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Vladimiro Feliz, entrevistado pelo Observador na sede distrital do PSD no Porto
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Vladimiro Feliz, entrevistado pelo Observador na sede distrital do PSD no Porto

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Vladimiro Feliz, entrevistado pelo Observador na sede distrital do PSD no Porto

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Vladimiro Feliz. "Rui Moreira tornou-se num autarca vulgar"

Candidato do PSD à CM Porto acusa Rui Moreira de perder tempo e gastar recursos da câmara a defender-se de casos como o Selminho. Diz que, se não atacar Rio, autarca não passa de um "líder local".

A entrevista ao candidato do PSD à câmara municipal do Porto, Vladimiro Feliz, decorreu na sede distrital do Porto, horas depois de o Observador ter entrevistado Rui Moreira, o incumbente. Na vivenda da Rua Guerra Junqueiro, Vladimiro Feliz respondeu às perguntas a poucos metros do local onde Rui Rio jogava à bola em adolescente, no ringue do Colégio Alemão, paredes meias com o muro do quintal do PSD.

Durante a entrevista, Vladimiro Feliz continuou a apontar para a vitória — em que nem Rui Rio acredita, nem ninguém do PSD parece acreditar — mas foi rápido a dizer que um mau resultado não precipitaria a queda do atual presidente do PSD. Se Rui Moreira acusou Rui Rio de ter informação privilegiada junto do Ministério Público, Vladimiro Feliz, mesmo sem ainda conhecer essa frase, diria: “Longe de mim ou do PSD termos interferência no Ministério Público ou na justiça”.

Apesar de dizer que só fala do caso Selminho quando lhe perguntam, Vladimiro Feliz diz que Rui Moreira perde tempo e recursos do município “para se defender ou para estar focado em problemas da sua esfera pessoal.” Reitera ainda que não fará nenhuma coligação pós-eleitoral com Rui Moreira e sugere que há um acordo secreto entre o atual presidente da câmara municipal do Porto e o primeiro-ministro António Costa. Houve ainda um momento em que as gaivotas, praga que Vladimiro Feliz quer travar no Porto, começaram a circular alguns metros acima das cabeças de entrevistadores e entrevistado.

[Veja o vídeo com o essencial da entrevista:]

“A continuidade de Rui Rio não tem só a ver com o Porto”

É público e assumido que Paulo Rangel era a primeira escolha de Rui Rio para estas eleições ao Porto. Se não foi a primeira escolha do líder do seu próprio partido para ser candidato, o que o leva a crer que será a primeira escolha dos portuenses?
Eu sinto-me a primeira escolha do meu partido. Os contactos com Paulo Rangel foram públicos, ele próprio assumiu na altura não ter disponibilidade, mas ficou bem claro no momento da apresentação da minha candidatura a confiança que, quer o líder do PSD, quer Paulo Rangel, depositam em mim e no trabalho que já fiz na cidade. Óbvio que esse é um trabalho também reconhecido pelas estruturas do PSD, onde o meu nome foi votado por unanimidade. E aquilo que me leva a acreditar nos portuenses é tudo aquilo que eu sinto no dia-a-dia desde a primeira hora que anunciámos esta candidatura. Temos estado em contacto com a sociedade civil e tem havido reconhecimento do legado que deixámos na cidade em 2013. Sentimos também um grande desgaste naquilo que é o poder atual na autarquia do Porto, um acomodamento e o não aproveitar de um legado que tinha uma projeção de médio-longo prazo, um surfar da onda que este executivo autárquico tem feito ao longo destes últimos oito anos. Sentimos que as pessoas precisam de mudar. A mim compete-me chegar como alternativa em que os portuenses acreditem e confiem. E sinto isso na rua.

