790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

"Moreira da Silva? Nos momentos em que o PSD foi oposição nunca esteve na primeira linha"
i

"Moreira da Silva? Nos momentos em que o PSD foi oposição nunca esteve na primeira linha"

TIAGO PETINGA/LUSA

"Moreira da Silva? Nos momentos em que o PSD foi oposição nunca esteve na primeira linha"

TIAGO PETINGA/LUSA

Miguel Relvas: "Montenegro tem mais condições para ser um bom líder da oposição"

Em entrevista ao Observador, antigo ministro de Passos Coelho sugere que Luís Montenegro está em melhores condições de suceder a Rui Rio, a quem não poupa críticas. "Foi um péssimo melão", diz.

Miguel Relvas não o diz com todas as letras, mas já escolheu o seu candidato à liderança do PSD: Luís Montenegro. Para o antigo ministro de Pedro Passos Coelho, o homem de Espinho leva vantagem sobre o seu adversário pelo trabalho reconhecido como líder parlamentar e é o homem certo para este contexto, “um dos momentos mais importantes da história do PSD”.

Em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, Relvas reconhece méritos a Jorge Moreira da Silva, mas não deixa de notar que o antigo ministro do Ambiente esteve sempre ausente quando o PSD esteve arredado do poder. “Nos momentos em que o PSD foi oposição nunca esteve na primeira linha da frente política”, sugere.

Mesmo sem esconder a preferência por Carlos Moedas ou Miguel Pinto Luz, Miguel Relvas entende que Montenegro, vencendo as eleições, não será um líder a prazo. De resto, o social-democrata chega mesmo a lembrar Durão Barroso, a quem todos vaticinavam um destino muito curto à frente do partido, como exemplo a seguir.

Sobre uma eventual candidatura de Pedro Passos Coelho à Presidência da República, Relvas desdobra-se em elogios ao antigo primeiro-ministro, mas deixa nas mãos do próprio qualquer iniciativa nesse sentido. “Não tenho dúvidas de que se o líder do PSD pedir ajuda a Pedro Passos Coelho e quiser contar com a sua colaboração, ele a dará.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[Ouça aqui a Vichyssoise]

Elefante de Costa, PCP azedo e a escolha de Relvas

“Quando o PSD foi oposição, Moreira da Silva nunca esteve na primeira linha”

Vamos diretos ao ponto: Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva, qual dos dois está em melhores condições de liderar o PSD?
Este é um dos momentos mais importantes da história do PSD. O partido nunca esteve numa situação tão frágil. Tem pela frente questões estratégicas e a sobrevivência como maior partido da oposição. Esta liderança não foi capaz de consolidar o PSD como grande partido. Rui Rio recebeu o partido como o maior partido português e entrega-o claramente reduzido e com uma grande dispersão à sua direita. A boa notícia é que, independentemente das circunstâncias de cada um dos candidatos, a verdade é que é tranquilo que ganhe um ou outro.

Certo, mas não vai tomar partido?
Tomarei, não sou conhecido por fugir às minhas responsabilidades e não defender aquilo em que acredito. O PSD tem-se assumido como um partido alternativo ao PS, tem de voltar a liderar a agenda política para liderar a oposição. Não tem de se preocupar com outros partidos à sua direita. O reflexo do peso dos partidos à direita do PSD resulta do facto de o PSD ter sido incompetente enquanto alternativa e de não ser capaz de ser oposição. IL e o Chega atingiram os resultados que atingiram por essa razão. Está nas mãos do PSD ser capaz de os tornar mais reduzidos.

Mas conhece bem os dois candidatos. Nesta altura, ainda não consegue dizer qual acha que pode ser o melhor líder?
O PSD tem de ser capaz de fazer oposição e Luís Montenegro tem a grande vantagem de já ter feito oposição — foi líder parlamentar na oposição. Jorge Moreira da Silva tem maior experiência governativa por vicissitudes da sua vida profissional. Mas nos momentos em que o PSD foi oposição nunca esteve na primeira linha da frente política. Quando Sócrates ganhou a maioria absoluta, esteve em Belém. Quando o PSD esteve na oposição em 2015 já não estava em Portugal. Luís Montenegro tem essa grande vantagem.

