O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, teve a coragem – e é pena que se tenha retratado em parte – de dizer algumas verdades sobre os incentivos perversos que, neste caso, existem na relação entre autarquias, bombeiros e prevenção e combate a fogos florestais. Disse Tiago Oliveira, no Parlamento, entre outras cosias, que há “corpos de bombeiros a receberem em função da área ardida” e que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”. Claro que as autarquias e os bombeiros lhe caíram em cima, embora verdadeiramente ninguém tenha desmentido o que afirmou. E essa é a questão que deveria merecer atenção.
Claro que os bombeiros são muito importantes, para o combate dos fogos e para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida. Claro que as autarquias são um pilar do regime que aproxima o poder dos cidadãos e desempenharam, mais no passado do que no presente, um papel determinante na aceleração das condições de vida de cidades, vilas e aldeias do país, onde era limitado o saneamento básico. Mas hoje, há autarquias, salvo honrosas exceções, que se concentram menos na qualidade de vida dos seus munícipes e mais a agradar, sem critério, as associações que vão dos bombeiros às coletividades e ainda mais a gastar dinheiro em festas e festanças sem que se vislumbre uma estratégia cultural. Tudo o resto vão dizendo que não é competência sua, atirando para outros a sua responsabilidade ou ignorando simplesmente o problema.
O caso mais recente foi o da designada Carris Metropolitana na Área Metropolitana de Lisboa. Criou-se uma empresa, a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), dividiu-se a região em blocos e cada um acabou ganho por um concessionário. E quando começou a funcionar basicamente não funcionava, deixando as pessoas que usam os transportes públicos desesperadas. Juntemos a isso os sítios onde as pessoas têm de esperar pelos autocarros para percebermos como os municípios andam arredados destes problemas, fundamentais para os que têm rendimentos mais baixos, mas também para promover o uso dos transportes públicos, tendo em vista as políticas de neutralidade carbónica A responsabilidade dessa falta de qualidade é obviamente dos municípios que se protegeram ficando atrás das empresas que criaram.
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