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Quando Rui Rio o apresentou como candidato disse que não tinha “obrigação de ganhar”. Noutras entrevistas, já foi sugerindo que seria difícil senão impossível recuperar a autarquia. Isso não o fragiliza como candidato?
Penso que não. Em tudo o que entro na vida, nunca é para marcar passo nem para fazer figura de corpo presente. Entro para ganhar com grande convicção, com projetos de transformação e de transição. Sinto que Rui Rio faz muito isso, porque me conhece, trabalhámos oito anos juntos. E conhece-me ao ponto de saber que eu funciono muito melhor picado do que acomodado. Portanto, quando me põem essa fasquia de que será muito difícil ganhar, ele sabe também que eu farei das tripas coração para que esse seja um objetivo de ganhar, de reconquistar o poder no Porto e de reconquistar o legado que o PSD deixou e no qual os portuenses se reconhecem porque durante três mandatos o reconheceram.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nas últimas eleições, Álvaro Almeida, outra escolha que teve forte influência de Rui Rio, teve apenas 10% dos votos. O seu objetivo real é superar essa marca?
É real. Eu digo aquilo em que acredito. Sou muito transparente.

Não há qualquer indicador que aponte no sentido de uma possível vitória do PSD nestas eleições autárquicas.
Quando Rui Rio em 2001, quando Rui Moreira ganhou em 2013 não haviam indicadores de mudança na cidade. Quem conhece a cidade e a forma como a cidade vive aqueles que a lideram, sente hoje o acomodamento deste executivo, sente acima de tudo que se está a tentar fazer em oito meses o que não se fez em oito anos e os portuenses normalmente não se deixam enganar por estratégias de curto prazo e de última hora que tentam fazer parecer que a cidade mudou, quando a cidade, de facto, não se estragou, mas não criou projetos transformadores que façam do Porto aquilo que sempre foi: uma referência na gestão autárquica, na transformação da forma de fazer política de cidades, uma visão de futuro que ainda é mais necessária quando vamos viver um período pandémico e pós-pandémico de grande incerteza em que as soluções têm que ser disruptivas, têm de ser trabalhadas com os portuenses e para os portuenses. Tivemos uma cidade muito focada em projetar-se internacionalmente, algo que também já vinha de trás.

"Rui Moreira navegou como bom velejador que é ao sabor do vento, mas não criou projetos que projetassem a cidade"

Já percebemos que quer falar muito dos mandatos de Rui Moreira, já lá iremos. Mas deixe-me insistir: se falhar os 10% nas eleições autárquicas, não corre o risco de precipitar a saída de Rui Rio da liderança do PSD?
A continuidade de Rui Rio não tem só a ver com o Porto.

É um fator determinante.
É importante, é uma cidade importante, das mais importantes do país. Teremos muitas outras cidades, a mim compete-me falar do Porto. Acho que uma derrota minha é uma derrota, acima de tudo, dos portuenses porque ficamos presos a uma possível coligação entre Rui Moreira e o PS, que tem sido visível a cada dia que passa. Portanto, mais do que aquele que é o futuro do PSD, que neste caso não é relevante para o ponto que estamos a discutir para os portuenses, é mais importante a quem vai ficar entregue o futuro da gestão da cidade. Quem será o número dois de Rui Moreira e se ele fará o mandato até ao fim. E como será esta pressão centralista também que António Costa tem feito e que é visível com as sucessivas escolhas ao lado do candidato do PS, que projetam aqui uma possível coligação futura com o movimento de Rui Moreira.

“Rui Moreira tornou-se num autarca vulgar”

O facto de ser candidato agora dá-lhe legitimidade para exigir ser o candidato do PSD daqui a quatro anos quando houver uma mudança de ciclo?
Não estou aqui de passagem para lado nenhum. Assumi este compromisso muito focado no momento, naquilo que a cidade precisa hoje e não estou a pensar em eleições futuras. Estou muito focado em apresentar um projeto aos portuenses que os mobilize, em que eles acreditem, que seja um projeto transformador e reformador. É nisso que me focarei nestes meses até outubro e depois quando tiver de gerir o município, não penso daqui a quatro anos.

Falemos então de Rui Moreira. Em 2013 apoiou publicamente o atual presidente da Câmara do Porto. Os eleitores vão perceber que uma pessoa que esteve ao lado de Rui Moreira esteja agora a tentar assumir-se como um grande adversário?
Todos os eleitores percebem que nós pensemos pela própria cabeça. Importa aí também fazer história.

