COP26:

As alterações climáticas e a conferência das Nações Unidas: O Grande Circo Carbónico)

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A pretexto da COP27:

Alterações climáticas: A COP-27 ergue a tenda em Sharm El Sheikh)

Alterações climáticas e fontes de energia: Soluções miraculosas e truques de prestidigitação)

Alterações climáticas, ideologia e sectarismo: O que está afinal em jogo em Sharm El Sheikh?)

Alterações climáticas: Estaremos todos no mesmo barco?)

Um lugar conveniente para falar de “uma verdade inconveniente”

Uma verdade inconveniente foi o título escolhido pelo realizador Davis Guggenheim para o seu documentário de 2006 sobre a campanha empreendida pelo ex-vice-presidente americano Al Gore para consciencializar o mundo para o problema das alterações climáticas. Segundo Guggenheim, a ideia para o título veio da resposta de Gore à questão “porque é tão difícil às pessoas compreender e aceitar a realidade das alterações climáticas?”: “Porque é uma verdade inconveniente”. Gore lançou esta campanha numa altura em que estava “desempregado” (acabara de ser derrotado por George W. Bush nas eleições presidenciais de 2000) e em que a opinião pública estava ainda totalmente alheada da crise climática, e, após Gore ter percorrido milhões de quilómetros (muitos deles em jacto privado), emitido milhares de toneladas de carbono e ganho uma fortuna como conferencista, e de várias outras vozes terem alertado, em tom cada vez mais enfático, para este problema, pode dizer-se que a maioria dos cidadãos informados do mundo assimilou a “verdade inconveniente” – mas apenas na componente de alarme, não na de aceitar que a mitigação da crise climática requer que mudem de vida. O entendimento reinante é: “há uma crise, é muito grave, pode comprometer o futuro dos meus filhos e netos e alguém (que não eu) deveria fazer algo para a combater”. As Conferências sobre Alterações Climáticas da ONU são, meramente, a encarnação formal e diplomática dessa dissonância cognitiva ao nível dos grandes decisores da política e economia mundiais e das organizações internacionais.

A cidade do Dubai, capital do emirato homónimo dos Emiratos Árabes Unidos (EAU) e anfitriã da COP28, tem muito em comum com Sharm el Sheikh, no Egipto, que acolheu a COP27: situam-se no Médio Oriente e gozam de um clima muito quente e seco; estão rodeadas de deserto, excepto na costa banhada por águas aprazivelmente mornas (o Golfo Pérsico no primeiro caso, o Mar Vermelho no segundo); são destinos turísticos de renome mundial; têm uma ampla oferta de acomodações capazes de satisfazer os gostos requintados dos muitos presidentes, primeiros-ministros, monarcas, nababos, CEOs, presidentes de conselhos de administração, lobbistas, estrelas de cinema e outras figuras do jetset que costumam marcar presença nestes eventos; e ficam fora de mão para os activistas ambientais ocidentais, poucos dos quais terão meios para pagar a viagem de avião e a estadia em tão luxuosas paragens.

Burj Al Arab, o maior e mais luxuoso hotel da cadeia estatal Jumeirah. Foi inaugurado em 1999 e tem 321 metros de altura, o que faz dele o 3.º hotel mais alto do mundo

Quanto aos activistas ambientais locais, são praticamente inexistentes, quanto mais não seja por o Dubai, como os outros membros dos EAU e o Egipto, serem autocracias que nem sequer se esforçam muito por encenar um simulacro de democracia. A Amnistia Internacional aponta aos EAU uma série de infracções aos direitos humanos: a liberdade de expressão é limitada (“quem insulte ou cause dano à reputação ou prestígio do Estado ou dos seus líderes fundadores” incorre numa pena de prisão de 10-25 anos), praticam-se detenções arbitrárias, opositores e a activistas dos direitos humanos têm sido raptados e sujeitos a torturas e outros maus-tratos ou têm desaparecido misteriosamente. Embora os EAU cultivem uma fachada mais liberal e tolerante do que a Arábia Saudita ou o Irão, o seu sistema legal mescla lei secular e preceitos da sharia, como sejam a punição com chicotadas do adultério, do sexo pré-nupcial, de actos e manifestações homossexuais e do consumo de bebidas alcoólicas e estupefacientes. O adultério pode, nalguns casos, conduzir à condenação à morte por apedrejamento, a homossexualidade pode levar à aplicação compulsiva de terapias hormonais e psicológicas.

Ainda que os cidadãos ocidentais sejam usualmente poupados aos maiores rigores da lei (o que não impede que um beijo heterossexual em público possa redundar em deportação), é natural que a natureza autocrática e repressiva do regime dissuada eventuais manifestações dos raros activistas estrangeiros com posses para viajar até ao Dubai, evitando assim as constantes manifestações de activistas ambientais que perturbaram a COP26, em Glasgow. Adivinha-se, portanto, uma COP tão tranquila e ordeira como a de Sharm el Sheikh e tão inconclusiva e vã como qualquer das anteriores.

