Na segunda semana de Maio, os 21 Presidentes da República da União Europeia (entre os quais o nosso, Marcelo) publicaram um “apelo comum” destinado a mobilizar os cidadãos para o voto do próximo domingo. Nele se lia que “a Europa é a melhor ideia que alguma vez tivemos” e se recorda que tal ideia nasceu para combater o “nacionalismo desenfreado” e “outras ideologias extremistas”. A acreditar no “apelo”, a “geração jovem” toma a “cidadania europeia” como uma “segunda natureza”, e um tal dado, entre outros, mostra claramente que não podemos “regressar a uma Europa em que os países já não sejam parceiros iguais, mas oponentes”. Sensivelmente pela mesma altura, o ainda Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou, pessimista, que o “combate contra os partidos populistas” se encontrava dificultado pelo simples facto de termos deixado “de nos amar uns aos outros”. Mais exactamente: “perdemos a nossa libido colectiva”, precisamente na altura em que as condições deveriam ser mais propícias a que “os europeus se apaixonassem uns pelos outros”.
O que pode pensar desta retórica uma pessoa comum, que não é especialista da “construção europeia” e que reconhece que uma das razões para Portugal ter melhorado alguma coisa nas últimas décadas (naquilo em que melhorou) foi precisamente a generosa contribuição dos outros países europeus para que muitas coisas por cá mudassem, uma contribuição que só não teve efeitos mais profundos e duráveis por razões das quais somos culpados (vigarices, corrupção, etc.)? Uma pessoa, portanto, que não é “anti-europeísta” nem vive obsecada pelo horror aos célebres “funcionários de Bruxelas”.
Pode, e deve, se me é permitido, pensar várias coisas. Eis algumas.
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