Desde março de 2024 que circulam em várias redes sociais, em particular no Facebook e no X (antigo Twitter), posts que afirmam que o Japão baniu as vacinas mRNA contra a Covid-19, por ter sido comprovado que são a causa direta do significativo aumento de mortes no país.

Num post específico, o utilizador diz, ainda, que o atual primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, investiu “500 milhões de dólares da sua fortuna pessoal” na Moderna — o laboratório farmacêutico que criou uma das vacinas contra o coronavírus — e que, por isso, tem insistido que as vacinas são seguras e eficazes. Contudo, a verdade está longe das alegações feitas nesta e noutras publicações.

Relativamente à suposta decisão do governo japonês de banir as vacinas, a afirmação é falsa. A pesquisa feita pelo Observador mostra que existem várias publicações no site oficial do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão que apoiam e promovem a administração das vacinas.

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No mesmo site, é ainda possível ver que o ministério publicou várias informações sobre a importância da vacinação e que, a 28 de julho de 2023, informou, através de um comunicado, que prolongou o acordo de fornecimento com os laboratórios Moderna e Pfizer, com o objetivo de ter vacinas suficientes para “a inoculação que começará no Outono de 2025”.

A única novidade é que a administração das vacinas deixou de ser totalmente comparticipada pelo governo do Japão, a partir de 1 de abril de 2024.

Quanto à alegação de que “um estudo oficial do governo japonês relacionou diretamente as vacinas ao aumento exponencial de mortes na nação”, o estudo referido não só não é do governo, como também não é um estudo oficial. A publicação científica de que o post fala diz respeito a um alegado estudo, publicado no site Preprints.org. Este site tem a particularidade de ser uma plataforma onde são apenas submetidos “papers” que ainda não foram revistos pela comunidade científica e cujas alegações ainda não estão comprovadas. Ou seja, não é um estudo de fontes oficiais e o seu conteúdo pode não ser verdadeiro.

E de que forma é que Rishi Sunak está envolvido nesta situação? O post em análise refere que o atual primeiro-ministro britânico investiu meio milhão de dólares “do seu próprio bolso” para financiar a vacina da Moderna, mas esta afirmação também não corresponde à verdade.

Como é possível confirmar através de um artigo publicado pelo jornal inglês The Guardian, a 17 de novembro de 2020, Sunak tem sim uma ligação à farmacêutica, mas porque, antes de entrar na política, o fundo de investimentos que co-fundou — o Theleme Partners — foi um dos financiadores da Moderna. Embora não se saiba se Sunak lucrou com a criação e distribuição desta vacina, o facto é que nenhum investimento foi feito de forma pessoal.

Conclusão

Circulam nas redes vários posts que afirmam que o Japão baniu as vacinas contra a Covid-19, por ter sido provado por um estudo oficial do governo japonês que estas são responsáveis pelo aumento significativo de mortes no país. Contudo, a pesquisa feita pelo Observador concluiu que o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão continua a apoiar a inoculação através das vacinas da Moderna e da Pfizer e que o estudo mencionado não é oficial e não tem resultados comprovados.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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