De aldeia de pescadores a Disneylândia hipercapitalista

O emirato do Dubai tem 3.5 milhões de habitantes, quase todos concentrados na cidade homónima e nos arredores, e é o mais populoso dos sete membros dos EAU, cuja população combinada ronda os 9 milhões. A cidade do Dubai começou como modesta aldeia de pescadores e durante vários séculos, a sua principal fonte de riqueza foi o comércio marítimo (ocupa uma posição privilegiada nas rotas entre a Europa, África e Ásia) e as pérolas recolhidas na costa do Golfo Pérsico. Este último negócio sofreu rude golpe quando, a partir da década de 1930, as pérolas “selvagens” passaram a enfrentar a concorrência das pérolas “cultivadas”, o que forçou muitos dubaienses a emigrar.

Khur Dubai, uma reentrância do Golfo Pérsico que, em tempos, funcionou como porto natural da cidade do Dubai, numa foto de 1964

O início da exploração de petróleo, em 1966, foi um maná para os EAU (que só se libertaram do estatuto de protectorado britânico em 1971), mas o Dubai foi o emirato menos afortunado na lotaria do “ouro negro” (o mais bafejado foi o Abu Dhabi, que é presentemente o mais rico dos emirados). Todavia, o sheikh Rashid Saeed Al Maktoum, que subiu ao trono do Dubai em 1958, teve a lucidez e a prudência de cedo ter investido as receitas do petróleo em infra-estruturas e outras áreas económicas que não a petrolífera.

Foi uma decisão sensata, pois o petróleo, que chegou a representar 50% do PIB do Dubai, durou pouco tempo e a sua parcela no PIB caiu para 24% em 1990, para 7% em 2004 e é actualmente equivalente a 1%.

Khur Dubai, numa foto de 2015

A diversificação conferiu à economia do Dubai uma natureza completamente diferente das restantes petromonarquias do Golfo Pérsico e tem permitido que o emirato, mesmo não possuindo recursos no subsolo e sendo os seus solos inférteis (75% são arenosos, 34% têm elevado teor de sal) e o clima inclemente pouco propícios à agricultura, tenha mantido a tendência ascensional do seu PIB per capita: este atingiu 46.700 dólares em 2022 e, prevê-se, chegará aos 48.800 dólares em 2023, apenas um pouco abaixo dos 50.600 dólares estimados como média dos EAU.

O Dubai beneficiou não só da visão do sheikh Rashid Saaed Al Maktoum como da guerra civil libanesa, iniciada em 1975, que pôs fim abrupto ao estatuto do Líbano como “Suíça do Médio Oriente” (ainda hoje está remetido ao estatuto de “país falhado”) e forçou as petromonarquias do Golfo Pérsico e as empresas ocidentais com negócios no Médio Oriente a encontrar outro lugar onde depositar a sua fortuna e domiciliar as suas operações. A implementação de um regime fiscal extremamente atraente para o investimento estrangeiro e de facilidades e “aceleradores” burocráticos e a criação de uma vintena de zonas francas fez do Dubai o mais importante centro de negócios e serviços financeiros do Médio Oriente e hoje 138 das 500 maiores empresas mundiais (em volume de negócios) têm sucursais ou escritórios no emirato.

O Dubai continua a não ter indústria transformadora relevante – sendo a única excepção a produção de alumínio nas instalações da Emirates Global Aluminium, em Jebel Ali, que usa como matéria-prima bauxite da Guiné-Conakry – e a indústria representa apenas 9% do PIB, mas o emirato reforçou grandemente a sua tradicional posição como entreposto comercial. O porto de Jebel Ali é o maior porto artificial do mundo e o de maior volume de tráfego no Médio Oriente e o Aeroporto Internacional do Dubai ocupou o 5.º lugar no ranking mundial de tráfego em 2022, com 66 milhões de passageiros, e na primeira metade de 2023 registou 41.6 milhões de passageiros; se se considerarem apenas os passageiros internacionais, é mesmo o aeroporto n.º 1 a nível mundial. Boa parte deste protagonismo resulta de o Aeroporto do Dubai ser a base da Emirates, que opera 260 aviões, transportou 43.6 milhões de passageiros no ano fiscal 2022/23 e é a 5.ª maior companhia aérea do mundo em termos de passageiros-quilómetro.

