Há vários anos (muitos anos, já) que os Enfermeiros têm vindo a manifestar o seu descontentamento, reivindicação e luta pelo reconhecimento como “profissão de desgaste rápido e de risco”. Apesar desta reivindicação, têm desenvolvido várias formas de luta para uma melhor carreira e salários condignos em virtude de diariamente lidarem com ambientes perigosos e infectados, doenças e cuidarem de cidadãos doentes, em vários estadios dessa mesma doença. Têm encontrado sempre obstáculos no Governo Socialista e na Assembleia da República.

Recentemente, apresentados pelo BE, Chega e PCP, foram votados na Assembleia da República, dois Projectos de Lei e um Projecto de Resolução, a saber:

  • Projecto de Lei apresentado pelo BE, para a criação de um estatuto de risco e penosidade para os Profissionais de Saúde. Votaram contra: PS e IL; Abstenção do PSD, a Favor: BE, Chega, PCP, PAN, Livre.
  • Projecto de Lei apresentado pelo Chega, para reconhecimento da profissão de Enfermeiro como de desgaste rápido e antecipação da idade da reforma. Votaram contra: PS e PSD; Abstenção: BE, IL, PCP e Livre; Favor: Chega e PAN;
  • Projecto de Resolução apresentado pelo PCP para definição e regulamentação de um regime laboral e de aposentação específico para os Enfermeiros. Votaram contra: PS; Abstenção: PSD e IL; Favor: BE, Chega, PCP, PAN, Livre

Eisn com algum espanto, ou talvez não, o sentido de voto de ditos projectos! Tristes sinais, que vemos e avaliamos como tais, aqueles que vêm da Assembleia da República! Depois de ouvidos os sindicatos e Ordem dos Enfermeiros em inúmeras audições e reuniões de trabalho, pretendia-se melhoria da Carreira de Enfermagem, na sua valorização e reconhecimento como profissão de risco e desgaste rápido. Pois todos os projectos de lei foram rejeitados. Posição comum em todas as votações, foi a do PS, votando contra, como aliás o vem fazendo há vários anos, sempre que algum assunto ou diploma diga respeito aos enfermeiros. O PS, partido do Governo e da maioria absoluta, vota sempre contra!

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Reajo com muita indignação, como enfermeiro, a estas votações! Ainda mais, em diplomas importantes a favor dos enfermeiros, ver o PSD perdido no seu percurso errático dos últimos tempos, e um grupo parlamentar ataviado em velhos sofismas. Também ainda não perceberam que sem enfermeiros não há SNS ou qualquer outro sistema de saúde, seja privado, público, ou adopte a forma que quiser. Também ainda não perceberam que os Enfermeiros são a maior classe profissional do SNS. Não há com certeza melhoria da qualidade e resposta do SNS sem Enfermeiros. E estes têm que ser reconhecidos, valorizados e respeitados. Há uma demonstração clara de ignorância, que persiste, sobre o que fazem os enfermeiros nos serviços hospitalares, nos cuidados primários, no privado ou no social. Infelizmente, uma ignorância que atravessa todo o “espectro político”.

Chegados aqui, queremos colocar algumas questões para reflexão com os leitores/Cidadãos:

  • A quem resta dúvidas de que os enfermeiros têm uma profissão de risco e desgaste rápido?
  • Com o não cumprimento das dotações seguras nos serviços, com equipas de Enfermeiros envelhecidas, cansadas e em burnout, poder-se-á estar, potencialmente, a trilhar um caminho muito perigoso, onde o erro e o acidente podem acontecer. Nós trabalhamos, tratamos e cuidamos de pessoas, não de objectos nem máquinas;
  • A exigência da qualidade dos cuidados de enfermagem implica dinâmicas próprias, equipas jovens e actuações preventivas a quem se dirigem os cuidados e para cuidadores;
  • Estarão também os cidadãos a ser exigentes o suficiente para que, no futuro, a segurança e a qualidade dos cuidados que são prestados, que merecem e precisam, se mantenham?

Não há dúvida de que os vários governos do PS têm optado por políticas de degradação da Justiça, da Educação e da Saúde. Para onde caminhamos quando, cada vez mais, a Justiça é mais cara e demorada! A Educação tem professores insatisfeitos e desmotivados e quadros de escolas por preencher! Na Saúde são carreiras desajustadas, remunerações baixas e falta de incentivos! A pobreza instala-se cada vez mais na sociedade portuguesa. O nivelamento é por baixo, num achatamento de remunerações, no desaparecimento da classe média e numa altíssima carga fiscal. É notória a falência da política de “contas certas” deste Governo. E o comum cidadão é que paga os desvarios do Governo, com uma inflação tremenda, uma perda de poder de compra avassaladora e, em sentido contrário, indemnizações e prémios escandalosos a gestores de empresas públicas e bancos falidos, que só sobrevivem à custa da injecção dos dinheiros públicos vindos dos impostos do indefeso cidadão!

Se, por um lado, a Assembleia da República se comporta como um travão à justa reivindicação dos enfermeiros e não os reconhece, por outro lado, o Governo do Dr. António Costa tem sido o responsável pelo desmantelamento do SNS, pela política dos baixos salários no sector da Saúde e pela saída do SNS e emigração de enfermeiros, médicos e técnicos superiores de saúde.

Fica cada vez mais claro o desrespeito que os Srs. deputados têm pelos enfermeiros portugueses, mesmo nestes momentos difíceis, tendo-se comemorado em 2020 o Ano Internacional do Enfermeiro e depois de toda uma dádiva, altruísmo e espírito de missão que os Enfermeiros deram e deixaram, durante os anos de Pandemia (2020-2021)

Algum dia chegará para dizer BASTA! O Titanic também era inafundável e… afundou-se!