Mas o que é que o afastou de Rui Moreira?
Gostava antes de dizer porque é que eu apoiei Rui Moreira. Em 2012, um conjunto de pessoas da sociedade civil e do próprio PSD uniu-se para criar um projeto que desse continuidade ao legado e ao trabalho que tinha sido feito nos mandatos anteriores na cidade. Um projeto que ainda não tinha rosto, que envolveu muita gente próxima também de Rui Moreira e chegou um momento em que foi preciso encontrar um rosto. E quando foi preciso encontrar um rosto, esse rosto foi Rui Moreira e não fazia sentido que, havendo um projeto em que eu me revia, que ajudei a construir, que só porque era fora do meu partido ou porque tinha um rosto no qual eu não me revia, que não era o caso na altura. Na altura acreditei que era a melhor solução para a cidade. Eu acho que ao longo destes últimos oito anos, Rui Moreira tornou-se um autarca vulgar. Em que surfou a onda, navegou como bom velejador que é ao sabor do vento, mas não criou projetos que projetassem a cidade, que olhassem para os portuenses e deixou a cidade seguir o seu caminho. Um presidente da câmara do Porto não tem de ter uma postura de herdeiro, tem de ter uma visão para a cidade, tem de ter uma postura reformadora, transformadora que acima de tudo projete a cidade para as próximas décadas.

"Se Rui Moreira não criticar Rui Rio, é um líder local e, quanto muito, regional."

Mas qual foi o seu momento de rutura com Rui Moreira? Houve alguma zanga pessoal?
Não é uma questão pessoal. Não tenho nada de pessoal contra Rui Moreira. Acho que tem a ver com isto, que os portuenses também sentem: um processo de desgaste, de um projeto que se esgotou, que não traz uma visão de futuro para a cidade.

Mas faz-lhe algumas acusações, até no domínio pessoal, nomeadamente relativamente ao caso Selminho.
Não fui eu que o acusei. Longe disso. A decisão é da justiça.

Mas aproveita…
Não aproveito. Sempre que reagi foi quando me perguntaram. Aliás, foi dito pela candidatura de Rui Moreira que a culpa do caso Selminho era do Bloco de Esquerda e do PSD. A acusação nunca partiu da minha parte e longe de mim fazê-la. É humano que Rui Moreira se defenda, que deixe que a justiça defina o que vai acontecer, o que eu digo é que ele não pode perder tempo nem usar recursos do município para se defender ou para estar focado em problemas da sua esfera pessoal.

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“Rui Moreira tem o trauma do filho que não se consegue desligar da herança do pai”

Já iremos ao caso Selminho. Rui Moreira acusou-o recentemente de ser uma ventríloquo de Rui Rio, uma espécie de voz do dono que repete o que Rui Rio diz. Esta luta pessoal entre Rui Rio e Rui Moreira não afeta a sua candidatura?
Isso será entre os dois. Rui Moreira tem aí um trauma que é o do filho que não se consegue desligar da herança do pai. Portanto, sempre teve uma questão muito particular com Rui Rio. Mas sempre vimos Rui Moreira nos períodos pré-eleitorais de 2013 e 2017 a elogiar o trabalho de Rui Rio e depois no dia seguinte ou no discurso da própria noite a atacar esse mesmo passado e esse mesmo trabalho. E isso mostra muito também a forma instável com que Rui Moreira lida com os seus próximos e os seus adversários. Basta ver aqueles que também foram abandonando o seu movimento ao longo destes tempos. Esta questão entre Rui Rio e Rui Moreira passa muito pela afirmação nacional que Rui Moreira quer ter. Se Rui Moreira não criticar Rui Rio, é um líder local e, quanto muito, regional. Embora nem a liderança metropolitana da região Rui Moreira tem. E, portanto, essa é uma forma que eu encontro dele poder ter expressão nacional, chegar aos órgãos de comunicação nacional e projetar-se no país, senão limitava-se a ser um líder local, sem grande expressão no país.

