Aproxima-se o momento em que Portugal será, mais uma vez, o centro do mundo. A primeira semana de Agosto sempre foi uma semana diferente, mais quente, registando-se um fluxo de pessoas vindas de todos os lugares. Contudo este ano será ainda mais “quente” porque aos incêndios do costume se junta um outro fogo, o da juventude, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023).

A JMJ 2023 tudo polariza, empurrando agora Portugal para a organização de um ímpar mega evento. O sucessor de Pedro estará entre nós, aventureiro, um entre uma multidão que sabe que nesses dias o caminho passa por Lisboa. Francisco, guardião da fé, é um homem desconcertante na sua maneira de a viver. Sucedendo a dois pontificados bem distintos, se bem que ambos igualmente carismáticos, o de S. João Paulo II e o de Bento XVI, ele soube, apesar disso, crescer na cadeira de Pedro.

Com luz própria, ele tem sido desarmante na forma como tem enfrentado tudo e todos. Nada exclui; ninguém exclui (veja-se o recente encontro com os artistas). Ele é uma mistura de Franciscos: o Xavier, que, tal como Maria (após a visita do Anjo correu a visitar a prima), correu apressadamente para as Índias na urgência do anúncio, e o de Assis, que se fez pobre para ser instrumento. E, claro, o “Papa jesuíta” tem a pitada de S. Inácio, não apenas na língua, mas por, tal como ele , ter o seu foco no essencial do Cristianismo, Cristo. O Evangelho e a Vida dos santos foram os dois livros que providencialmente lhe vieram parar às mãos no período de convalescença, após o tiro na perna, que o obrigou a parar e a deixar-se de cavalarias.

A proximidade é, insisto, uma das suas chaves, é o caminho ou método do seu pontificado. A Francisco não basta o discurso sobre a pobreza mas convida os pobres para a sua mesa. E vai para as ruas e para os bairros, e gosta de estar com os jovens doentes, uma pobreza especial.

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A proximidade dos Santos, e outras figuras culturais proeminentes, leva o Papa a desenterrá-los do passado para os propor como modelos. Para não ir mais longe, lembro a recente Carta Apostólica sobre Blaise Pascal, nos 400 anos do seu nascimento, a lembrar, muito oportunamente, que a razão não se reduz a geometrie mas é também finesse; ou o documento que agora está a finalizar sobre Santa Teresinha do Menino Jesus, a sua Santa “favorita”, no bicentenário do seu nascimento a lembrar que há um caminho simples para chegar a Deus.

Ainda uma breve reparo sobre o “relevo” dado por Francisco aos nossos três pastorinhos, com recentes avanços no que respeita a Lúcia, a lembrar que Fátima é, para usar a expressão de Bento XVI, Escola de santidade, à qual não faltará neste Verão.

O sucessor de Pedro tem surpreendido pelas muitas viagens que tem feito a diferentes e particulares cantos do mundo, tratando-se nalguns casos apenas para estar com meia dúzia de fiéis (acabando assim por chegar a outros, improváveis). A doença não o tem detido, nem mesmo a recente operação o impediu de manter a sua vontade de peregrinar ao nosso país. Sempre, e também no seu estilo de proximidade nas redes sociais, vi-o há dias no Instagram com a mochila do Peregrino que o presidente da Fundação JMJ2023, D. Américo Aguiar, lhe ofereceu.

Muitos são os que pensam que por estar doente o papa não virá. Mas ele, num vídeo, garante aos jovens: “Vou estar com vocês!”. E di-lo com a mesma segurança que o leva a sair do sofá ( expressão com a qual ele desafia os jovens mas que se aplica a qualquer um de nós) e rumar ao ponto mais Ocidental da sua tão querida Europa. Aos 86 anos o homem vestido de branco junta-se a uma multidão que poderá, segundo os especialistas, ascender a milhão e meio de pessoas, entre peregrinos, turistas, emigrantes e outros. Não teme os perigos ou riscos de ameaças mais ou menos terroristas (pós- Covid e suas doenças mentais, ódios violentos nas redes sociais, etc.).

Portugal tem saber e experiência na realização de eventos internacionais e prepara-se mais uma vez para o seu melhor, garantindo a segurança do Santo Padre. Mas Francisco sabe que no fundo a sua segurança está em Deus e na Sua Mãe, que a 13 de Maio de 1917 apareceu em Fátima e noutro 13 de Maio, em 1981, salvou o Papa S. João Paulo II de um atentado. Foi o próprio que o reconheceu ao dizer com as seguintes palavras: “uma mão disparou a bala, e Outra a desviou.” A segurança do Papa é assim uma segurança à prova de bala. Por isso numa das visitas que fez a Fátima o Santo Padre ajoelhou e rezou. E ofereceu a bala, que agora está na coroa de Nossa Senhora.