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O que é a psicoterapia de grupo?

A psicoterapia é um tipo de intervenção em saúde mental onde, através da relação terapêutica criada entre o psicoterapeuta – com todo o seu conhecimento e experiência nesta área — e a pessoa que recorre a ajuda, ambos vão identificando e refletindo em conjunto sobre as dificuldades e padrões prejudiciais da pessoa que a impedem de usufruir das suas relações e da vida da melhor forma. Esta intervenção pode ser feita em vários formatos: individual, de casal, familiar e de grupo — e, neste caso, a psicoterapia reúne várias pessoas que, juntas e simultaneamente, fazem sessões com um/a psicólogo/a ou psiquiatra, em torno de um objetivo comum: melhorarem a sua saúde mental ou auto-conhecimento.

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Como são criados estes grupos?

Seja numa situação de internamento ou de ambulatório, no contexto do serviço de saúde público ou da prática privada, estes grupos, por norma, juntam pessoas em torno de um problema comum. Assim, há grupos terapêuticos constituídos, por exemplo, por pessoas com perturbações do comportamento alimentar, dependências, depressão, em luto, com doença bipolar ou esquizofrenia.

“Os grupos juntam pessoas com problemas, necessidades e objetivos idênticos”, explica a psicóloga clínica Carla Carvalho, de forma a “facilitar a interação e partilha de experiências entre os elementos.” A psicóloga clínica e psicoterapeuta refere que o número de participantes, geralmente, oscila entre seis e dezasseis pessoas, dependendo do contexto de intervenção e também das técnicas e abordagem que são utilizadas pelo profissional que conduz as sessões.

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E como funcionam as sessões?

“O grupo reúne-se habitualmente num local fixo e organiza-se fisicamente com os elementos sentados em cadeiras, formando um círculo, em sessões duram entre uma e duas horas, podendo a periodicidade dos encontros ser semanal ou quinzenal”, explica Carla Carvalho.

O psicólogo ou psiquiatra que conduz o grupo, por norma, inicia as sessões, passando depois a palavra a quem queira partilhar alguma experiência, iniciando assim uma dinâmica de conversa — com partilhas, comentários, opiniões e apoio — dos vários participantes, que vai sendo moderada pelo profissional de saúde.

Tal como na psicoterapia individual, alguns processos de terapia de grupo têm uma duração muito limitada no tempo — apenas algumas sessões. Outros podem durar anos.

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Quais são as vantagens deste formato de psicoterapia?

São várias. A principal, refere Carla Carvalho, “liga-se ao facto de termos uma natureza social e, como tal, vivermos e funcionarmos em relação com o outro”. Isso significa, desde logo, que o grupo permite a cada um dos seus membros “desenvolver um sentimento de partilha e pertença a algo maior”, e faz com que a cada uma das pessoas se sinta mais compreendida e menos sozinha nos seus problemas.

O grupo também cria a oportunidade de cada participante desenvolver uma série de capacidades sociais, de comunicação e de relação, como saber escutar, oferecer apoio aos outros, responder sem julgamentos e gerir conflitos.

Por fim, a psicoterapeuta lembra que também há uma vantagem financeira já que, habitualmente, é uma opção bastante mais barata do que a terapia individual.

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E quais são as limitações?

Na psicoterapia de grupo, a atenção do terapeuta está focada no grupo e não num indivíduo, por isso, alguém que tenha a necessidade ou o interesse de se focar mais especificamente nas suas questões ou problemas pessoais poderá ter mais dificuldade em encontrar essa resposta numa terapia de grupo do que num processo individual.

Por outro lado, para doentes em crise — por exemplo com risco de suicídio —, embora a participação num grupo psicoterapêutico possa ser benéfica, geralmente não é suficiente, pelo que, na maioria das vezes, é aconselhável que tenha acompanhamento individual, tanto psicoterapêutico como psiquiátrico

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E toda a gente consegue integrar-se num grupo?

As pessoas com mais dificuldades na relação com os outros ou com ansiedade social podem achar difícil falar abertamente sobre si próprias e os seus problemas em frente a um grupo de pessoas que, inicialmente, não conhecem.

Por outro lado, também pode acontecer que um participante não se identifique com o grupo ou com as pessoas que dele fazem parte por alguma razão. Nesses casos, conta a psicoterapeuta, o profissional de saúde pode optar por colocar a pessoa num novo grupo, tentando que se sinta mais integrada. “Ainda assim, para algumas pessoas, pode ser uma experiência difícil, acabando algumas por optar pela psicoterapia individual.”

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E é possível integrar um grupo e fazer terapia individual ao mesmo tempo?

Sim. “Existem casos de pessoas que frequentam grupos de apoio — de luto, doença crónica, divórcio, consumo de substâncias, entre outros — onde podem trocar experiências e receber apoio de outros que passam pela mesma dificuldade, mantendo paralelamente o seu processo psicoterapêutico individual”, refere Carla Carvalho.