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Estes são os vencedores dos prémios neurociências da SCML

A ciência em Portugal deu (pelo menos) mais um passo no que toca a terapias para lesões vertebromedulares e ao tratamento da doença de Alzheimer e de Parkinson. E a SCML contribui para isso.

Nove edições depois — cinco, no caso do Prémio João Lobo Antunes —, os Prémios Santa Casa Neurociências continuam a permitir à ciência concretizar as suas investigações, alcançar novos resultados, chegar mais longe. Que o digam Maria José Diógenes e António Gomes Salgado, vencedores da edição deste ano do Prémio Mantero Belard e do Prémio Melo e Castro, respetivamente, que viram os seus projetos serem novamente distinguidos com estes prémios. Uma repetição que só foi possível graças ao apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que permitiu o desenvolvimento de ambas as investigações até ao ponto em que se encontram hoje.

“É a Santa Casa e a comunidade quem tem de vos agradecer.” 
Edmundo Martinho, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Também Daniela Pimenta da Silva viu o seu trabalho reconhecido, com o Prémio João Lobo Antunes. Três vencedores que, no momento da entrega dos prémios — que decorreu dia 13 de dezembro, nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa —, não deixaram de agradecer à SCML, enaltecendo o contributo da instituição para o avanço da investigação científica em Portugal. Mas para o Provedor da SCML, Edmundo Martinho, o agradecimento deve ser no sentido inverso: “É a Santa Casa e a comunidade quem tem de vos agradecer.”

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Afinal de contas, são projetos que nos permitem encarar a saúde de forma mais positiva, como relembrou Catarina Resende de Oliveira, presidente do júri dos Prémios Santa Casa Neurociências: “Volvidos 9 anos, podemos olhar o futuro com esperança.”

"Precisamos, agora, de fazer ensaios muito detalhados in vivo, para escolher as doses adequadas para maximizarmos os efeitos terapêuticos e minimizarmos os efeitos tóxicos. E, portanto, o financiamento vai permitir-nos fazer estes estudos."
Maria José Diógenes, vencedora do prémio Mantero Belard

Novo composto neuroprotetor na luta contra a doença de Alzheimer

Maria José Diógenes não é uma estreante nestes prémios: em 2017, a neurofarmacologista e a sua equipa do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes tinham já sido vencedoras deste galardão, com o projeto “Nova estratégia terapêutica e novo biomarcador para a Doença de Alzheimer baseados na clivagem do recetor BDNF”. Quatro anos depois, a investigadora continua a explorar o tema, querendo desbravar mais caminho, para entender ou até tratar uma doença, que, segundo a Alzheimer Portugal, afeta cerca de 7.853.705 pessoas só na União Europeia.

“Com o primeiro Prémio [Mantero Belard] que ganhámos, conseguimos inventar/criar um novo composto para o tratamento da Doença de Alzheimer. Provámos que este composto funciona do ponto de vista molecular e protege o alvo terapêutico que nós queremos proteger. Precisamos, agora, de fazer ensaios muito detalhados in vivo, para escolher as doses adequadas para maximizarmos os efeitos terapêuticos e minimizarmos os efeitos tóxicos. E, portanto, o financiamento vai permitir-nos fazer estes estudos”, explica Maria José Diógenes.

"Vamos arranjar uma forma de fazer uma monitorização terapêutica da eficácia do tratamento, para depois, se possível nos humanos, podermos ter doses selecionadas para doentes selecionados."
Maria José Diógenes, vencedora do prémio Mantero Belard

Mas os projetos para a aplicação do financiamento de 200 mil euros do Prémio Mantero Belard não se ficam por aqui: “Em paralelo, vamos arranjar uma forma de fazer uma monitorização terapêutica da eficácia do tratamento, para depois, se possível nos humanos, podermos ter doses selecionadas para doentes selecionados”, acrescenta.

No momento de entrega do Prémio, Maria José Diógenes não pôde deixar de referir a importância da SCML no apoio à ciência, assim como a relevância da sua equipa, da qual fazem parte 15 elementos de várias instituições.