Tem falado da dificuldade de Rui Moreira em romper com a herança. Se ouvirmos atentamente o que vão dizendo as outras forças partidárias do Porto, da esquerda à direita, todos, até no PS, reconhecem que os mandatos de Rui Moreira foram melhores que os mandatos de Rui Rio.
Primeiro é ouvir os discursos de Rui Moreira prévios aos momentos eleitorais de 2013 e 2017, quer relativamente ao trabalho de Rui Rio, quer relativamente ao meu trabalho. Ainda recentemente, em diversos canais nacionais, elogiou quer a minha personalidade, quer o meu trabalho. Portanto, isso fica claro para todos. Qualquer um desses partidos terá muita dificuldade em criticar Rui Moreira porque, sendo um movimento pseudo-independente, é um movimento que já teve coligações com o PS, que tem o CDS desde a primeira hora, que tem agora o apoio da IL e que tem o apoio do MPT. Um movimento independente que tem o apoio de quatro partidos, que fazem parte dos órgãos executivos, que fazem parte da máquina municipal e eu tenho o apoio de um único partido.

Portanto, Rui Moreira comprou a lealdade dos outros partidos.
Se comprou ou não, não sei. Eu sei é que esses partidos terão dificuldade em se descolar do projeto de Rui Moreira porque fizeram parte dele. Portanto, terão dificuldade em dizer mal daquilo que eles próprios fizeram parte, daquilo que eles pretendem fazer parte e isso revela aquilo que eu tenho vindo a dizer: esse distanciamento do PS face a Rui Moreira é um pseudo-distanciamento. Muito pressionado por António Costa para que no Porto essa aliança se mantenha porque entende também que pode ser um fator de divisão no PSD nacional. Portanto, António Costa e Rui Moreira a seu tempo farão claro aquilo que é a coligação que têm também para o Porto.

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Compreende que essa crítica lhe pode ser devolvida a si: alguém que esteve próximo de Rui Moreira em 2013 e que agora é o adversário.
Mas nunca tive nenhum cargo, nunca aceitei nenhuma função, nunca estive em coligação.

Foi convidado?
Mais uma vez digo assim: não comento convites recusados ou que não se concretizaram. Não é educado nem é de bom tom. E, portanto, isso é algo que fica entre mim e Rui Moreira. Mas não fiz parte, em nenhum momento, de nenhum executivo ou de alguma entidade próxima desta gestão autárquica.

“Não aceitarei pelouros”

Exclui por completo qualquer aliança pós-eleitoral do PSD com Rui Moreira?
Já o disse publicamente: não aceitarei pelouros. Exercerei a minha função de vereador, embora a minha expectativa é ganhar. No caso de não ganhar, o que eu penso que não vai acontecer, não estou disponível para ocupar qualquer pelouro executivo na câmara municipal.

Rui Moreira foi jantar a Ovar com alguns dirigentes do PSD, numa expectativa de poder vir a ter o apoio do PSD para posicionar o partido daqui a quatro anos. Sem estar na liderança executivo não posiciona. É na oposição que o PSD vai fazer esse caminho?
Teremos sempre no Porto um projeto construtivo, orientado às necessidades da cidade e nunca um projeto de destruição do que quer que seja. Como queremos e vamos ganhar a câmara do Porto, entendo que essa questão não se colocará. Também poderá colocar a questão a Rui Moreira, se estará disponível para integrar um pelouro caso eu vença as eleições.

Fizemos-lhe foi a pergunta se o convidaria para uma coligação pós-eleitoral…
E ele não aceitou.

E ele próprio também disse que as suas declarações já tinham autoexcluído o PSD. Já não conta consigo.
É claro. E disse que aí o PS e o PCP podiam ser uma alternativa de coligação. Isso também foi público e dito por Rui Moreira. Portanto, um movimento que se revê ao mesmo tempo em tantos projetos partidários, dificilmente tem um projeto estrutural para uma cidade e isso nota-se.

O primeiro mandato de Rui Rio foi com o apoio do PCP.
Foi com o apoio do PCP em pelouros muito específicos e com balizas muito bem definidos e, a partir daí, fez um caminho sempre ao lado do CDS. Parte do CDS que agora está ao lado do CDS que está ao lado de Rui Moreira porque temos sentido também de muitos simpatizantes, militantes e ex-dirigentes do CDS uma grande afinidade com o nosso projeto.