Aeroporto Internacional do Dubai

O turismo, que há 30 anos era irrisório, representa hoje 20% do PIB e o número de turistas recebido em 2022 foi de 14 milhões, aproximando-se do recorde de 16.7 milhões registado em 2019, antes da pandemia de covid-19. Parte substancial do turismo tem as compras como motivação: no Dubai existe quase uma centena de centros comerciais, entre os quais está o Dubai Mall, com uma área de 1.1 milhões de m2, 1300 lojas, 120 restaurantes e 22 cinemas; é o maior centro comercial do Médio Oriente, o 2.º maior do mundo e o mais visitado do mundo, atingindo os 100 milhões de visitantes/ano. Mas também há quem seja atraído pelos campos de golfe – o Dubai concentra 14 dos 22 clubes de golfe dos EAU e acolhe vários torneios de prestígio mundial e que distribuem prémios assaz generosos.

Fashion Avenue, Dubai Mall

Tal como o resto dos EAU, o Dubai tem uma estrutura demográfica bizarra: apenas 10-15% dos habitantes são “nativos”. Os “ocidentais” representam 8% da população e empregam-se no sector dos negócios e serviços financeiros ou são técnicos especializados; os restantes são emigrantes da Ásia meridional (cerca de 60% da população, maioritariamente provenientes da Índia, Paquistão e Bangladesh), do Egipto (10% da população) e das Filipinas (6% da população) e estão invariavelmente adstritos a tarefas não qualificadas, penosas, sujas e/ou perigosas e mal pagas, maioritariamente nos serviços domésticos e de manutenção e na construção civil.

Projectando uma imagem de modernidade e opulência

O sector imobiliário é um dos motores da economia do Dubai e a cidade é conhecida pelos seus 395 arranha-céus, número que ultrapassa largamente o total de arranha-céus existentes em toda a Europa e a coloca no 4.º lugar do ranking das cidades com maior número destes edifícios (se se considerar o número de super-arranha-céus, i.e. edifícios com mais de 300 metros de altura, o Dubai surge em primeiro lugar destacado).

A pujança do sector imobiliário explica-se pela necessidade de 1) alojar o desproporcionado número de trabalhadores estrangeiros e 2) proporcionar acomodação para os turistas que afluem ao emirato, e 3) responder à procura de habitações de luxo pelo jet set cosmopolita. Este último grupo reparte-se entre os arranha-céus de linhas ousadas e as villas nos arquipélagos artificiais conquistados ao mar e tanto uns como outros são elementos centrais da imagem moderna, vibrante, empreendedora e audaciosa que o Dubai pretende projectar no mundo e em que tem investido somas fabulosas.

Os restantes membros dos EAU, assim como o Qatar e a Arábia Saudita, também têm vindo a investir em mega-operações de promoção da sua imagem internacional, sustentadas pelos copiosos fundos soberanos constituídos à custa do petróleo e visando compensar as notícias pouco abonatórias sobre a condição feminina, os direitos humanos, o sistema legal e as instituições democráticas destes países, dissipar o estereótipo de uma sociedade tribal e agarrada a costumes medievais e promover as suas audaciosas propostas de reconfiguração do modelo económico a um futuro pós-petróleo.

Foi com este fito que o Qatar obteve a organização do Mundial de Futebol de 2022; que a Arábia Saudita tem vindo a recrutar jogadores estrangeiros de topo para os quatro clubes sauditas cujo controlo foi assumido pelo fundo soberano (Al Nassr, Al-Ahli, Al-Ittihad e Al-Hilal), de forma a converter o seu (até há pouco tempo) modesto campeonato nacional de futebol num rival dos cinco campeonatos de topo da Europa (os “Big Five”); e que os EAU, através da companhia aérea Emirates, têm vindo a patrocinar clubes históricos do futebol europeu – como o Arsenal (desde 2006/07), o Olympiacos (desde 2008/09), o AC Milan (desde 2010/11), o Real Madrid (desde 2013/14), o Benfica (desde 2015/16) e o Olympique Lyonnais (desde 2020/21) – bem como a FA Cup (Inglaterra), a Emirates Cup (Arsenal/Inglaterra), o estádio do Arsenal (Emirates Stadium, em Londres) e a Confederação de Futebol da Ásia e o respectivo campeonato e taça.

Luka Modrić no tempo (2015) em que jogava pelo Real Madrid

A rival da Emirates, a Qatar Airways, patrocina ou já patrocinou o Barcelona, a AS Roma, o Bayern de Munique, o Paris Saint-Germain e uma cornucópia de torneios. Os sheikh e príncipes da Península Arábica são donos do Manchester City (o clube mais valioso do mundo: 1260 milhões de euros), do Paris Saint-Germain (3.º mais valioso: 1000 milhões de euros) e do Newcastle United (11.º mais valioso: 650 milhões de euros) e as petromonarquias do Golfo Pérsico têm conseguido aliciar os clubes e federações dos “Big Five” para que as finais de algumas das suas competições decorram em solo da Península Arábica. O fundo soberano saudita está também por trás do LIV Golf, um circuito internacional de torneios de golfe criado em 2021 e que veio disputar a primazia aos circuitos “tradicionais”, o PGA (americano) e o DP World Tour (europeu).

