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A Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, em frente ao Estádio do Bessa, foi também um dos locais de voto no Porto para estas presidenciais.
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A Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, em frente ao Estádio do Bessa, foi também um dos locais de voto no Porto para estas presidenciais.

Rui Oliveira/Observador

A Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, em frente ao Estádio do Bessa, foi também um dos locais de voto no Porto para estas presidenciais.

Rui Oliveira/Observador

Filas, distanciamento cumprido, votos em silo automóvel e algumas críticas: "Ridícula a data"

Num ano com mais locais de voto, a afluência às urnas no Porto foi grande esta manhã. Alguns desistiram das filas, mas muitos elogiaram a rapidez e organização. Data das eleições foi a grande crítica.

Ainda faltavam 20 minutos para as portas abrirem, mas na Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto, a fila para votar já chegava à Igreja Românica, ali mesmo ao lado. “Ena pá, ninguém dormiu? Isto é tudo para votar?”, questiona uma eleitora que, mesmo surpreendida com o cenário, não desiste e junta-se à fila com cerca de 40 pessoas. Nesta escola, as secções de voto foram reduzidas para metade do que é habitual devido à pandemia, mas o movimento indicava que seria uma manhã preenchida por ali. Às 8h em ponto deste domingo duas funcionárias começaram a encaminhar os eleitores para as respetivas secções de voto. E, em poucos minutos, a fila avançou.

De máscara no rosto, caneta e cartão de cidadão na mão, João Feijão, de 53 anos, foi dos primeiros a votar nesta escola. Tinha “três ou quatro pessoas à frente” e diz não ter sentido qualquer dificuldade ou insegurança durante o processo de voto, já tendo conhecimento prévio da secção onde teria de votar. “Foi rápido e eficiente. Tinha muito pouca gente na minha secção, por isso é que também vim cedo”, conta ao Observador. Pelo meio, alguns eleitores mais velhos tentavam perceber para onde tinham de ir, olhavam para as várias entradas, tentavam decifrar as folhas afixadas na parede com o número das secções e procuravam pelas “senhoras dos coletes amarelos” que lhes pudessem dar mais informações e esclarecer dúvidas.

O percurso que João Feijão teve de fazer “não foi muito diferente do que fazia antes”, quando a pandemia não existia. Agora, aponta apenas uma defeito: “O circuito de regresso estava um bocadinho mal sinalizado. Regressei pela entrada, devia ter um percurso diferente, mas de resto estava tudo bem organizado”. À entrada de cada secção, havia filas com cerca de cinco pessoas à espera, distanciadas, e salas de voto onde só entrava uma pessoa de cada vez. Houve quem tivesse vindo prevenido com luvas para votar, mas em cada mesa de voto existia também uma embalagem de álcool-gel para desinfetar as mãos.

A afluência às urnas registada até às 12h00 é a maior desde as eleições presidenciais de 2006

Rui Oliveira/Observador

Ana Ribeiro, de 53 anos, veio com a filha votar a esta escola “sem muito receio” por estar em plena pandemia. Chegou cedo para não apanhar uma grande afluência às urnas, confessa que ainda vinha indecisa quanto ao seu voto, mas assegura que não sentiu que a espera tenha sido muito longa — diz até que “foi muito mais rápido do que as outras vezes”. Já quanto às regras, não tem dúvidas: “Estava organizado, houve distanciamento em relação aos anos anteriores e há bastantes cuidados de higiene. Foi entrar, mostrar o cartão de cidadão, desinfetar as mãos e votar com a caneta que trouxe”, sublinha ao Observador.

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Cumprir um dever cívico, mas com uma crítica: “Este dia de eleições devia ter sido adiado”

Numa zona mais movimentada, a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, em frente ao Estádio do Bessa, foi também um dos locais de voto no Porto para estas presidenciais. Do exterior, através das grades que contornam a escola, já era possível ver várias filas formadas num campo do recreio. “Não vou estar nesta fila toda, quero lá saber”, comentam, desiludidas, algumas pessoas à porta da escola, que não hesitaram em voltar para trás quando viram o tamanho da fila. Umas dizem que voltam mais tarde, outras garantem que não voltam de todo.

Logo à entrada, uma funcionária encaminha todos os que ali chegam: “Ao fundo à direita, por favor”, repetia a cada eleitor. Quando alguém saía por aquele lado, o da entrada, ouvia-se o aviso: “Ai ai, não pode sair por aqui, era do outro lado”. Mas lá se deixava passar. Nesta escola, as filas são formadas ao ar livre antes de se entrar para cada secção, a indicação do local de voto vem colada em cadeiras azuis colocadas no recreio e existem três filas diferentes, separadas por uma fita e por sinalética colada no chão.

Rui Oliveira/Observador

Assim que era possível, uma outra funcionária anunciava os eleitores que poderiam avançar para o interior da escola. “Fizeram chamadas, três pessoas de cada vez para cada secção e entramos para a sala de voto. As pessoas estavam bem separadas uma das outras”, conta Idalina Pinheiro, de 58 anos, que chegou com o marido às 9h25 e em menos de 20 minutos conseguiu votar. Apesar de elogiar a rapidez e organização de todo o processo, Idalina aponta uma crítica que vai sendo unânime entre os eleitores: “Deveriam ter pensado nestas eleições para outra altura, talvez fosse mais adequado. É que estamos mesmo no auge da pandemia”.