Fica claro que vai apoiar Luís Montenegro.
À partida, identifico-me mais com as suas posições. Não tenho de o dizer já, não estou na política ativa. Mas acredito que Luís Montenegro tem mais condições para ser um bom líder da oposição neste momento e nestas circunstâncias.

"Quando Sócrates ganhou a maioria absoluta, Moreira da Silva esteve em Belém. Quando o PSD esteve na oposição em 2015 já não estava em Portugal. Luís Montenegro tem essa grande vantagem"

“A liderança de Rio excluía e marginalizava”

Houve aqui uma mudança de opinião, já que em 2019 apoiou Miguel Pinto Luz quando na corrida estava também Luís Montenegro…
As circunstâncias também se alteram. Tenho de equacionar perante os candidatos que tenho. Se Pinto Luz fosse candidato, apoiá-lo-ia. Mas não é. Em 2022, penso que precisamos de uma oposição forte e alternativa, e de uma liderança capaz de unir, que inclua. Nós vivemos estes últimos anos com uma liderança que excluía, marginalizava. O PSD, mais do que um partido é uma frente política, onde cabem várias pessoas, mais ou menos conservadoras, mais ou menos liberais. Houve uma tentativa de transformar o PSD do centro, que é uma coisa que não existe.

Em teoria, Luís Montenegro parte na frente da corrida. Jorge Moreira da Silva tem condições para convencer o aparelho social-democrata ou a eleição está entregue?
As eleições não estão definidas à partida. O PSD é um partido profundamente democrático e até conseguiu resistir a muitas das malfeitorias que foram feitas ao longo dos últimos quatro anos.

Malfeitorias de quem?
A última liderança do PSD quis afastar pessoas, quis excluir, a ideia era “o partido é meu e só meu”. A ideia de que é dono do partido. Isso não existe. Sá Carneiro fundou o PSD e foi posto em causa, lutou para se manter, para que as suas ideias vingassem e isso aconteceu com todos os líderes dos partidos. O líder do partido não pode funcionar com a razão da força, tem de funcionar com a força da razão.

"Se Pinto Luz fosse candidato, apoiá-lo-ia. Mas não é. Em 2022, penso que precisamos de uma oposição forte e alternativa, e de uma liderança capaz de unir, que inclua"

“Montenegro demonstrou capacidade na oposição”

Não há um nome mais bem colocado do ponto de vista da simpatia do aparelho?
Os militantes do PSD sabem que o líder tem de ter grande experiência de oposição. Acredito que isso traga vantagem a Luís Montenegro. Ele foi oposição no Parlamento, foi líder parlamentar, demonstrou capacidade, confrontando o PS e António Costa com posições claras e propostas muito afirmativas, construindo uma alternativa.

Tanto Montenegro como Moreira da Silva reclamam a herança passista. É uma apropriação indevida ou os dois têm características que fazem deles sucessores naturais de Passos?
Na política, quem não tem orgulho na sua história, não vai longe. É muito positivo que Moreira da Silva e Montenegro tenham um orgulho no passado do PSD e dos seus líderes. É parte significativa do nosso ADN.

Ainda no início de março disse que Carlos Moedas ganharia se avançasse com uma candidatura à liderança do PSD. Ficou com pena?
Tem de se querer muito ser líder de um partido. Ninguém é líder de um partido por favor, nem porque outros pedem. Tem de se querer. Carlos Moedas ganhou Lisboa e com isso passou a ter uma imagem vencedor. Se ele fosse candidato, estou convencido que seria eleito.