Falava aí há pouco de uma tática entre António Costa e Rui Moreira no sentido de desgastar Rui Rio. Não sei se depois de saber quem é o candidato do PS à câmara do Porto continua a acreditar que o PS e Rui Moreira têm uma espécie de acordo para fazer uma coligação formal ou informal.
Depois de três falsas partidas e uma desistência, há um candidato do PS que inicialmente disse que não estaria disponível para ser candidato. O Tiago é um jovem com valor, é um quadro futuro do PS, mas terá enorme dificuldade em resistir a uma pressão centralista de uma coligação e acho que a muito breve prazo e vai ficar ainda mais visível. Aliás, amanhã Rui Moreira apresentará os candidatos às juntas de freguesia da cidade, não vai apresentar candidatura à junta de freguesia de Campanhã, que é liderada pelo PS, e portanto eu não percebo como um candidato que diz que a zona Oriental, que Campanhã é uma prioridade do seu mandato, não apresenta candidato a uma junta de freguesia.

A tese não faria mais sentido se o candidato fosse Eduardo Pinheiro, que desistiu, do que com Tiago Barbosa, que é da ala esquerda do PS e parece estar em termos ideológicos no extremo oposto de Rui Moreira.
Não sei qual é a área ideológica de Rui Moreira porque já fez o pleno quase em termos de coligações.

Mas não está próximo da ala esquerda do PS.
Não sei. Cá estarei para ver. Acho que o Tiago Barbosa Ribeiro poderá tentar resistir, mas a pressão é enorme, como já se viu em muitas medidas. E esta questão da junta de freguesia de Campanhã é um sinal claro de que o movimento desistiu de Campanhã e que vai viabilizar uma candidatura do Partido Socialista, uma vez que não acredito que viabilize a nossa. Ou então viabilizará a de outro qualquer partido com que o movimento tem mais afinidade.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Tem colocado sempre o ónus em Rui Moreira e nesta aproximação a António Costa, numa presumível aproximação ao PS, mas não nos podemos esquecer que o PSD tentou de facto chegar a um acordo com Rui Moreira. Mais uma vez: essa crítica não pode ser apontada ao PSD.
Não acompanhei de perto essas questões, não estive em jantares e não falo de jantares que não conheço. Sei que houve algumas personalidades do PSD, que pouco têm a ver com o Porto, que tentaram…

Uma delas é vice-presidente do PSD e um vice com muito peso.
Mas, daquilo que eu sei, em nenhum momento foi proposto que o PSD apoiasse uma candidatura do movimento liderado por Rui Moreira.

Mas percebe que há uma disponibilidade a partir do momento em que Rui Rio autoriza o jantar.
Haveria alguma disponibilidade para estudar uma solução e um candidato conjunto apoiado pelas duas áreas que não seria o dr. Rui Moreira.

Na versão do PSD a história é assim. Na versão de Rui Moreira a história é contrária. Mas houve uma manifestação de disponibilidade de conversar a que o líder do partido, sem estar presente, acabou por dar aval a que esse jantar acontecesse.
Não sei se deu aval. Até porque pelas declarações públicas e aquilo que eu conheço do líder do partido é que nunca teve disponibilidade para apoiar Rui Moreira numa recandidatura à câmara do Porto. Isto sei, e tenho proximidade do líder do partido, sei o que ele pensa, sei as démarches que ele fez. A de Paulo Rangel é uma, daí para frente eu conheço ao pormenor tudo o que aconteceu, conheço tudo aquilo que foram as evoluções de escolhas de candidatos e, em nenhum momento, Rui Moreira por parte de Rui Rio esteve em cima da mesa.

O que lhe disse é que Rui Rio acreditava que dava para escolher entre o PSD e o movimento de Rui Moreira sobre um outro candidato. E para isso, manifestou disponibilidade. Para esse jantar, com uma intenção diferente, mas manifestou disponibilidade para conversar.
Muitas das pessoas que estão hoje no Movimento de Rui Moreira estiveram nas listas de Rui Rio e no projeto de Rui Rio. Portanto, faz todo o sentido que, em determinado momento, essas pessoas sejam bem-vindas porque nós não esquecemos o passado. Temos respeito por aqueles que fizeram parte dos nossos projetos, que nos ajudaram a construir obra e temos orgulho no nosso passado. Portanto, faz todo sentido que chamemos para dentro aqueles que fizeram parte de uma imagem de marca que deixámos na cidade na qual nos revemos. Ao contrário de outros que tentam fazer passar uma esponja sobre o passado, sobre os partidos, sugerindo que nada tiveram a ver com isso. O que hoje estamos aqui a fazer é construir um projeto com aqueles que querem esta dentro. Muitos são aqueles que também estiveram em 2013 com Rui Moreira. Um exemplo: Sebastião Feyo de Azevedo, ex-reitor da Universidade do Porto, que teve também com Rui Moreira em 2013, hoje será também o coordenador do programa autárquico do PSD.