Secretoma: uma chave para as lesões vertebromedulares

“O nosso projeto assenta numa palavra: secretoma”, começou por evidenciar António Salgado, vencedor do Prémio Melo e Castro pela terceira vez (fora o vencedor do galardão na edição de 2013 e na de 2017). “O secretoma é uma particularidade das células que é muito simples de explicar: conforme nós comunicamos por palavras e por gestos, as células também têm necessidade de comunicar. E comunicam enviando sinais — esses sinais são proteínas, chamadas fatores de crescimento — uma para a outra, e não só; uma célula consegue instruir a outra sobre o que fazer”, explicou ao Observador. “O que nós percebemos há uns anos é que estes sinais podem ser usados para induzir regeneração.

“O que nós percebemos há uns anos é que estes sinais podem ser usados para induzir regeneração. Essencialmente, regeneração no sistema nervoso central e, em particular, em lesões vertebromedulares.”
António Salgado, vencedor do Prémio Melo e Castro

Essencialmente, regeneração no sistema nervoso central e, em particular, em lesões vertebromedulares”, adianta. O objetivo principal do projeto de António Salgado e equipa é a validação desta estratégia “em modelos que, no fundo, imitam quer o tecido humano numa placa de Petri, quer em modelos pré-clínicos, em modelos animais”, refere.

O biólogo do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde da Escola de Medicina da Universidade do Minho admite que o impacto do Prémio Melo e Castro, no valor de 200 mil euros, é “bastante significativo”, quer para o projeto em si quer para a formulação da própria equipa: “Vai permitir-nos desenvolver um conceito, que nós já validámos com um conjunto de experiências-piloto, que nos demonstra que a ideia tem potencial — o que sem este financiamento não iria acontecer.

De referir também o impacto que os Prémios Santa Casa Neurociências tiveram no desenvolvimento da nossa equipa: em 2013, quando recebemos pela primeira vez este prémio, a nossa equipa era constituída por seis pessoas (dois doutorados e quatro alunos de pós-graduação); hoje em dia, é composta por 30 pessoas (10 doutorados, dois técnicos de laboratório e 18 alunos de pós-graduação). Os Prémios Santa Casa Neurociências tiveram um contributo enorme para o desenvolvimento desta equipa e não só: para o desenvolvimento dos conceitos que acabaram nas ideias, que nos deram o Prémio de 2021”, salienta.

A tecnologia ao serviço da saúde

Além dos Prémios Santa Casa Neurociências, foi também entregue o Prémio João Lobo Antunes. Para Válter Fonseca, Presidente do júri do prémio, “entregar este prémio é lembrar o médico, cientista, humanista e, sobretudo, a pessoa singular” que foi João Lobo Antunes.

"De referir também o impacto que os Prémios Santa Casa Neurociências tiveram no desenvolvimento da nossa equipa: em 2013, quando recebemos pela primeira vez este prémio, a nossa equipa era constituída por seis pessoas (dois doutorados e quatro alunos de pós-graduação); hoje em dia, é composta por 30 pessoas (10 doutorados, dois técnicos de laboratório e 18 alunos de pós-graduação)."
António Salgado, vencedor do Prémio Melo e Castro

Dos sete projetos que concorreram ao prémio, no valor de 40 mil euros, destacou-se o liderado por Daniela Pimenta da Silva, com o tema Virtual reality for the non-pharmacological management of Parkinson’s disease (Realidade virtual para uma gestão não-farmacológica da Doença de Parkinson).

A interna de medicina — este prémio destina-se a licenciados de medicina em regime de internato médico — debruçou-se sobre um ensaio clínico em humanos, em que se pretende “avaliar um software de realidade virtual como ferramenta para a reabilitação dos doentes com Doença de Parkinson”, explica. Atualmente, os tratamentos para esta patologia assentam apenas em sintomas motores, mas tem-se dado cada vez mais importância à “utilização de equipas multidisciplinares na intervenção terapêutica dos doentes com Doença de Parkinson. E a neurorreabilitação tem tido um papel importante no tratamento não-farmacológico dos doentes”, aponta a médica.

“Avaliar um software de realidade virtual como ferramenta para a reabilitação dos doentes com Doença de Parkinson.”
Daniela Pimenta da Silva, vencedora do Prémio João Lobo Antunes

Porém, a adesão às terapêuticas de fisioterapia por parte destes doentes é baixa. E é aqui que entra a tecnologia: “A realidade virtual surge como alternativa que pode complementar a reabilitação dos doentes da Doença de Parkinson, ao trazer entusiasmo e motivação, por proporcionar feedback imediato com recompensa e sucesso implícitos”, explica. Assim, Daniela e a equipa (da qual fazem parte o Serviço de Neurologia, do Departamento de Neurociências e Saúde Mental, do Hospital Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte; e o Laboratório de Farmacologia Clínica e Terapêutica, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa) pretendem “estudar a viabilidade, a segurança e a eficácia da realidade virtual imersiva no tratamento não-farmacológico nos sintomas motores da Doença de Parkinson, com recurso aos óculos de realidade virtual”, refere.

