Vivemos tempos de relativismo em que os regimes democráticos são colocados em causa por extremismos e por guerras de conquista, como a guerra em curso na Ucrânia, cujo território, a Rússia tenta a todo o custo anexar. Ora como é sobejamente reconhecido internacionalmente, a Rússia atenta contra os valores da democracia liberal. No entanto, estranhamente, há forças políticas que se dizem, desde sempre, acérrimas defensoras da democracia, mas que, contrariamente ao que apregoam, adotam posturas que justificam esses ataques. Vejamos um episódio recente, ocorrido no dia 26 de junho, em que onze militares ucranianos feridos de guerra e que se encontram a ser tratados em Portugal, assistiram ao debate quinzenal no Parlamento. Aquando da sua entrada, foram aplaudidos por todas as bancadas parlamentares com exceção da do PCP! Este comportamento encontra-se em consonância com as suas posições sobre a guerra na Ucrânia, sendo que os seus partidários são manifestamente incapazes de condenar o regime putinista, que atenta contra direitos, liberdades e garantias ao invadir outro pais e apelam a uma “paz” que nega o direito à autodefesa. Este gesto hipócrita de não demonstrarem, na sede da democracia portuguesa, o apoio aos soldados feridos que defenderam o seu pais de uma invasão é totalmente revelador dos seus “padrões de democracia”. Mais uma vez, deixaram claro que não apoiam o pais agredido, a Ucrânia, nem se regem pelos valores da democracia ocidental, onde vigora a liberdade que se encontra sob ataque. Afinal, o conceito de liberdade do PCP não é senão a sua negação, ou dito de outra forma por George Orwell “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. Estamos perante um ato condenável e desrespeitador da democracia que envergonha Portugal e os nossos valores ocidentais.

Este comportamento é merecedor de forte critica pelos media, pelo menos, com o mesmo vigor aplicado a outros partidos igualmente radicais/extremistas como o Chega, quando este propõe medidas condenáveis contra os direitos humanos ou quando profere discursos que colocam portugueses contra portugueses, ou ainda quando idolatra os partidos da sua família política europeia, com padrões de democracia igualmente duvidosos e hipócritas.

Convém, ainda, lembrar que a postura do PCP não é nova. Por um lado, brinda-nos com a defesa das “democracias” de Cuba e da China, por outro, nega genocídios como o Holodomor e, no que respeita à invasão da Ucrânia, segue a lei do mais forte, espezinhando a democracia.

Felizmente a sua expressão política é cada vez mais reduzida em Portugal, ao contrário do que aconteceu em 2015. Nesse tempo (Geringonça), não houve qualquer linha vermelha e o PS não se inibiu de formar governo com o apoio de um partido que defende, por exemplo, a saída da NATO, deixando a nossa soberania comprometida e ainda a saída da UE acreditando que daí resultaria um bem maior para Portugal. Assim sendo, ficaríamos “orgulhosamente sós” como outrora alguém, do outro lado político, defendeu com veemência.

Não existem extremismos/radicalismos bons e maus, ambos são maus e envenenam a democracia, como nos ensina a História. Por isso, mais do que nunca é necessário, por parte da comunicação social, um escrutínio generalizado e não sectário que, para além de informar, possa sobretudo contribuir para a formação de cidadãos com consciência crítica.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR