Muita gente há que se queixa que em Portugal não se protege a família. E com razão: os abonos de família são ridículos, os descontos com as despesas familiares são irrelevantes, as vantagens fiscais das famílias numerosas são inexistentes, nos programas escolares não se valoriza a família, etc…

Mas esta constatação é apenas superficial e mesmo injusta. Não leva em conta que os principais protectores da família em Portugal são os partidos políticos que ocupam o Governo. Logo que tomam posse os Ministros desatam a nomear irmãos, cônjuges e ex-cônjuges, filhos, enteados e primos para os mais diversos lugares na Administração Central do Estado e nas empresas públicas sob o olhar rendido e benevolente do primeiro-ministro e da Assembleia da República. Não há discriminações sexistas nem étnicas. E, note-se, a noção de família é até muito alargada pois abarca parentes até ao terceiro grau e compreende consanguinidades  e afinidades. Tudo cabe no generoso regaço do Governo. O partido socialista e o partido social-democrata rivalizam nas atenções prestadas à família de cada vez que estão no Governo e mesmo outros partidos já dão mostras da atenção comovida que lhe dispensam. Quando na oposição ficam compreensivelmente impacientes, claro está, à espera de vez para lhe demostrarem o seu carinho.

Esta realidade já chegou ao corpo docente das universidades e mesmo aos cursos superiores considerados mais inacessíveis. É que, como toda a gente sabe, a ciência é hereditária e, portanto, proteger a família é velar pela ciência.

São, portanto, injustos os que se queixam da falta de protecção da família no nosso país. Pelo contrário, a família, enquanto célula principal da sociedade e berço da moral, como bem se sabe na Calábria, está mais garantida do que nunca. Não será esquecida pelo poder político.

Fica aqui a proposta de consagração legislativa de quotas obrigatórias para familiares nos lugares disponíveis da Administração, dos institutos e das empresas públicas. O único quesito será a prova da ligação familiar. Os valores da confiança e da proximidade afectiva justificam-nas abundantemente.

A opinião pública está tão habituada a esta realidade que já nem reage e, sendo necessário, até aplaude. Estamos no bom caminho.

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