Se formos a 2013, a máquina de Rui Moreira era a máquina de Rui Rio, portanto, encontrará mais exemplos.
O reitor da Universidade do Porto não faz parte da máquina do PSD. Portanto, é uma personalidade da sociedade civil que hoje se revê novamente no projeto do PSD, como o professor Daniel Bessa, que já publicamente o assumiu também, que foi o candidato à Assembleia Municipal de Rui Moreira em 2013 e que hoje apoia a minha candidatura. Portanto, isto são sinais claros de que há movimento de mudança e, mesmo dentro do movimento, tenho dificuldade em perceber que, aqueles que durante 12 anos fizeram parte integrante de Rui Rio nas equipas da Assembleia Municipal, da vereação alguns deles, hoje tenham um ódio tão grande àquilo que aconteceu no passado e tentem fazer passar uma esponja sobre o passado como se nada tivessem tido a ver com os partidos. É preciso perceber publicamente onde é que cada um dos elementos do executivo de Rui Moreira estava antes de 2013. Não era só eu que estava em determinado sítio, muitos outros também estava.

“Longe de mim ou do PSD termos interferência no Ministério Público ou na justiça”

Vamos avançar para o caso Selminho. Rui Moreira tem acusado Rui Rio de estar na origem de uma campanha suja à boleia do caso Selminho. A verdade é que, quando questionado, tem falado sempre do caso. Não deve seguir aqui o princípio da presunção da inocência?
E sigo: a justiça decidirá. O que eu tenho dito sempre é que é humano que Rui Moreira se defenda, justo que o faça, deve-o é fazer no recato da sua vida pessoal, não usando os recursos autárquicos nem o tempo do seu executivo nem dos serviços municipais para se defender, como aconteceu. Porque foi o próprio Rui Moreira que trouxe o executivo municipal para fazer uma conferência de imprensa em torno do caso Selminho. Portanto, não foi o PSD que trouxe esse caso para a praça pública. Aliás, longe de mim ou do PSD termos interferência no Ministério Público ou na justiça. Existe uma acusação, é justo que Rui Moreira se defenda, é justo é que o faça no recato da sua vida pessoal, sem usar as televisões nacionais para se defender, quer no seu espaço de comentário, quer num périplo de entrevistas que fez e que é natural que faça, mas ao fazer isto está-se a desfocar daquele que é o seu trabalho na câmara, não está a ser um presidente a tempo inteiro. Anda desviado noutros temas que nada têm a ver com os portuenses.

Em entrevista ao Observador, Rui Moreira sugere que Rui Rio tem informação privilegiada da parte do Ministério Público. Como reage a essa acusação?
Não vou comentar. Lá está: é Rui Moreira a acusar alguém sem que nada seja fundamentado. Portanto, não tenho informação sequer para comentar e acho grave que uma afirmação como essa não seja avaliada ao pormenor. Porque, se há, deve ser explicitada. Agora, aí está um caso em que se manda um tiro para o ar tentando desviar as atenções de uma acusação que existe, que e efetiva e que não é informação privilegiado. É um facto que todos conhecemos. Não é uma suposição, é uma acusação de prevaricação de um tribunal criminal.

O que diz Rui Moreira é que Rui Rio, já antes de Rui Moreira saber que ia a julgamento, Rui Rio já sugeria que isso ia acontecer.
É uma afirmação grave. Para quem proclama tanta ética e o separar de águas nesse campo parece que está a trazer muita lama para esse tema para tentar desviar a atenção dos portuenses.

