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Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Comício com o candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Intervenção de Sampaio da Nóvoa. Almada, 26 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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Sampaio da Nóvoa esteve em ações da CDU e do Livre

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Sampaio da Nóvoa esteve em ações da CDU e do Livre

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Sampaio da Nóvoa corre campanhas da esquerda. Presidenciais em mente?

Ex-candidato presidencial vai estar em ação do BE depois de já ter ido a CDU e Livre e deixa farpas a Marcelo Rebelo de Sousa. Setores de esquerda querem candidato transversal.

Uma rota das campanhas da esquerda. É isto que António Sampaio da Nóvoa parece estar a fazer: em plena campanha eleitoral, o conselheiro de Estado e ex-candidato presidencial já visitou as candidaturas da CDU e do Livre e antecipou que ainda estaria em mais iniciativas de outros partidos e, sabe o Observador, vai aparecer numa ação do Bloco de Esquerda até ao final da campanha. Um aquecimento para uma recandidatura, agora com apoios mais coesos, a Belém? Há setores na esquerda, interessados em encontrar um candidato que recolha apoios transversais, que acreditam que sim – e o próprio deixa duras críticas aos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa.

Na semana passada, o candidato que enfrentou Marcelo Rebelo de Sousa nas urnas esteve em ações da CDU e do Livre, não para declarar o seu apoio a nenhum dos partidos, mas para dar o seu contributo para o “reforço” da esquerda como um todo. Foi aliás durante a ação do Livre – a apresentação de um livro assinado por Rui Tavares – que falou com os jornalistas, dizendo acreditar que é preciso “juntar as forças” da “moderação, progresso e diálogo” que podem constituir uma “alternativa progressista portuguesa”.

Uma alternativa onde pode recolher apoios para uma nova aventura presidencial? Apesar de ser essa a ambição que partes da esquerda lhe atribuem em surdina, o antigo candidato defendeu que o “essencial neste momento” será tentar “reforçar um património de valores e de princípios, com muita moderação, de muito diálogo”, evitando “radicalismos”. E é esse contributo que tem “obrigação” de dar: “O sentido cívico da minha presença é esse”.

Depois, ao ser questionado sobre a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa — o seu antigo adversário — de dissolver o Parlamento, traçou uma espécie de plano alternativo para o exercício da Presidência da República. Apesar de os “ses serem muito difíceis” em política, usou-os para falar do que faria de diferente: “Creio, isso sim, que é preciso uma visão mais longa de futuro. Precisamos de não cair no imediatismo, no permanente comentário, na permanente decisão em cima da hora, no permanente dia-a-dia, do pequeno conflito, do pequenezito, da pequena coisa. E precisamos de ter uma outra visão de futuro para Portugal. E isso tem-nos faltado”. Nessa visão que defende para o país, e em que recusa o “permanente comentário” normalmente atribuído a Marcelo, cabe também uma ideia de “estabilidade, sim”: Temos de fazer tudo o que pudermos, em todos os momentos, para termos uma estabilidade no nosso país e para construirmos essas situações”.

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Mais à frente, mais uma farpa que, se não era dirigida a Marcelo, pareceu: “Eu gostaria, enquanto puder e tiver forças, nunca me deixar arrastar para essa política da resposta instantânea dos balões e dos pica balões e outras coisas que tais. Não é isso que Portugal precisa, precisa de muita moderação, de muito diálogo e de uma visão construtiva do nosso futuro”.

Definia assim de que é que Portugal “precisa”, por oposição ao que tem — neste caso, ao que tem em Belém, já que o próprio Presidente da República explicou, numa entrevista ao Público em 2021, o seu estilo e as suas aparições constantes como uma tentativa de “furar balões”. “Quando me apercebo que vai haver um balão que enche, configurando uma potencial crise, entendo que o melhor é intervir enquanto o balão é pequeno, a deixá-lo encher até rebentar”, justificava então.

Nóvoa vai a mais ações de campanha. Livre não quer partidos “atomizados”

E se a verdade é que Nóvoa já apareceu ao lado de Rui Tavares e Paulo Raimundo, também é verdade que confirmou desde logo que iria aparecer em mais iniciativas de campanha de outros partidos e que entretanto também se juntou ao Bloco – resta saber se ainda aparecerá em mais. “Vou estar nos lugares em que entendo, nos movimentos, forças e iniciativas e pessoas que entendo que devo estar e em que terá significado estar”, declarou. “Esta é uma eleição para acrescentar, juntar e para reforçar esse conjunto de forças como alternativas progressistas na sociedade portuguesa, mas também com muita moderação e com muito diálogo democrático”. A tal moderação que dizia faltar, em alternativa à política de “picar balões”.

Existem setores da esquerda que interpretam esta vontade de “acrescentar e juntar” forças à esquerda como um teste para descobrir se Nóvoa poderia recolher apoios mais alargados neste lado do espectro político. Aliás, o Observador falou no mesmo dia com Rui Tavares, que lembrou que as candidaturas a Belém partem de decisões individuais e não dos partidos, mas não deixou de alertar: “O principal cuidado que os partidos à esquerda devem ter é o de não partirem atomizados para as eleições presidenciais e não darem prioridade ao taticismo, serem mais estratégicos”.