Um enclave do Dubai em Londres: O Emirates Stadium

Uma vez que as corridas de camelos têm poucos aficionados fora do mundo árabe, a imagem internacional das petromonarquias do Golfo Pérsico tem-se estribado também nas competições motorizadas, com a inclusão no calendário da Fórmula 1 dos Grandes Prémios do Qatar e do Abu Dhabi. Esta “ofensiva” ganhou respaldo suplementar em 2021, com a eleição para presidente da FIA (a autoridade que rege o desporto motorizado a nível mundial) de Mohammed bin Sulayem, cidadão dos EAU, antigo piloto de ralis, coleccionador de automóveis desportivos e de luxo e vice-presidente da FIA entre 2008 e 2021.

A operação de marketing das petromonarquias do Golfo também passa pelas artes, nomeadamente com a concepção, em 2006, do projecto Louvre Abu Dhabi, um museu cujas exposições incluem obras cedidas pelo Louvre e outras instituições francesas; o museu, sito na ilha de Saadiyat, foi inaugurado em Novembro de 2017 e atraiu um milhão de visitantes logo no primeiro ano, tornando-se, por larga margem, no local mais visitado do emirado. Porém, um milhão de visitantes/ano coloca o Louvre Abu Dhabi num modesto 77.º lugar do ranking mundial de museus e empalidece face ao número de espectadores que o futebol e a Fórmula 1 cativam semanalmente, pelo que as petromonarquias têm, cada vez mais, centrado o investimento no “desporto”. A paixão ludopédica, uma das grandes forças dissolventes do nosso tempo, tem o poder de toldar o discernimento, arredar objecções éticas e fazer esquecer que parte do caudal de dinheiro que hoje faz girar o espectáculo futebolístico provém de regimes que mantêm as mulheres numa condição subalterna, fazem desaparecer opositores, lapidam adúlteros e esquartejam jornalistas incómodos.

O sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, o actual emir do Dubai (e vice-presidente e primeiro-ministro dos EAU)

Outro dos eixos da propaganda das petromonarquias do Golfo Pérsico são os empreendimentos futuristas e, supostamente, sustentáveis e ecológicos. Por exemplo, os EAU, sob a preclara liderança do sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum (n.1949), vice-presidente e primeiro-ministro dos EAU e emir do Dubai (e filho do visionário Rashid Saeed Al Maktoum), irão assistir ao nascimento de 1) Masdar City (Madinat Masdar), uma “cidade verde” que ocupará uma área de 6 km2 junto do aeroporto de Abu Dhabi e terá como vocação acolher empresas de tecnologias limpas; 2) A Cidade Sustentável, no Dubai, um projecto residencial no valor de 354 milhões de dólares, que inclui 89 apartamentos e 500 moradias e promete ser “neutro em carbono”; e 3) A Cidade Sustentável de Sharjah, situada junto à capital (homónima) do emirato de Sharjah e decalcada da Cidade Sustentável do Dubai. Nos planos dos EAU para se converterem num modelo de sustentabilidade, as zonas urbanas já existentes irão ser reformuladas de forma a que, em 2050, os EAU atinjam uma quota de 50% de energia “limpa” e uma redução de 70% na pegada de carbono.

O plano para tornar os EAU “verdes”

Uma orgia de dissipação

A narrativa triunfal em torno do Dubai e dos EAU – e restantes petromonarquias do Golfo Pérsico – tem um reverso sombrio: no que respeita ao consumo de energia per capita, os EAU surgem em 3.º lugar no ranking mundial, com 148.600 kWh/ano, antecedidos pelo Qatar, com 194.200, e pelo Barhein, com 161.100, e seguidos pelo Kuwait, com 103.800, o Canadá, com 102.200, a Noruega, com 96.900), Oman, com 90.800, e Arábia Saudita, com 87.700. Deve sublinhar-se que os dois países deste top 8 que não são petromonarquias do Golfo Pérsico têm um clima muito frio e que as fábricas têm peso significativo no consumo energético de países como os EUA (78.800), a Alemanha (41.000), o Japão (40.000), a França (36.000) ou a China (31.000), mas as petromonarquias não possuem indústria transformadora relevante e só produzem petróleo e gás natural e a extracção destes envolve consumos irrisórios de energia (quando comparada, por exemplo, com a mineração).