Mas quando diz que Rui Moreira devia ser um “presidente a tempo inteiro”, quando usa o slogan nos seus cartazes “Porto a Tempo Inteiro” não está a politizar o caso?
O “a tempo inteiro” não tem apenas que ver com este caso…

Já o disse nesta entrevista.
É um caso que o desvia da gestão da câmara e é claro para todos nós. Percebemos todos que naquelas três semanas que se seguiram à acusação que Rui Moreira se desdobrou em entrevistas e em momentos públicos para se tentar defender, desviando-se da sua atividade principal. Mas o “a tempo inteiro” tem que ver com muitas outras coisas: com o facto de Rui Moreira, por exemplo, ser comentador televisivo; ao mesmo tempo, escreveu uma série de livros ao longo destes dois mandatos. Eu não teria a capacidade de me desdobrar em tantas atividades. Os únicos dois presidentes da câmara que são comentadores são Rui Moreira e Fernando Medina, curiosamente os dois presidentes que sempre que há um problema na câmara passam a culpa para os funcionários.

Também são os que terão mais interesse editorial.
Não me parece equilibrado que um político em funções executivas tenha um espaço de comentário num canal nacional. Desvirtua totalmente aquilo que é o espaço que a oposição tem para passar as suas ideias e fazer a análise da atuação destes presidentes.

Rui Rio acusa Rui Moreira de ter interesses imobiliários na cidade e de misturar estas duas dimensões. Partilha desta ideia? 
Não sei. O que sei, e os portuenses já percecionaram isso, é que Rui Moreira é um presidente ausente ao longo dos mandatos e que aparece na reta da meta para mostrar uma lógica de proximidade.

"Não me parece equilibrado que um político em funções executivas tenha um espaço de comentário num canal nacional."

Mas tem ou não favorecido os interesses imobiliários?
Isso é visível pela cidade. Rui Moreira defende uma cidade densa e nós vemos a proliferação de projetos imobiliários de grande volumetria e o estreitamento das vias da cidade. Se crescermos em altura, com mais gente a habitar essas torres enquanto estreitamos as ruas, vamos ter o caos para os portuenses.

Não quer a cidade com mais pessoas?
Quero. Mas a cidade cresceu em densidade urbanística e decresceu em número de habitantes. Isto mostra que a cidade não está a ser construída para os portuenses.

Consegue dar algum exemplo concreto?
Basta ir à Baixa do Porto e perceber a redução de população que a Baixa tem tido. O Porto vem perdendo população há décadas, mas os cogumelos urbanísticos proliferam pela cidade, com construção em altura que põe em causa a qualidade de vida dos portuenses. Outra questão relacionada com a habitação: a mobilidade. Não podemos pensar em estratégia de reduzir os veículos na cidade sem criar uma verdadeira solução de mobilidade. Não podemos começar a construir a casa pelo telhado.

Para terminar a questão dos interesses imobiliários, seguiu esta semana por email para os grupos parlamentares uma denúncia que relacionava o facto de Valente de Oliveira, mandatário de Rui Moreira, ser administrador não-executivo da Mota-Engil, empresa que ganhou o concurso internacional para o antigo Matadouro de Campanhã. Entende que a questão da idoneidade de Valente de Oliveira pode ser levantada?
As pessoas têm a sua vida própria. Neste caso, o mandatário de uma candidatura é alguém que tem a sua vida profissional e desde que o concurso seja transparente não vejo razões para o estarem a pôr em causa.

É injusto estarem a fazer esta relação, portanto. 
Se não houver razões para o efeito é completamente injusto. Estaríamos a inibir qualquer pessoa que tenha vida profissional de participar na vida pública.

Conhece bem Valente de Oliveira. De resto, ajudou a convencê-lo a juntar-se a Rui Moreira.
Sim. Tenho uma relação muito próxima com Valente de Oliveira.

Suponho portanto que condene esta ligação que fazem entre a Mota-Engil, o Matadouro e Valente de Oliveira.
Não conheço o processo. Mas não havendo matéria legal para pegar acho que é ridículo porque todos podemos ter a nossa vida pessoal, profissional, e não é por isso que a empresa onde estamos não pode concorrer a um concurso público.

“Rui Moreira é dos que mais taxas e taxinhas tem colocado aos portuenses”

Consegue ver algum mérito na governação de Rui Moreira?
Há sempre méritos. Não conheço nenhum presidente da câmara que tenha feito tudo mal. Rui Moreira tem um grande mérito: não estragou. Surfou a onda e deixou-se navegar ao sabor do vento.