O Prémio João Lobo Antunes vem permitir a realização desse estudo, sendo fundamental para a “aquisição dos óculos de realidade virtual e de todas as ferramentas informáticas para a implementação desta intervenção terapêutica, além de permitir recrutar recursos humanos — nomeadamente, fisioterapeutas que são essenciais para a condução da intervenção — e apoiar a deslocação dos doentes ao centro onde se irá desenrolar o projeto”, enumera Daniela Pimenta da Silva.

“A realidade virtual surge como alternativa que pode complementar a reabilitação dos doentes da Doença de Parkinson, ao trazer entusiasmo e motivação, por proporcionar feedback imediato com recompensa e sucesso implícitos”
Daniela Pimenta da Silva, vencedora do Prémio João Lobo Antunes

O papel da SCML para a comunidade científica

Ao longo dos 9 anos dos Prémios Santa Casa Neurociências e cinco do Prémio João Lobo Antunes, a SCML investiu 3,8 milhões de euros em investigação, contribuindo e promovendo, de forma significativa, a investigação médica e científica de excelência nesta área. Das várias edições, o júri tem visto grandes projetos. Catarina Resende de Oliveira, presidente do júri dos Prémios Santa Casa Neurociências e que desde o início faz parte destes galardões (contribuindo, inclusive, para sua criação), revela ser “uma enorme satisfação” poder presidi-los.

“Estudar a viabilidade, a segurança e a eficácia da realidade virtual imersiva no tratamento não-farmacológico nos sintomas motores da Doença de Parkinson, com recurso aos óculos de realidade virtual.”
Daniela Pimenta da Silva, vencedora do Prémio João Lobo Antunes

“Quando estamos ligados a este tipo de atividades — que são atividades científicas — e avaliamos os prémios, nós também aprendemos muito”, avança. Pelas suas mãos, foram vários os projetos que já passaram, admitindo ser, muitas vezes, difícil escolher o vencedor, uma vez que os projetos-candidatos são projetos “bem estruturados, bem desenhados, que envolvem equipas multidisciplinares, tendo uma qualidade muito elevada, de uma maneira global”, descreve. “É um verdadeiro desafio selecionarmos o projeto vencedor. E por isso temos sempre um júri alargado e discussões abertas. Depois, é extremamente compensador atribuir estes prémios e ver as equipas de investigação crescer com este tipo de apoios”, refere.

“Quando estamos ligados a este tipo de atividades — que são atividades científicas — e avaliamos os prémios, nós também aprendemos muito.”
Catarina Resende de Oliveira, presidente do júri dos Prémios Santa Casa Neurociências

Válter Fonseca, que preside o júri do Prémio João Lobo Antunes, corrobora Catarina Resende de Oliveira, quando confrontado sobre a dificuldade de se encontrar um projeto vencedor: “É difícil [encontrar um vencedor]. Os projetos são ambiciosos. São projetos que nos dão trabalho, enquanto júri, para analisar, mas isso também torna muito mais meritório o vencedor, porque sabe que enfrentou uma prova difícil.”

“É difícil [encontrar um vencedor]. Os projetos são ambiciosos. São projetos que nos dão trabalho, enquanto júri, para analisar, mas isso também torna muito mais meritório o vencedor, porque sabe que enfrentou uma prova difícil.”
Catarina Resende de Oliveira, presidente do júri dos Prémios Santa Casa Neurociências

O apoio da SCML à comunidade científica ficou evidente nas palavras do Provedor: “Contem connosco.” Para Edmundo Martinho, “estes Prémios, desde 2013, foram ganhando progressivamente um espaço particular na investigação em Portugal”, refere. “São, hoje, reconhecidamente, um instrumento essencial neste domínio de investigação, e nós continuamos completamente disponíveis e empenhados em continuar a contribuir para que isso continue a acontecer”, remata.

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