Em 2016, o professor catedrático recolheu muitos apoios no PS, de forma não oficial

MICHAEL M. MATIAS/OBSERVADOR

A preocupação de Rui Tavares é partilhada por boa parte da esquerda, incluindo do PS: já lá vão “praticamente 20 anos de Presidentes da República oriundos da direita” e “já há muito tempo que a esquerda não tem um Presidente da República”, desde Jorge Sampaio. Para o porta-voz do Livre, a “emergência da extrema-direita” e a necessidade de defender a democracia em Belém faz com que este vazio à esquerda se torne ainda mais gritante.

Para Sampaio da Nóvoa, que apoiou em 2016, Tavares só guarda elogios, recordando os tempos “felizes” dessa corrida a Belém: “O professor Sampaio da Nóvoa tem uma visão da política e da constituição que é muito próxima da nossa, por isso o apoiámos logo em 2016. Fomos bastante felizes nessa candidatura, com um ótimo resultado, de alguém que não vinha da política profissional ter 20%”, rematou.

Pedro Nuno quer candidato apoiado pelo PS

A história das presidenciais de 2016 é complexa e acabou com um final infeliz para a maior parte da esquerda, que já nessa altura estava afastada de Belém há dez anos, desde a primeira vitória de Cavaco Silva. Nessa eleição, o PS dividiu-se e, entre as candidaturas de Sampaio da Nóvoa, que ia recolhendo apoios no partido, e Maria de Belém, ex-presidente do PS, decidiu manter-se em território neutro e não apoiar ninguém (prática que António Costa repetiu em 2021, quando lançou a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa mas sem que o PS apoiasse oficialmente qualquer candidato).

Para a história das eleições de 2016 ficou a vitória de Marcelo (52% dos votos), o segundo lugar de Sampaio da Nóvoa (22,88%), o histórico resultado de Marisa Matias (10,12%, que caíram para uns muito menos robustos 3,95% em 2021) e os fracos 4,24% de Maria de Belém, que acabou por nem receber subvenção para pagar a campanha. E a candidatura da ex-presidente não teve dúvidas em apontar o dedo ao PS pelo apoio não oficial que deu a Sampaio da Nóvoa.

Muitos “dirigentes do PS e membros do Governo” tinham demonstrado o seu apoio ao académico, acusava, na negra noite eleitoral de 2016, o porta-voz de Maria de Belém, Vera Jardim. E falava nessas movimentações, “interpretadas como um apoio oficioso” do partido, como uma decisão que foi “ao arrepio da posição” oficial do PS. Na apresentação da candidatura do professor tinham estado presentes figuras de tanto peso como Mário Soares ou Jorge Sampaio, além de Vítor Ramalho, Jorge Lacão, Maria Antónia Palla ou Duarte Cordeiro. Carlos César e Ana Catarina Mendes foram outros nomes que se juntaram à candidatura. No final, Sampaio da Nóvoa, que lembrava já ter tido “colaboração” com o PS em vários momentos da sua vida apesar de não ter vida partidária, levava um resultado honroso para casa, mas não chegava à ambicionada segunda volta. Em 2022 acabaria por ser indicado pelo PS para o Conselho de Estado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fala aos jornalistas durante o XIX congresso da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), na Figueira da Foz, 26 de janeiro de 2024. PAULO CUNHA/LUSA

Marcelo foi alvo de várias farpas nas declarações de Sampaio da Nóvoa

PAULO CUNHA/LUSA

As presidenciais marcadas para 2026, que ditarão a sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa e o fim de mais um ciclo da direita em Belém, poderão ser a oportunidade que a esquerda aguarda há décadas para voltar à Presidência da República. Neste caso, com uma esquerda mais unida. Isto porque, como o Observador já tinha escrito, parte da esquerda vai fazendo contas de cabeça — e concluindo que os candidatos associados ao Bloco de Esquerda aparecem relativamente bem colocados nas sondagens, e esses valores poderiam ser somados aos dos candidatos mais à esquerda do PS, no caso de se chegar a uma candidatura que recolhesse apoios mais transversais.

Por outro lado, a liderança de Pedro Nuno Santos trará necessariamente uma mudança no tabuleiro da corrida presidencial, uma vez que o atual secretário-geral há muito discordava da estratégia de Costa sobre Belém – e quer fazer diferente. Em 2021, Pedro Nuno já tinha declarado o seu apoio a Ana Gomes, numa reunião da Comissão Política do PS em que criticara a falta de debate interno no partido sobre as eleições presidenciais, participando depois na reta final da campanha da socialista (que acabou por contar com 12,97% dos votos).

Agora, como líder, Pedro Nuno já confirmou que mudará a estratégia que Costa seguiu durante o seu consulado: “O PS apoiará um candidato como há muito tempo não faz, honrando os melhores Presidentes da República que Portugal já teve: Mário Soares e Jorge Sampaio”, disparou, no palco do congresso socialista, em janeiro. Tendo em conta que o atual líder do PS apoiou Ana Gomes há três anos, mas que parte da esquerda suspira por um nome mais consensual, fica por saber se Sampaio da Nóvoa seria um candidato que agradaria e recolheria votos deste lado do espectro político. A receção que tiver na campanha pode servir de teste.

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