Isso não é um grande elogio.
Não estragar é bom. Mas o Porto quer sempre mais.

Mas como é que explica que tantas publicações internacionais e estudos de todos os tipos falem do Porto como uma cidade que cresceu imenso neste período de governação de Rui Moreira? Estão todos a imaginar uma realidade que não existe?
Não, já falavam na altura, em 2011, 12, 13… É natural que estas dinâmicas se mantenham. O Porto já estava no mapa. O Porto tem vida própria e sociedade civil.

Vive para lá e apesar de Rui Moreira, é isso que está a dizer.
E é bom que viva. O que me causa alguma curiosidade é que o executivo de Rui Moreira é dos que mais municipalizado tem e mais taxas e taxinhas tem colocado aos portuenses. Essa lógica pseudo-liberal não bate com a realidade. Ainda agora vi Rui Moreira afirmar orgulhosamente que o Porto liderava a captação de investimento nos últimos anos. Se virmos o ranking das três entidades que mais fundos atraíram para a região e para a cidade temos a Metro do Porto, a Universidade do Porto e a Bosch. Querer usurpar o trabalho que foi de outras entidades não me parece correto e é até uma ofensa para estas entidades.

Rui Moreira acusou-o de não ter uma única ideia concreta para a cidade. Já sabe qual é que será a primeira coisa que vai fazer se vencer as eleições?
Alterar radicalmente a política de densificação da cidade. Depois, construir um sistema de mobilidade que seja uma verdadeira opção para os portuenses.

Falou em sistemas de sharing e minibus na Baixa. Acha honestamente que isso vai resolver o trânsito no Porto?
Isso foi um pequeno excerto que saiu numa entrevista mas que tem que ver com uma visão muito mais vasta. Temos de ter uma visão metropolitana para a cidade, que seja depois completada por redes capilares orientadas para as pessoas. Aí sim, podem ser baseadas em metro, metrobus, em sharing.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O projeto de extensão do Metro está em curso e não poderá ser alterado.
Fará parte desta visão. Mas não podemos olhar para a mobilidade na lógica da operação; temos de olhar na lógica da procura. Uma terceira prioridade: o cuidado e a capacitação das pessoas. Temos a população a envelhecer de forma muito significativa e temos de encontrar soluções.

A questão do envelhecimento ativos.
Exato, mas também redes de cuidadores, que suportem a infância, cidadãos com necessidades especiais e as pessoas mais velhas.

Sobre a questão da habitação acessível, que vai certamente dominar a campanha eleitoral. Já tem um plano concreto? Com valores, número de fogos…?
Estamos a trabalhar nisso, num projeto liderado pelo professor Sebastião Freire de Azevedo. A habitação para jovens e para a classe média será uma prioridade.

Nesta altura do campeonato não seria expectável que tivesse algo de mais concreto para dizer aos portuenses? 
Apresentaremos no início de setembro. Teremos metas de 100 dias, a um ano, a quatro anos, a oito anos e a 12 anos. Queremos construir um projeto para o Porto a 12 anos.

O atual executivo tem um acordo com o Governo em que conseguiu um programa de renda acessível. Esse trabalho já está a ser feito. 
Temos Rui Moreira a dizer que vai fazer tudo aquilo que se propôs a fazer já em 2013 nos próximos quatro anos. Que confiança podem ter os portuenses de que isso vai acontecer?

O Porto tem um problema de insegurança?
Um forte problema de segurança e tem proliferado de forma significativa. Não é admissível que uma cidade do século XXI obrigue os portuenses a recorrerem a soluções de segurança privada para partilharem os seus bairros e as suas residências. Isto é digno de um país da América Latina.

Uma última questão. Tem criticado Rui Moreira por ser um presidente a para-time. Quando é que deixa de ser um candidato a part-time para ser um candidato full-time? 
A full-time já sou. Dedico muito tempo da minha vida à candidatura e a minha presença no terreno é bem maior do que o dos meus adversários. Imagine que se eu estou candidato a part-time e já deixei esta mancha, quando for a full-time não ficarão dúvidas de que esta luta é claramente entre mim e Rui Moreira.

[Veja o vídeo da entrevista na íntegra:]

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