Why We Age – and Why We Don’t Have To é o título de um livro de David A. Sinclair, um entre outros que abordam a questão tão pertinente, se nos debruçarmos sobre ela, que é saber porque uns envelhecem bem e outros tão mal? Mais do que debruçar sobre a inevitabilidade da morte, urge entender porque envelhecemos tão diferentemente.

Diversos fatores são apontados pela medicina geriátrica e por outros especialistas na área da saúde sobre o processo de envelhecimento, ainda que, não raras as vezes, pessoas aparentemente sujeitas a um mesmo ambiente ao longo da sua vida tiveram um envelhecimento muito distinto.

Existem pessoas que se movem diariamente a pé ou de bicicleta, têm o hábito de correr de forma saudável, têm hábitos de leitura e de raciocínio; e, portanto, é sem aparente surpresa que, mesmo com 80, 90 ou mesmo até aos 100 anos continuem ativos e apresentem níveis mais saudáveis de marcadores de doenças. Outras pessoas há, porém, que ao adotarem um estilo de vida mais sedentário, secundarizando também o estímulo das funções cognitivas, começam por volta dos 60 anos a queixar-se de “achaques”, dores no corpo, mas também com frequência surgem as queixas de esquecimento e de confusão mental.

As questões que se colocam são: PORQUE acontece isto? Como evitar e sobretudo perceber que tal está a acontecer?

Ainda que a esperança de vida tenha aumentado no nosso país (em 1981 eram 45.4 idosos por cada 100 jovens, enquanto que no ano de 2020, registaram-se 165,1), a questão é saber se vamos conseguir aumentar a esperança de vida com ou sem qualidade de vida.

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Numa região como o Alentejo, e praticamente em todo o interior de Portugal, – e a noção de interior é aqui discutível visto que a faixa “litoral” é muito estreita –, a população residente acima dos 65 anos é superior a 20%, um número bastante significativo se considerarmos que esta é a maior região de Portugal em termos territoriais, com uma área total de 31 551 Km2, mas esta é simultaneamente a região com menor densidade populacional: apenas 24 habitantes por Km2 (por contraste com 112,8 no Continente), residentes, na sua maioria, em localidades até 5 000 habitantes.

Parece assim imprescindível perceber como proporcionar qualidade de vida e estes idosos, e premente garantir que, mesmo em zonas isoladas ou de difícil acesso, onde a maioria destes idosos residem, tenham acesso a cuidados de saúde e a cuidados sociais por forma a garantir uma qualidade de vida condizente com os parâmetros de um país desenvolvido, ou não seja Portugal estado membro da União europeia há praticamente 36 anos.

A Cátedra LifeSpan, estabelecida entre a Universidade de Évora, o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e a Siemens Portugal, que a patrocina, tem esse racional – a região e o seu contexto demográfico e etário –, e a partir dela dar respostas mais eficazes para um envelhecimento ativo e saudável.

Esta necessidade “regional” (mas também nacional) tem tornado esta cooperação entre IES, serviço público e privado um triângulo “virtuoso”, porque sabemos que tudo se torna mais fácil com o empenho de todas as partes. Assim, agregando os conhecimentos que temos desenvolvido nestas áreas com as tecnologias que os têm acompanhado, projetos de Tele-referenciação de doentes Cardíacos e de Hospitalização domiciliária são uma realidade, mas que através desta cátedra vamos reforçar.

Estamos assim a falar de um conceito de cooperação e de partilha para a inovação na área do envelhecimento, um conceito de saúde para o século XXI assente na vanguarda do conhecimento, da investigação e da inovação tecnológica, sem que tal nos impeça da humanização da saúde de e oferecer respostas mais eficazes e eficientes, fortalecendo, em simultâneo, a relação com a comunidade, os parceiros e a região do Alentejo.

É também por essa razão que avançamos já em 2022 com um Innovation Think Thank na área da saúde, chamando a esta região destacados investigadores, especialistas entre outras personalidades para discutir estes temas onde nos ajudarão a descortinar a questão inicial: Porque envelhecemos tão diferentemente? Acrescente-se assim à equação como proporcionar o referencial para um envelhecimento mais saudável, ativo e com qualidade de vida, porque afinal será isso que todos nós almejamos.