"Os militantes do PSD sabem que o líder tem de ter grande experiência de oposição. Acredito que isso traga vantagem a Luís Montenegro. Ele foi oposição no Parlamento, foi líder parlamentar, demonstrou capacidade"

“Rui Rio foi um péssimo melão”

Dito isso, o líder que for escolhido agora não fica a prazo?
Isso estará dependente das circunstâncias. Os líderes políticos são como os melões, só depois de abertos. Já vi líderes serem apresentados com grandes currículos e serem um desastre. Estive muito perto de Durão Barroso e trabalhei com ele e, dois meses antes dele ser primeiro-ministro, lia editoriais de pessoas que hoje são colaboradores do Observador com grande destaque a dizer que Durão Barroso não tinha mais futuro político. Dois meses depois era primeiro-ministro. Três anos depois era presidente da Comissão Europeia. Não devemos entrar nessa facilidade de avaliação.

Por curiosidade, Rui Rio foi um mau melão?
Foi péssimo. E os resultados demonstram. E eu sabia, disse-o desde o primeiro dia.

Portanto, nem por fora enganava.
O PSD embarcou numa aventura. As eleições foram em janeiro e ainda é líder do PSD. Já devia ter saído. Não tem lógica. O PP em Espanha em menos de um mês teve de mudar de líder e mudou. Estava muito atrás nas sondagens, em relação ao PS, e em menos de um mês está empatado nas sondagens.

Isso teria feito diferença?
Naturalmente. Essa aliás foi uma oportunidade que o PSD não soube aproveitar. O PSD disputou uma espécie de segunda volta das eleições [no círculo da Europa] e ainda perdeu. Veja: não ter o futuro líder do PSD no Conselho de Estado é um ato desvalorizativo. Não me parece muito adequado. O senhor Presidente da República não merecia.

"Os líderes políticos são como os melões, só depois de abertos. Já vi líderes serem apresentados com grandes currículos e serem um desastre"

“Não é possível continuar a pôr de lado os melhores”

Deixe-nos retomar: não foi o único a lançar Carlos Moedas, que decidiu não entrar na corrida, tal como Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro, Miguel Pinto Luz. São quase mais os não-candidatos…
Não é verdade. Miguel Poiares Maduro não tem sequer o perfil. Paulo Rangel tinha assumido de uma forma clara que perdeu as eleições, não havia lógica. Não havia uma listagem de candidatos. Tirando Jorge Moreira da Silva, Miguel Pinto Luz, Luís Montenegro ou Carlos Moedas, não havia. Ponto final, parágrafo.

Mas existe a sensação de que Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva são dois líderes para queimar neste período.
Não acredito nisso. Quando Durão Barroso foi eleito líder do PSD, houve congressos muito difíceis, com Santana Lopes, com Marques Mendes, e ele soube lutar, soube estar e a partir da oposição construir um projeto alternativo. Se Luís Montenegro ganhar as eleições, não me passa pela cabeça que Carlos Moedas, Miguel Pinto Luz ou Jorge Moreira da Silva não tenham lugar na estrutura do partido.

Deviam ser vices?
Deviam estar naquilo que entenderem. Não me cabe a mim fazer as equipas. Têm de estar no Conselho Nacional e nos órgãos do partido. Não é possível para o PSD continuar a pôr de lado os melhores. Nos últimos quatro anos, os melhores quadros não tiveram funções no PSD.

Acredita que o rioísmo vai deixar o caminho livre?
Aquela atitude existia com uma pessoa. É uma atitude que não tem razão de ser, foi um tipo de comportamento muito negativo. A tradição no PSD é: quando um líder ganha eleições, fica; quando perde, vai à sua vida. Este líder perdeu duas eleições e quer continuar a condicionar. Um presidente de um grande partido “está presidente”; não é dono de um partido.

