No meio de tanta desgraça, descobre-se, por vezes, uma pepita de esperança. Desta feita minerei uma notícia que dá conta de um novo estudo da Universidade de Bristol segundo o qual, caso os seres humanos deixem de queimar combustíveis fósseis já hoje, a extinção do planeta acontecerá daqui a 250 milhões de anos. Ainda é um bom tempinho. Talvez dê hipótese de construir o novo aeroporto de Lisboa e tudo. Talvez dê para decidir a localização do novo aeroporto de Lisboa, vá.

E a coisa pode ficar ainda mais prometedora. Se borrifarmos para a parte de deixar de queimar combustíveis fósseis já hoje e, em contrapartida, queimarmos combustíveis fósseis à bruta, de modo a desenvolver tecnologias que permitam resolver hipotéticas futuras catástrofes climáticas, a Humanidade pode até aguentar mais uns milhõezinhos de anos. Com sorte ainda dá tempo, inclusive, para José Sócrates ser julgado. Enfim, agora talvez me tenha deixado levar pelo entusiasmo.

Mas já que há entusiasmo, é a altura perfeita para referir a sondagem que dá António Costa como favorito à conquista das próximas eleições presidenciais de janeiro de 2026, surgindo à frente, nas intenções de voto, de figuras como António Guterres, ou Pedro Passos Coelho. Bom, primeiro, espero que esta sondagem tenha seguido todos os trâmites legais. Nomeadamente no que a cuidados de higiene diz respeito. Seria muito desagradável comprometer a saúde política de Pedro Passos Coelho com uma descuidada proximidade a estes outros dois candidatos presidenciais.

Depois, este resultado não espanta. É óbvio que António Costa é favorito na corrida a Belém. É a evolução natural. Afinal, ao longo dos seus oito anos de governo, o então primeiro-ministro andou sempre ao colo do Presidente da República. Aqui e ali a fazer as suas travessuras ao Presidente, claro, como é normal, mas sempre ao colinho de Marcelo. Agora, sem que tenhamos dado pelo tempo passar e porque os miúdos hoje em dia, é incrível, crescem num instante, Costa já está em perfeitas condições de andar pelo Palácio de Belém sozinho, totalmente autónomo.

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Enquanto não anda, é Marcelo quem se vai arrastando, penosamente, pela residência oficial do Presidente da República. Penosamente, para aqueles de nós que sempre acharam que a única coisa a que Marcelo Rebelo de Fala-Barato Sousa devia presidir era a reuniões da Tupperware, bem entendido. Muito por força da condição congénita de que padece o Presidente, a Síndrome de Marcelette.

O que é a Síndrome de Marcelette? Mau, como assim? Mas ainda agora foi a pandemia de COVID-19 e já caducaram as especializações em ciências médicas? Bom, a Síndrome de Marcelette é, como está bom de ver, uma variante – lá está, “variante”. Disso, pelo menos, ainda se lembram? – da muito mais engraçada, Síndrome de Tourette. Ambas as maleitas passam por não conseguir evitar certas vocalizações, mas enquanto na Tourette uma pessoa não consegue evitar dizer palavrões, no caso da Marcelette é, especificamente, quem escuta o Presidente Marcelo que não consegue evitar dizer palavrões a cada discurso do mais alto tagarela da Nação.

Só nos últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa minou mais o terreno político nacional que os soviéticos minaram o Afeganistão na guerra com os mujahedin. Primeiro foram as referências jocoso-ofensivo-betas às supostas ruralidade e lentidão de Costa e Montenegro. E depois, para não deixar o flanco internacional desprotegido, o Presidente ainda se lembrou de insistir nas “reparação” às ex-colónias.

Por mim tudo bem, podemos falar de reparações. Só tenho é uma ordem de prioridades. Antes das reparações às ex-colónias, gostava que Marcelo passasse na oficina, que dá ideia de precisar, ele próprio, de uma reparação, uma vez que está com um trabalhar esquisito. E agora que Pinto da Costa deixou a presidência do Futebol Clube do Porto, era óptima altura para serem devolvidos ao Benfica os vários títulos que nos foram subtraídos durante o papado do ex-presidente. Depois, sim, falamos de reparações às ex-colónias. Sendo certo que essa história, eu não papo.