Mapa-mundo do consumo de energia per capita, 2021

O ranking mundial de emissões de CO2 per capita segue um padrão análogo, como se apontou no capítulo “Os carbono-dependentes” em As alterações climáticas e a conferência das Nações Unidas: O Grande Circo Carbónico. Os EAU surgem novamente em 3.º lugar, com 20.4 toneladas/ano; acima deles estão o Qatar com 32.4 e o Kuwait com 21.6, logo abaixo estão o Barhein com 19.6, a Arábia Saudita com 15.3 e Oman e o Canadá com 15.2. O norueguês médio, ainda que seja grande consumidor de energia, tem emissões de CO2 comparativamente baixas, de 7.6 toneladas/ano (a média mundial é de 4.8), uma vez que boa parte da energia do país provém de fontes “limpas”, o que não ocorre nas petromonarquias do Golfo Pérsico, cuja energia provém essencialmente da queima de petróleo e gás.

Mapa-mundo de emissões de CO2 per capita, 2021

O consumo perdulário de energia nas petromonarquias não decorre só da abundância e baixo preço do petróleo e gás, mas também de todo o seu estilo de vida estar orientado para a ostentação e para a dissipação de recursos, pese embora a nauseante propaganda dos websites governamentais do emirato do Dubai, que transborda de “estratégias integradas de energia” e “cidades inteligentes e sustentáveis”, de promessas de “uma sociedade inclusiva e coesa” e de auto-elogios (“um governo pioneiro e excelente”).

O Governo do Dubai garante estar empenhado em ser sustentável e em constituir um modelo de virtude e frugalidade para os seus cidadãos, mas isso é só para 2050 – no presente a palavra de ordem é consumir, consumir, consumir. Basta considerar os modelos que equipam a frota da polícia do Dubai: Aston Martin One-77 (c.3.3 milhões de dólares cada), Bugatti Veyron (c.1.9 milhões de dólares), Lamborghini Aventador (c.800.000 dólares), Ferrari FF (c.600.000 dólares), Mercedes AMG GT (300.000 a 400.000 dólares), Bentley Continental GT (240.000 a 340.000 dólares), Nissan GT-R (c.120.000 dólares) e Chevrolet Camaro SS (42.000 a 48.000 dólares). Os EAU gozam da reputação de ter uma da mais baixas taxas de criminalidade do mundo, mas é provável que tal se deva menos à rapidez da sua polícia do que às punições draconianas impostas pelo seu sistema legal.

A polícia do Dubai desloca-se de Bugatti Veyron (em primeiro plano, à esquerda) e Ferrari FF (em primeiro plano, à direita)

Um arranha-céus assente em areias movediças

O Dubai vende a imagem de uma floresta cintilante de aço, vidro e mármore, mas na verdade é feito de palha; a sua economia tem uma aparência sólida, mas, na sua essência, é especulativa e etérea. O modelo de negócio do Dubai é um esquema em zigurate, que assenta no princípio de que o dinheiro atrai dinheiro; é uma sopa de pedra em que o Dubai entra com a ambição e o capital e os ingredientes ficam integralmente por conta do Ocidente (massa cinzenta) e da Ásia Meridional (músculo); o seu milagre económico é uma ilusão óptica, uma miragem sob o sol do meio-dia do Deserto Arábico. O Dubai é um hino à crença de que é possível viver indefinidamente acima das nossas possibilidades. O Dubai é uma antevisão do sonho arrogante da humanidade de criar um modo de vida hipertecnológico que não depende dos recursos e serviços providenciados pela Terra, uma tecnosfera autónoma que prefigura as colónias quiméricas que Elon Musk ambiciona criar nos sáfaros desertos marcianos.

O Dubai é estéril em mais do que um sentido: já não possui riquezas no subsolo, os seus solos são infecundos, não produz bens transaccionáveis (com excepção do alumínio), nem conhecimento científico, nem artes, nem cultura. Os seus arranha-céus priápicos, os seus resorts faustosos, as suas avenidas imponentes e os seus monumentos espampanantes (que, por vezes, fazem alusões kitsch às tradições arquitectónicas islâmicas) foram concebidos por arquitectos e engenheiros ocidentais pagos a peso de ouro e construídos por indianos e paquistaneses tratados como recurso descartável.

