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Com os alertas em vigor e as mensagens dos peritos, rapidamente percebemos que estaríamos perante o que poderia vir a ser a pior semana de incêndios deste ano (até ao momento). Não se verificava uma conjugação de fatores favoráveis ao fogo desta magnitude desde 2001. O climatologista Carlos da Câmara explicou neste episódio do podcast “A História do Dia” a excecionalidade que vivemos na segunda e terça-feira e como este tipo de fenómeno é agora mais frequente e mais duradouro. Perante a ameaça, decidimos enviar duas equipas para o terreno, que fizeram reportagens para a rádio e para o jornal. |
O Vasco Maldonado Correia, jornalista da Rádio Observador, e o João Porfírio, editor de Fotografia, cobriam os incêndios na zona mais a norte. Estavam em Gondomar quando chegou o “ok” para acompanhar os trabalhos no Centro Tático de Comando da Proteção Civil, que geria as operações relativas a Aveiro, Albergaria a Velha e Oliveira de Azeméis. A mensagem dizia que estavam “entre a igreja e o cemitério de Travanca”. O GPS apontava para meia hora de caminho desde Gondomar até à zona mais a oeste do concelho de Amarante. A dupla de jornalistas do Observador fez-se ao caminho e ao chegar ao destino não encontrou os comandantes. Não era ali. Novos contactos, novas mensagens e, afinal, era na zona de Santa Maria da Feira. Mais de duas horas de viagem por uma região enegrecida pelo fumo, mas nada. Pela segunda vez estavam “entre a igreja e o cemitério”, no entanto, também não era ali. Mais telefonemas, mais mensagens, mais nervos e mais tempo precioso a passar. Afinal, era “entre a igreja e o cemitério de Travanca”, mas já no concelho de Oliveira de Azeméis. Qual é a probabilidade de existirem vários cemitérios de Travanca? Seis, segundo uma pesquisa rápida no Google Maps. À terceira tentativa o Vasco e o João conseguiram finalmente testemunhar o trabalho e as preocupações de quem coloca os operacionais no terreno. O comando pode errar e expor pessoas a um perigo de morte. |
Não se tapam furos com espuma |
O Miguel Cordeiro, editor da Rádio Observador, e o Diogo Ventura, fotojornalista, procuravam um lugar com rede de telemóvel para um direto a partir da região de Arouca. Seguiam de Aldeia de Cima, onde estiveram a acompanhar os esforços dos populares para deter as chamas, para Canelas quando se depararam com um estreitamento de via. Três viaturas pesadas dos bombeiros estavam paradas na estrada, o que obrigava a passagens alternadas. Quando o carro alugado pelo Observador parou à espera da sua vez, um morador atirou: “Cuidado aí! Está com um furo”. O pneu direito da frente estava vazio. Os jornalistas abriram a mala do carro, mas não havia suplente e encontraram apenas uma lata de espuma para injetar. A frase seguinte do morador, o mesmo que alertou para o furo, soou a sentença: “Isso precisa de um compressor e tem de estar aí”. Não estava. |
Os minutos passam e a rádio e o site não esperam. A juntar ao impacto de viver horas e horas mergulhados num cenário de destruição, os jornalistas lidam também com a ansiedade provocada pela incapacidade de “enviar trabalho”. É como aqueles sonhos maus em que corremos e nunca saímos do mesmo lugar. O homem que lançou o alerta chamou um outro, que depressa se montou numa moto e regressou de carro com um compressor. Graças à entreajuda, os nossos jornalistas conseguiram seguir viagem para mais horas de vaivém entre Arouca, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia, onde finalmente trocaram de carro. Antes de regressarem aos incêndios, contudo, abriram a mala para confirmar que desta vez tinham um pneu suplente. |
Se há uma moral que podemos retirar destas histórias é que não paramos e não nos deixamos deter pelas contrariedades. O João Porfírio, o Miguel Cordeiro, o Diogo Ventura e o Vasco Maldonado Correia fizeram centenas de quilómetros, dormiram poucas horas, comeram pouco e mal, mas não se queixam. Cumpriram a missão: informar os leitores do Observador e os ouvintes da rádio na pior semana do ano no que toca a incêndios, em que arderam mais de 100 mil hectares. |
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Talvez lhe tenha escapado
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Incêndios
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"Eram todos experientes e todos familiares." Paulo, Sónia e Susana morreram no combate ao fogo em Tábua. Vila Nova de Oliveirinha está de luto.
