«As consequências dos resultados podem ser eventualmente nacionais». Afirmação proferida por Carlos César, antigo presidente do Governo Regional dos Açores e atual presidente do Partido Socialista, depois ter exercido o seu direito de voto nas eleições que deram a vitória à AD nas eleições legislativas regionais dos Açores

Naturalmente que a frase foi dita antes de Carlos César saber os resultados das eleições legislativas açorianas. Como já conhecemos a coerência socialista, estou seguro de que, ao dia de hoje, Carlos César defenderia que o resultado destas eleições não se pode extrapolar para o nível nacional. E por que razão essa extrapolação não convém a muita gente? Porque seria a ruína da narrativa que o PS tenta impor aos portugueses.

Vejamos que «consequências nacionais» se podem tirar.

A primeira é, desde logo, que existe uma alternativa manifesta ao PS. Ficou evidente que é possível vencer eleições contra o PS. Ficou igualmente evidente que a coligação de centro-direita é vista pelos portugueses – neste caso, pelos açorianos – como uma alternativa séria, capaz de governar bem e, por isso mesmo, uma opção certa para o voto dos cidadãos.

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José Bolieiro, Artur Lima e Paulo Estêvão foram uma ótima resposta para o bluff arrogante e presunçoso do PS. Nos últimos meses, os dirigentes socialistas têm chantageado o povo português dizendo que não há estabilidade política e social se o PS não governar, que o PS é o partido charneira do regime, que sem eles o Estado de Direito Democrático vai desabar. Na prática, dizem-nos que se não existir uma «mexicanização» do regime com o PS ao centro, liderando e decidindo quem pode falar com quem, então vem aí o «diabo» da «extrema-direita». Agora ficou mais óbvio de que se trata de um bluff. A verdade é esta: o PS não é o dono da vontade dos eleitores.

A segunda consequência nacional é a do fracasso da mensagem do PS.

A estratégia de comunicação do PS resume-se, nos últimos três anos, a agitar papões: o papão do passado (a Troika) e o papão da extrema-direita. É uma estratégia sem qualquer visão de futuro. Que lhes falta visão de futuro não é novidade: quem governa oito anos sem nenhuma iniciativa política, gerindo, em modo piloto automático, o dia-a-dia e comprometendo o amanhã dos seus concidadãos, revela que não consegue ver mais longe do que o pequeno poder que administra.

E, como não têm nada a dizer sobre o futuro, o que lhes resta são os fantasmas inventados pela máquina de spin socialista. O azar foi que os Açores mostraram que as pessoas não se deixam enganar. Acima de tudo, os portugueses perceberam o que o PS significa: mentira, resignação, inércia. O que as pessoas querem é o contrário: política de verdade, com ambição e capaz de fazer bem feito.

Assim, já se sabe: os argumentos de Pedro Nuno Santos não são para levar a sério. São conversa de anunciador de medos e vendedor de facilidades.

A terceira não poderia ser mais visível: que utilidade tem o voto na IL e no Chega?

Apesar de cavalgar em cada sondagem – e de fazer das sondagens que lhe são favoráveis resultados reais – o Chega esbarrou com a realidade: não é uma verdadeira alternativa ao PS. No fundo, o voto no Chega é um voto no PS. Os açorianos que votaram no Chega não tiveram nenhum retorno evidente e benéfico pelo seu voto. Nem chegaram a contribuir para a derrota do PS, nem abriram as portas do governo regional ao Chega.

O caso da IL é igualmente preocupante: está cada vez mais especialista em perder eleições contra a direita moderada unida, sabendo-se que nunca fará parte da solução quem faz gala de ser um problema.

Sim, Carlos César tem razão: os números açorianos podem repercutir-se por todo o país. Saberá a Aliança Democrática, com Luís Montenegro e Nuno Melo, tornar evidente a mudança que está nas mãos dos portugueses, no próximo dia 10 de março, por todo o país.