Da mesma opinião é Paulo Guedes, que veio votar a esta escola com a mãe pela primeira vez, tendo em conta que até agora tudo era feito na Escola Básica e Secundária Clara de Resende, mesmo ao lado. “É uma questão de mostrar realmente ao país que se estamos todos confinados poderia haver esse esforço de adiar as eleições. Entendo que talvez não fosse possível, mas não foi a melhor altura. Em termos de segurança, felizmente, correu tudo bem e se as pessoas quiserem vir votar podem vir. É muito seguro”, refere ao Observador, à saída da escola, 15 minutos depois de ter chegado. O voto “não vinha completamente definido, mas bem encaminhado” e o balanço que faz da campanha eleitoral é que, “em si, nem foi sequer campanha”.

Também no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) a fila com cerca de 40 pessoas que se formava à entrada indicava logo que ali era para se votar. A secção 25 foi “a mais complicada”, segundo os funcionários, mas tudo o resto estava a andar com rapidez. Maria Isabel Vales, de 52 anos, “votou em cinco minutos”, mesmo tendo estado durante algum tempo no sítio errado. “Vi tanta gente e achei que era a fila para entrar. Depois vieram especificar que aquilo era para a mesa 25 e eu como era de outra saí e entrei muito rápido. Até gostava de saber que letras são as da secção 25, porque até pensei que a minha — como é M e há tantas Marias — fosse uma das filas com maior problema. Mas não, correu tudo bem”, explica, sublinhando que em termos de organização “não há nada a apontar”.

Sobre a data escolhida para as presidenciais, Maria Isabel também é clara: “Este dia de eleições devia ter sido adiado. Acho que é necessário fazer alguma coisa em relação à constituição e foi lamentável que não o tivessem feito. A campanha também deveria ter sido muito mais elucidativa. Apesar de termos uma panóplia de candidatos — o que é bom — faltou algo na abordagem dos verdadeiros problemas do país. E isso falhou. E aí o poder político tem que acordar e tem que perceber que tem, de facto, que se virar para a população e que tem que descer à terra e vir ter connosco porque isto pode vir a correr mal no futuro”.

No Instituto Superior de Engenharia do Porto formou-se uma fila à entrada, mas tudo circulou com rapidez

Rui Oliveira/Observador

Toda a situação, refere, pesou na decisão do voto que, apesar de ser em circunstâncias de pandemia, não deixou de ser exercido. “Voto sempre, mesmo nestas circunstâncias é essencial. É aqui que somos chamados à cidadania e é a nossa capacidade de podermos emitir uma vontade nossa e que não seja a vontade dos outros”, sublinha. A abstenção é o que mais preocupa Maria Isabel, não só este domingo como no futuro. Tudo “por culpa de quem não conseguiu prever o que podia vir por aí”.

“Já é habitual haver uma grande abstenção. Nestas eleições seria ainda mais expectável, dado o possível resultado e a situação da pandemia, com os dados dos últimos dias. Isto deveria ter sido previsto e deveria ter sido adiado. Acho que a abstenção poderá ser um grande problema e parece-me que em todas as eleições é exatamente aquele ponto que tem de ser combatido. Tem de se ir buscar esta gente que não vem votar”, reforça.

Fernando Figueiredo, de 57 anos, considera a situação “ridícula”. “Vim porque é um dever cívico, mas sou contra a data escolhida. Era para a Presidência da República, podia-se perfeitamente ter adiado dois ou três meses, não era nada demais, seria pacífico. Não faz sentido nenhum numa altura destas, no estado em que estamos, estarmos a ‘quebrar’ o confinamento para vir votar”, refere o eleitor, que também conseguiu votar “em dez minutos” e sem filas. O mau tempo, refere, podia ter provocado uma abstenção ainda maior, “mas o tempo agora ajudou”.

De teatros a parques de estacionamento, um número recorde de locais de voto

A pandemia de Covid-19 obrigou a novas regras na votação, incluindo uma diminuição do número de eleitores distribuídos por cada mesa de voto — antes eram até 1.500, agora o máximo é mil. Foi por essa razão que também este ano se atingiu um número recorde de mesas e locais de voto no Porto: 225 mesas de voto distribuídas por 46 locais, de acordo com os dados da Câmara Municipal do Porto. As sete freguesias da cidade organizaram-se para disponibilizar mais mesas de voto e, assim, diminuir a sobrecarga dos cadernos eleitorais atribuídos.

O Teatro Carlos Alberto, no centro do Porto, foi um dos locais que teve mesas de voto pela primeira vez

Rui Oliveira/Observador

Foi por esta alteração que também este ano houve quem tivesse votado pela primeira vez num local diferente. E houve edifícios que se estrearam com mesas de voto, como é o caso do parque de estacionamento do Silo-Auto, da Reitoria da Universidade do Porto, do Mercado Ferreira Borges e ainda do Teatro Carlos Alberto. Neste último local, uma funcionária conta ao Observador que a manhã foi muito concorrida, apesar de só existirem duas secções de voto e o movimento ser relativamente tranquilo.

Em várias escolas e pavilhões do Porto, o cenário foi de tranquilidade, mesmo com as filas que foram crescendo ao longo do dia. Houve quem desistisse, quem criticasse a data escolhida para votar, mas muita gente, tal como Idalina Pinheiro, fez questão de sair de casa durante a pandemia para escolher o próximo Presidente da República. “Vim cumprir o meu dever e fico arrumada para o resto do dia. Agora vou voltar para casa”. E de regresso ao confinamento.

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