Entrámos numa nova e decisiva fase do Brexit que agora tem como último prazo Outubro deste ano. O Conselho Europeu, estendeu o prazo para o Reino Unido ou aprovar até lá o Acordo, a qualquer momento, e sair da União, ou sair da União Europeia sem acordo nessa data. O novo prolongamento do Artigo 50.º “exige” a participação do Reino Unido nas eleições europeias (23 a 26 de maio), a menos que aprove antes o Acordo, e contempla uma revisão intercalar do processo de saída do Reino Unido da União Europeia por ocasião do Conselho Europeu de 20 e 21 de junho próximo. Esta revisão intercalar pode ditar a saída sem acordo e, por isso, a saída do Reino Unido, com ou sem acordo, poderá efetivar-se antes de 31 de Outubro.
Importa relembrar que este Acordo entre Theresa May e a União Europeia acabou por consagrar maioritariamente a posição europeia e destruído algumas “linhas vermelhas” de May. Ao contrário do que alguns poderiam pensar, as negociações que levaram a este Acordo, três vezes chumbado no parlamento britânico, e que não se vislumbra que possa ser nem alterado por Bruxelas, nem aprovado em Westminster (sem um pacote de decisões acopladas como argumentaremos), não resultaram nem deveriam ter resultado de uma negociação entre iguais, pois não é comparável o peso económico e político do Reino Unido em relação ao dos demais 27 países da União Europeia.
Só haveria duas situações em que os britânicos poderiam ter tido algum sucesso (leia-se obter um acordo que passasse no parlamento) nas suas negociações com o resto da UE. Primeiro, que antes do referendo soubessem muito bem o que queriam os defensores do Brexit o que, como sabemos, não se verificou. Segundo, que nas “negociações” em vez de ser uma relação de um com 27, onde a desproporção é enorme, fossem relações bilaterais, jogando nas divisões europeias. Isso foi tentado, mesmo antes do referendo, e logo após, quando os irlandeses, percebendo a questão sensível da eventual reintrodução da fronteira na Irlanda do Norte com a República, iniciaram conversações bilaterais com o RU. Como é bem explicado no POLITICO, esses devaneios cedo foram eliminados pela UE, que mostrou que as conversas não eram bilaterais dos Estados Membros com o RU, mas bilaterais com Bruxelas e em Bruxelas.
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