A “baixa” da cidade do Dubai, em 2015

Os seus centros de investigação, universidades, incubadoras de startups e parques tecnológicos são guarnecidos por académicos estrangeiros aliciados por uma remuneração opulenta e uma taxação suavíssima. Estrangeiros são também os gabinetes de prospectiva e as empresas de consultoria que impingem aos governantes dubaienses projectos futuristas que prometem fazer do emirado um líder mundial de inovação e sustentabilidade, bem como as agências de marketing que difundem estas fantasias pelo planeta. Mesmo um apaixonado pela cultura árabe terá extrema dificuldade em nomear um escritor, um compositor, um pintor, um dramaturgo, um filósofo ou um cientista nascidos no Dubai e as listas de “celebridades” nativas do Dubai são maioritariamente preenchidas por membros da família Al Maktoum – a casa real do emirado – e por empresários. O Dubai rivaliza com Antuérpia como maior centro mundial do comércio de diamantes e representa um quarto do comércio mundial de ouro (parte dele contrabandeado da África do Sul, parte dele contrabandeado para a Índia), mas não só não produz diamantes nem ouro, como não é capaz de prover às necessidades básicas da população: boa parte do que se come vem de fora e a água de abastecimento público provém de centrais dessalinizadoras.

A economia e o estilo de vida do Dubai assentam num perdulário consumo de energia que, por enquanto, é sustentado pelo petróleo e gás dos outros emirados – mas o que acontecerá quando estes se esgotarem? Sem quantidades copiosas de energia (que as fontes renováveis nunca serão capazes de assegurar), as centrais dessalinizadoras deixarão de produzir água potável, deixará de funcionar o ar condicionado que torna possível viver no clima inclemente do Deserto Arábico, extinguir-se-ão as iluminações feéricas, deter-se-ão os elevadores dos arranha-céus, fenecerão num instante os jardins, relvados e campos de golfe plantados ao arrepio das condições edafoclimáticas, cessará a operação da fundição de alumínio (um processo que consome grande quantidade de electricidade) de Jebel Ali e derreterá a pista de ski do Dubai Mall, que é a 3.ª maior pista de ski interior do mundo e um dos maiores orgulhos dos dubaienses. Com muita tecnologia e muito dinheiro e usando recursos emprestados é possível afrontar durante algum tempo a natureza – mas esta acabará por fazer valer as suas regras implacáveis.

O Ski Dubai, visto do interior do Dubai Mall

Castelos de areia à beira-mar

O Dubai conseguiu, durante algum tempo, cativar vastos fluxos de capital anónimo e apátrida, atraído pela isenção do imposto sobre rendimentos e outros benefícios fiscais e por um véu de discrição, que tanto convém a quem não enriqueceu de forma lícita como a quem sente como esbulho o cumprimento das suas obrigações fiscais. Só em 2023, após investigações internacionais terem revelado uma pequena amostra da lavagem de dinheiro, do financiamento ao terrorismo e de outras moscambilhas que decorrem atrás das fachadas espelhadas da profusão de instituições financeiras e após a Financial Action Task Force ter incluído os EAU na sua “lista cinzenta”, é que as autoridades dos EAU anunciaram a intenção de criar uma entidade federal especializada em crimes económicos. Muitos milionários de países de duvidosos pergaminhos democráticos “estacionam” no Dubai as suas fortunas, não tanto pelo “ambiente de negócios” favorável, mas por verem o emirato como um refúgio seguro, ensolarado e aprazível na eventualidade de, no seu país de origem, caírem em desgraça junto do regime que os amparava, ou de se descobrir que o seu sucesso empresarial foi erguido sobre falcatruas. Mas convém lembrar que este tipo de capital, precisamente por ser apátrida, voará num ápice para qualquer outro paraíso fiscal que prometa maior discrição e menor taxação.

Parte dos 146.000 milhões de dólares de investimento imobiliário estrangeiro no Dubai correspondem ao tipo de clientes acima descrito: quem faz fortuna com esquemas ilícitos ou é natural de um país autocrático sabe que é conveniente ter sempre à mão uma mala com “essenciais” e um apartamento no Burj Khalifa ou uma moradia em Palm Jumeirah para onde fugir. Outros investidores – talvez a maioria – devem achar, simplesmente, que o lugar é chiquérrimo, muito bem servido de lojas Louis Vuitton e Hermès, soalheiro e banhado por um mar manso e invariavelmente tépido.

O Burj Khalifa, o mais alto edifício do mundo (828 metros)

As villas, hotéis e marinas nas ilhas artificiais, laboriosamente construídas através da dragagem e bombagem de areias do fundo do mar, são um dos mais emblemáticos projectos imobiliários do Dubai e seduziram muitas celebridades, mas a crise do subprime fez o entusiasmo esmorecer (ver Urinar no duche não adia o fim do mundo). Dos três grupos que formam as Palm Islands, apenas Palm Jumeirah teve o desenvolvimento previsto, enquanto Palm Jebel Ali e Palm Deira pouco mais são do que línguas de areia; o “arquipélago” The World mantém-se igualmente num estado incipiente e o projectado “arquipélago” The Universe foi cancelado definitivamente em 2015. Os atrasos e cancelamentos destes projectos megalómanos talvez acabem por evitar prejuízos maiores, já que é previsível que estas ilhas artificiais feitas de areia e apenas algumas dezenas de centímetros acima do nível do mar acabem engolidas pela subida do nível dos oceanos, decorrente das emissões de CO2 em que o próprio Dubai é recordista (há nisto alguma “justiça poética”).

