Uma publicação viral alega que o novo Presidente do Brasil, Lula da Silva, criou “campos de concentração para misturar crianças e idosos”, na sequência da invasão de edifícios na praça dos Três Poderes, a 8 de janeiro, e que levou a várias detenções. “Apesar de centenas de vídeos, a polícia bolivariana do ladrão não foi ou não quis separar o joio do trigo e colocou todos em grandes campos, sem nenhum devido a processo legal”, refere uma publicação no Facebook. Trata-se, no entanto, de uma alegação errada.

Publicação viral alega que Lula da Silva criou campos de concentração. É falso.

Se olharmos para as informações que estão naquele texto, saltam à vista várias dúvidas: o autor não concretiza nenhuma informação sobre a que “campos de concentração” se refere; também não refere em que dados se baseia para lançar a suspeita de que, no Brasil, existem campos de concentração; nem indica quais fontes que sustentem a informação. Dúvidas que se tornam mais relevantes dada a gravidade da alegação.

Posto isto, é necessário fazer uma nova pesquisa para perceber a que “campos de concentração” o autor se está a referir. Na verdade, esta adjetivação foi feita por vários utilizadores, mais ligados ao bolsonarismo — uma corrente de eleitores que foi, no fundo, o motor para as manifestações do dia 1 de janeiro que levaram à invasão de várias instituições democráticas no Brasil. Aliás, essa adjetivação foi feita por quem acabou preso no ginásio da Academia Nacional de Polícia Federal em Brasília. O termo utilizado, que lembra uma das épocas mais trágicas da nossa história coletiva associada à antiga Alemanha nazi e à União Soviética, veio associado a críticas à comida que era dada a quem tinha sido detido.

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É importante referir que esta publicação já foi anteriormente desmentida no Brasil, não existindo qualquer registo de mortes. Nem uma, nem duas, nem três. Zero. A Polícia Federal veio esclarecer à G1 que não se registou qualquer óbito após vários apoiantes de Bolsonaro terem sido detidos em Brasília. Será difícil imaginar que alguém que está ou esteve num campo de concentração teria um tão fácil acesso a um telemóvel ou mesmo a uma refeição dita normal.

Além disso, não há até ao momento registo, por parte das autoridades judiciárias do Brasil, ou outros, de que tenha ocorrido, no âmbito dessas detenções, qualquer violação grave e sistemática dos direitos humanos ou civis dos manifestantes que tomaram os edifícios do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal no passado dia 8 de janeiro.

Conclusão

Não é verdade que três idosos tenham morrido em alegados “campos de concentração” criados após a invasão de bolsonaristas a várias instituições democráticas do Brasil. Trata-se de uma teoria da conspiração, que começou a ser lançada precisamente pelas pessoas detidas pela Polícia Federal naquele local. Todas estas acusações foram entretanto desmentidas.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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