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Proteção Civil
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Em Travanca, o Centro Tático de Comando da Proteção Civil gere quatro frentes significativas. Para este grupo, enviar bombeiros para uma possível morte é a maior fonte de stress.
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Incêndios
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As chamas que avançam em direção a aldeias arouquenses preocupam, mas não surpreendem quem ali vive. “Isto para quem nunca viu assusta, mas eu já sei como é”. A população fala em incêndios cíclicos.
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Escolas
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Ataque em escola da Azambuja, esta terça-feira, começou a chegar aos pais através do WhatsApp. Criança terá atacado "indiscriminadamente" e alunos têm agora medo de voltar às aulas.
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Escolas
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Das seis vítimas ao agressor, passando pelos pais e pelos docentes. Que desafios tem a comunidade escolar da Azambuja pela frente para sarar a ferida que o esfaqueamento de dia 17 abriu?
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Justiça
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Desde que não esteja em causa uma "anomalia psíquica", o caso do rapaz de 12 anos será decidido por um Tribunal de Família e Menores. Será dada preferência a medidas "o menos invasivas possíveis".
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Crime
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Os três detidos na ponte 25 de Abril, esta quarta-feira, eram já conhecidos da PJ. Dois têm antecedentes por assaltos também a ourivesarias. Fazem parte de grupo “bastante organizado e violento”.
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Madeira
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Um empresário próximo do PSD, o presidente da Câmara da Calheta e o ex-secretário regional da Agricultura foram detidos. Vice-presidente da Assembleia Legislativa alvo de buscas deverá ser arguido.
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Vichyssoise
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Líder parlamentar do PSD desafia o PS a apresentar propostas na próxima reunião que será marcada pelo Governo. E garante que AD não quer eleições, mas se as tivesse seria reforçada.
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Comissão Europeia
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Reunião com Von der Leyen em Bruxelas ajudou a que Maria Luís ficasse com pasta com o peso pretendido por Montenegro, o principal negociador. Em agosto, a comissária já deixava pistas sobre o pelouro.
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Ursula von der Leyen
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Na configuração da Comissão, Von der Leyen livrou-se de "espíritos livres" e atribuiu pastas importantes a aliados, principalmente da sua família política. Alemã falhou apenas um objetivo: a paridade.
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Conflito Israelo-palestiniano
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A guerra de atrito Israel/Hezbollah na fronteira do Líbano ameaça generalizar-se abrindo a segunda frente que uns reclamam e outros temem. José Manuel Fernandes em Israel um ano depois do 7 de Outubro
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Abusos na Igreja
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Coordenadora do Grupo Vita escreveu artigo a questionar processos de validação e destruição de dados de vítimas. Ana Nunes de Almeida lamenta que credibilidade da comissão esteja a ser posta em causa.
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Abusos na Igreja
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Após semana marcada por trocas de acusações entre Grupo Vita e Comissão Independente sobre abusos na Igreja, presidente da Conferência Episcopal pede calma e defende trabalho da comissão.
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Cultura
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Peças de Ricardo Neves-Neves, Keli Freitas e Teatro Praga estão entre os destaques deste arranque de temporada. Eis um roteiro pela rentrée nos palcos até dezembro.
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Cinema
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Filmes de alerta, filmes de um Portugal militante e de rua, neste setembro na Cinemateca, para que lhe recordemos as origens e o legado. Um ciclo que é uma viagem à vida e ao trabalho de uma mulher.
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Cinema Português
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A "identidade" do cinema português, o subfinanciamento do setor, a crise da crítica e a "vantagem" de "sermos pobrezinhos". "Grand Tour" chega esta quinta-feira às salas. Entrevista a Miguel Gomes.
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Opinião
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Não é possível evitar incêndios florestais. Mas deveria ser possível evitar as consequências mais nefastas dos incêndios. A demagogia em vigor, porém, não deixa ninguém pensar nisso.
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Em Portugal, habituámo-nos à desgraça dos fogos, a saber que a nossa floresta é um desastre que, em teoria, pode arder de Norte a Sul com um só fósforo.
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Um episódio tristíssimo como o desta terça-feira, bem gerido, pode evitar outros. Menos violentos. Menos perigosos. Mas, igualmente, fruto de muito desespero.
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Incêndios, saúde, educação, transportes, aeroporto, TAP, habitação, impostos, lixo, seca, justiça, corrupção… É uma imensa lista de problemas por resolver há décadas num país em círculos.
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Temos de nos preparar para um ciclo de estio que pode ser longo com todas as consequências que daí irão resultar. Estamos sempre a tempo de infletir o caminho.
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