Mas a maior ameaça para o sector imobiliário do Dubai não são as ondas do Golfo Pérsico: é o facto de os naturais do Dubai apenas representarem 1/10 da população e, num dia em que a economia estiole e o emirado perca os seus atractivos, os outros 9/10 regressarão aos respectivos países e o Dubai converter-se-á numa cidade-fantasma e o mercado imobiliário cairá a pique. Há muitas bolhas imobiliárias pelo mundo fora, mas nenhuma está tão empolada quanto a do Dubai.

O Dubai abandonado pelos estrangeiros enfrentaria outros problemas, não menos graves: como acontece noutras petromonarquias do Golfo Pérsico, os “nativos” estão, maioritariamente, empregados na burocracia estatal e são sobretudo os estrangeiros que asseguram o funcionamento dos sectores produtivos: dos bancos à recolha do lixo, do Centro Espacial Mohammed bin Rashid às empresas que instalam e mantêm aparelhos de ar condicionado, tudo depende de know-how especializado e/ou do trabalho braçal de imigrantes.

O Forte Al Fahidi, construído em 1787, é o mais antigo edifício do Dubai e alberga o Museu do Dubai. Naturalmente, não é para visitar tão humilde construção que os turistas viajam para o emirado

Também o turismo assenta em bases pouco firmes: uma vez que o património histórico poucos atractivos oferece – quase tudo no Dubai é de construção muito recente e mesmo os edifícios de aparência tradicional são, quase sempre, réplicas modernas –, o turismo é movido essencialmente pelo consumismo – o Dubai é o megacentro comercial duty-free do Médio Oriente – e pelo novo-riquismo – a única coisa que a cidade oferece à vista é riqueza ostentatória e modernidade filistina, mas há cada vez mais pessoas que se extasiam (e até se excitam sexualmente) na contemplação da riqueza ostentatória e da modernidade filistina. Por outras palavras: as expressões públicas de luxo e abundância atraem turistas ricos e ávidos de consumo, que geram pingues receitas, que, por sua vez, permitem ao Estado e aos empresários criar expressões públicas de luxo e abundância ainda mais espectaculares. A profusão de arquitectura exibicionista atinge a sua máxima expressão na Dubai Frame, um monumento com 150 metros de altura destinado a promover “o novo rosto do Dubai” e inaugurado em 2018 – a principal função desta estrutura (que custou 43 milhões de dólares) é a de miradouro, como se houvesse falta de miradouros numa cidade com 395 arranha-céus. Na verdade a função da Dubai Frame é similar à das penas de um pavão: serve para proclamar que o Dubai é tão próspero que pode dar-se ao luxo de gastar 43 milhões de dólares numa extravagância vistosa e completamente inútil.

A fragilidade do modelo económico do Dubai ficou patente durante a crise do subprime de 2007-08, que provocou forte retracção na procura imobiliária e no turismo e deixou o emirado à beira da bancarrota, de que só se salvou graças a um generoso empréstimo do Abu Dhabi. Mas é improvável que os seus vizinhos voltem a atirar-lhe uma bóia de salvação: as petromonarquias do Golfo Pérsico estão a preparar-se para o declínio das receitas do petróleo e gás natural, em resultado do esgotamento das suas reservas ou da descarbonização da economia mundial (seja o que for que ocorra primeiro) e o modelo económico pós-petróleo que estão a delinear é decalcado do que tem sido seguido pelo Dubai há décadas: implementação de centros financeiros e de negócios, fomento do sector imobiliário de luxo e desenvolvimento de projectos ecofuturistas de escala megalómana e viabilidade duvidosa. Se este modelo de desenvolvimento aplicado aos 4114 km2 do emirado do Dubai já dá sinais de não ser sustentável, a multiplicação de dezenas de Dubais pela Península Arábica só pode redundar num colossal fiasco.

Conflito de interesses: uma breve introdução

A escolha de um paradigma da insustentabilidade ambiental como o Dubai como local para a realização da COP28 pode parecer bizarro, mas talvez não o seja mais do que a atribuição pela FIFA da organização do Mundial de Futebol de 2022 ao Qatar e, quem sabe, talvez tenha envolvido pressões, compensações e “operações de charme” similares – afinal, não é novidade que as petromonarquias do Golfo Pérsico dispõem de invulgar poder persuasivo junto de governos, parlamentos e instituições internacionais (cf. o escândalo “Qatargate”, envolvendo o Parlamento Europeu).