Jorge Moreira da Silva sugere que a candidatura de Montenegro não é a verdadeira candidatura da união porque esteve envolvido, citamos, em “guerrilha” e a “dividir” o partido.
Não acredito que isso possa ser dito com sentido. Também não vi Jorge Moreira da Silva ligado a Rui Rio. Estava a viver fora do país e sem estar cá no dia a dia. Isso faz parte e há sempre excessos. O que peço é que os dois candidatos não pisem as fronteiras no debate político. Para que se possam entender no dia seguinte. Um líder é aquele que tem a humildade de juntar.

O próximo líder do PSD está obrigado a vencer as europeias?
Naturalmente, mas não só. Também vai ter o referendo da regionalização. Vai ser muito importante — ou tão importante — como as europeias. É o futuro de Portugal que está em causa. Não tenho dúvidas nenhumas que a sociedade portuguesa se vai mobilizar num sentindo ou no outro. Eu estarei a lutar convictamente pelo não.

O PSD deve liderar essa campanha pelo não?
Não tenho dúvidas. Não apoiaria um líder do PSD que se junte a António Costa a defender um modelo de esquartejar mais o país. Já bastou o facto de o PSD se ter juntado ao PS para aprovar mais umas centenas de freguesias depois do trabalho que nós [Governo de Pedro Passos Coelho] fizemos.

"Se Luís Montenegro ganhar as eleições, não me passa pela cabeça que Carlos Moedas, Miguel Pinto Luz ou Jorge Moreira da Silva não tenham lugar na estrutura do partido"

“Passos é um ativo político inatacável e intocável dentro e fora do PSD”

O espaço político da direita terá de escolher um candidato presidencial para 2026. Paulo Portas daria um bom Presidente ou continua a apostar em Pedro Passos Coelho?
Não quero responder hoje a essa questão. Não sei quem são aqueles que desejam ser candidatos. Estamos ainda muito longe.

Mas quem é que Miguel Relvas desejaria? Como diz o ministro da Economia, tudo temos direito a sonhar.
Certo, mas sonhar com os pés no chão. Só posso ter opinião perante a realidade. Pedro Passos Coelho saiu da vida política depois de ganhar eleições e saiu pelo seu pé. Tem prestígio e é uma ativo político inatacável e intocável dentro do PSD e no nosso espaço político. O próximo líder do PSD tem de ser capaz de seguir este caminho. Não tenho dúvidas nenhumas de que se o líder do PSD pedir ajuda a Pedro Passos Coelho e quiser contar com a sua colaboração, ele a dará. Mas Pedro Passos Coelho não tem nenhuma obrigação moral de ser candidato à função A ou B.

Percebemos que prefere Pedro Passos Coelho a Paulo Portas para Presidente da República.
Obviamente. Se tivesse que escolher entre os dois candidatos, já os escolhi no passado. Não tenho quaisquer dúvidas.

E até gostava de voltar a ter Pedro Passos Coelho como líder do PSD, como percebemos pelas suas declarações.
Não. Passos Coelho já deu o seu contributo nessa área. Foi primeiro-ministro num momento particularmente importante da história, que será julgado positivamente, não tanto pelos seus contemporâneos, mas pela história. Estou convencido que a história será muito simpática para Passos Coelho.

Vamos agora avançar para a segunda fase da nossa refeição, o Carne ou Peixe, em que só pode escolher uma de duas opções. Preferia ser ministro de um Governo liderado por Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva?
Luís Montenegro.

Quem é que levaria a Alvalade: Jerónimo de Sousa ou Catarina Martins?
Jerónimo de Sousa.

Quem é que desafiava para um jogging matinal: Fernando Medina ou Pedro Nuno Santos?
Fernando Medina, de quem gosto pessoalmente.

É conhecido por ser um bom cozinheiro. A quem é que preferia servir o seu melhor prato: Marcelo Rebelo de Sousa ou Aníbal Cavaco Silva?
Marcelo Rebelo de Sousa.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora