885kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Tancos, tancos, tancos. E um eleitor que queria ver Rio e Cristas a fazer uma "nova AD"

Tancos continua. Rio admite que Costa nem tenha ouvido bem o que disse, garante que não está a explorar a parte judicial e pede reunião extra da AR. PSD segue na Guarda, com um encontro saudosista.

Artigo em atualização ao longo do dia de campanha

Rui Rio viu aqui uma oportunidade e não vai largar o caso Tancos. Depois de António Costa ter virado o tabuleiro para o plano do caráter, atacando Rui Rio por estar a violar os seus próprios princípios (de que é contra julgamentos na praça pública), Rio insiste que não há nenhuma “quebra de princípios” e que se há característica que toda a gente lhe atribui é a de ter uma “enorme fidelidade aos princípios”. O caso de Tancos entrou como uma bomba na campanha eleitoral e o pôs o debate entre dois patamares: é ou não é uma exploração política de um caso judicial?

“Numa eleição, não olhamos só aos programas, olhamos à postura com que as pessoas estão na política”, começou por dizer Rui Rio à entrada para uma visita a uma empresa do Fundão, defendendo que em nenhum momento falou do caso criminal que envolve o ex-ministro Azeredo Lopes e que se “limitou à parte política: o primeiro-ministro sabia ou não sabia” do encobrimento das armas? Em causa, para o líder do PSD, está a postura de um primeiro-ministro que não terá sido informado de “coisas da maior gravidade” que aconteceram no seu governo.

À semelhança do que já tinha anunciado na quinta-feira à tarde, Rui Rio confirmou que o PSD vai “pedir uma reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República, entre hoje e segunda-feira”, mas não esclareceu se o que o PSD pretende é pôr o Parlamento a ouvir novamente os responsáveis políticos.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Uma coisa é certa: que Azeredo Lopes sabia da encenação do “achamento” das armas de Tancos, Rio não tem dúvidas. Mas isso cabe à justiça julgar. “Não estou a dar aqui nenhuma sentença ao doutor Azeredo Lopes, se tinha alguma culpa ou nenhuma culpa, mas o que está claro no SMS que consta do processo é que ele sabia”, disse ainda, referindo-se à troca de SMS entre o ex-ministro e o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, noticiado pelo Observador.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Rio até admite que António Costa não tenha ouvido bem a conferência de imprensa que deu ontem à tarde, “já que reagiu tão rápido”, ou que o seu “staff” o tenha induzido em erro, porque a resposta que lhe deu foi “descontextualizada”: “Até admito que nem tenha ouvido bem o que eu disse”. E vai manter-se na sua, mantendo o tom, até o caso se esfumar: “Não é a justiça que vai determinar a parte política” desta história, disse, sublinhando que, enquanto “líder da oposição”, tem “obrigação de fazer isto”.

Num tweet publicado esta manhã, Rio chegava mesmo a sugerir que o PS preferia silenciar o caso: “A verdade nua e crua é que queriam que eu não cumprisse a minha obrigação e ajudasse a silenciar um caso da maior gravidade”. Aos jornalistas, no Fundão, insistiu nessa ideia. “António Costa gostaria que ninguém falasse deste caso e que passasse despercebido”, disse, apontando o PS como os “primeiros responsáveis”, mas apontando depois baterias também ao PCP e ao Bloco de Esquerda.

Os parceiros do PS no governo, no entender de Rio, também estão “incomodados” com o facto de terem aprovado um relatório na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso Tancos que de certa forma iliba o ex-ministro de qualquer responsabilidade, sendo que a acusação do Ministério Público agora conhecida vai exatamente em sentido contrário. Na altura, só PSD e CDS votaram contra esse relatório.

Questionado sobre se esta crispação com António Costa compromete eventuais entendimentos PSD/PS para as reformas estruturais que tanto defende, Rui Rio disse que não. “No que me diz respeito, tenho dito desde o primeiro dia que coloco Portugal em primeiro, e que passo por cima das relações pessoais ou de incidentes ligados à campanha”, disse.

Uma hora e meia a percorrer a Guarda a pé e o desejo de um eleitor: “Rio e Cristas juntos numa nova AD”

Tancos continua a dominar a narrativa da campanha, mas enquanto Rui Rio e António Costa não saem do mesmo (um diz que o outro está a contaminar a campanha com casos judiciais e o outro garante que só está a falar de casos políticos), a caravana laranja continua a agitar bandeiras pelo interior. Depois de uma visita a um centro de dia para crianças com deficiência em Castelo Branco, Rio seguiu para uma multinacional do Fundão e terminou a tarde a percorrer a cidade da Guarda a pé.

Com os “jotas” laranjas cada vez mais inspirados no repertório musical (depois de Toy, o tema de hoje era uma adaptação de “Pimba Pimba”, de Emanuel), nem a presença de Álvaro Amaro (histórico autarca da Guarda e atual eurodeputado), que foi constituído arguido no processo “Rota Final”, minou o passeio animado de Rio pelas ruas da cidade. A marcha arrancou pelas 18h e só terminou às 19h30, no cine-teatro onde estava prevista mais uma habitual “talk” da campanha. À mesma hora em que Rio entrava em todas as lojas, cafés e farmácias que via para cumprimentar os comerciantes, António Costa falava aos jornalistas, no Porto, para voltar a insistir que o PSD está a trazer para a campanha um caso da justiça. Rui Rio, contudo, não quis contra-atacar e os jornalistas foram informados de que o candidato do PSD não iria prestar declarações à margem da “talk” onde se preparava para entrar.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Depois de entrar numa farmácia para “recuperar vitaminas”, Rui Rio deparou-se com um eleitor, numa rua da Guarda, que tinha um papel para lhe entregar e um desejo para transmitir. Trata-se de José Monteiro de Andrade, empresário da construção civil de 88 anos, que entregou a Rio uma carta onde expunha a situação da sua empresa e da quantidade de impostos  — sobretudo o adicional ao IMI, a que chamou “imposto Mortágua” — que tem de pagar. Na resposta, Rio fez-lhe uma promessa: “Essa vai ser uma bandeira para o final desta campanha”. 

E agora, o desejo. Aos 88 anos, José Monteiro de Andrade tem um desejo: ver o PSD e o CDS unidos numa nova Aliança Democrática outra vez. “Adoro o PSD e o CDS mas gostava que fizessem uma aliança, porque a união é que faz a força, dividir é perder votos. Quando Rui Rio ganhou [a liderança do PSD], a minha intenção era que eles fizessem uma nova AD, porque se não for assim nunca mais tiram de lá a geringonça”, vaticinou. Sobre de qual gosta mais, de Rio ou de Cristas, confessou que se pudessse dividir-se, dividia-se, mas não podendo… “vou a um e a outro”.

Esse desejo, contudo, Rui Rio não fez tensões de atender. A caravana segue e há muito que andar.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.