O que nesta COP28 é mesmo difícil de justificar – pelo menos é o que entendem algumas organizações ambientalistas – é a nomeação de Ahmed Al Jaber, ministro da Indústria e Tecnologia Avançada dos EAU e director executivo da Companhia Nacional de Petróleo do Abu Dhabi (ADNOC, na sigla inglesa), para presidir ao evento.

Ahmed Al Jaber

Ahmed Al Jaber (n.1973) licenciou-se em engenharia química na Universidade da Califórnia do Sul (Los Angeles), obteve um MBA na Cal State (também em Los Angeles) e doutorou-se na Universidade de Coventry (Reino Unido) e os seus estudos nos EUA foram financiados pela Companhia Nacional de Petróleo do Abu Dhabi (ADNOC, na sigla inglesa), onde trabalha desde que concluiu a formação. Após, em 2016, ter sido promovido a director executivo da ADNOC, pôs em marcha um plano para aumentar a produção da ADNOC de 3 milhões de barris/dia para 5 milhões em 2030. A presença de Al Jaber na economia e governação dos EAU é tentacular: além de ser ministro de Estado (desde 2013), é presidente do Banco de Desenvolvimento dos Emirados, do conselho de administração da Universidade de Inteligência Universal Mohamed bin Zayed e de várias sucursais da ADNOC, e é membro dos conselhos de administração do First Abu Dhabi Bank, da Autoridade do Investimento dos EAU, do Conselho Supremo do Abu Dhabi para Assuntos Financeiros e Económicos, da Emirates Global Aluminium, da Universidade Khalifa e de uma constelação de outras instituições relevantes nos domínios económico, tecnológico, académico e diplomático.

Neste extenso rol de funções e cargos, é crucial mencionar a Abu Dhabi Future Energy Company, mais conhecida como Masdar, uma empresa estatal de energias renováveis que Al Jaber fundou em 2006 (e de que continua a ser director executivo) e que logo anunciou a construção do projecto “verde” de Masdar City, no Abu Dhabi. É possível que tal tenha contribuído para que, em 2009, o então Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, tenha nomeado Al Jaber como membro do seu Grupo de Aconselhamento sobre Energia e Alterações Climáticas (AGECC, na sigla inglesa). E foi, em parte, graças às diligências empreendidas por Al Jaber que em 2009 foi decidido que a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA, na sigla inglesa) teria a sua sede em Masdar City. Esta cidade-modelo – que se apresenta como “um hub de tecnologia e negócios de nível internacional e uma “inovadora comunidade urbana sustentável” – continua, 17 anos após ter sido anunciado, a ter ténue materialização no terreno, mas tem cumprido a contento a sua missão como “greenwasher” da real política energética dos EAU.

Já que se menciona o “greenwashing”, não constitui surpresa que a COP28 tenha entre os seus principais patrocinadores a Masdar, o centro financeiro ADGM (Abu Dhabi Global Market), a Dubai Holding (cujo capital é detido em 99.6% pelo emir do Dubai e cuja actividade é dominada pelo imobiliário e comércio de luxo), os bancos Emirates NBD e First Abu Dhabi Bank e a empresa de telecomunicações Etisalat (a 18.ª maior do mundo, com um valor de mercado de 46.000 milhões de dólares) – a COP

Luxo pseudo-historicista ao estilo de Las Vegas: O resort de 5 estrelas Madinat Jumeirah, no Dubai, inaugurado em 2004, foi o primeiro grande empreendimento da Dubai Holding; ocupa 40 hectares e inclui três hotéis boutique, 29 casas de Verão e meia centena de restaurantes e bares

Enquanto tiver pessoas de confiança instaladas em posições-chave nas instituições e plataformas internacionais que avaliam e delineiam as políticas e investimentos na área da energia e o combate às alterações climáticas, o lobby dos combustíveis fósseis receberá com um bocejo enfadado as recriminações azedas de Greta Thunberg e os discursos bombásticos de António Guterres e fará um esgar de desdém perante os activistas que se colam ao piso de ruas movimentadas e “emboscam” ministros. A primeira medida a tomar para que as COPs pudessem ter um mínimo de eficácia ou, pelo menos, acendessem uma ínfima centelha de esperança, seria atribuir, de forma rotativa, a sua organização e presidência às nações insulares duplamente ameaçadas pela subida do nível dos oceanos e pela erosão dos recifes devido ao branqueamento dos corais decorrente do aumento da temperatura do oceano – Kiribati, Tuvalu, Palau, Ilhas Maldivas, Ilhas Fiji, Ilhas Marshall e Ilhas Salomão – e não aos directores executivos das empresas que promovem a sua ruína.

Nota: este é o primeiro de dois artigos sobre a COP28; no próximo abordar-se-ão os pouco encorajadores desenvolvimentos ocorridos desde a COP27.