Infelizmente, não há nada de novo no caso que tem dado que falar nos últimos dias. Diria, aliás, que é uma história bem velhinha. Há um lugar por preencher? Esse lugar é determinante para controlar determinada actividade? Encontra-se o nome certo e ajusta-se o fato para servir ao candidato pretendido. Já vimos isto tantas vezes que até enjoa.

Aqui, a novidade é que a máquina socialista já descobriu a fórmula de fazer chegar as suas práticas a instituições internacionais. Isto, sim, é de valor.

Podemos indignar-nos, vociferar, pedir explicações, descabelar-nos, mas a verdade é que, como sempre, vamos tolerar e esquecer. O PS sabe-o, já passou por isto muitas vezes e lá para os lados do largo do Rato devem estar a apaziguar as hostes com a célebre frase: “Uma andorinha não faz a Primavera.”

A prática não se aplica só ao Partido Socialista, mas só com o Partido Socialista é tolerada e perdoada. E a culpa é de uma sociedade civil de brandíssimos costumes e de consciência levezinha quando falamos nos pecadilhos do PS. A encenação do escândalo lá se vai fazendo e, a ferros, até se encontrou uma cabeça menor para colocar na bandeja dos denunciantes indignados. Neste caso, a vítima foi o Director-Geral da Política de Justiça, Miguel Romão.

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A Ministra aparece como o prevaricador cobarde da turma que, perante a ameaça de que ou o culpado se acusa ou pagam todos, permanece em silêncio, assobiando para o lado. O Procurador nomeado fica em silêncio no seu cantinho de Bruxelas.

O problema de tudo isto é que, caso após caso, a máquina fica sem espaço ou sem ar para respirar. Os boys socialistas estão em todo o lado, controlam tudo, mantêm-se no poder, ganhem ou não eleições. Na verdade, são sempre eles que mexem os cordelinhos e aparam os golpes. Estamos cada vez mais ligados ao ventilador socialista.

Todos sabemos que é assim, mas no fundo ninguém se incomoda, porque quanto mais o tempo passa, mais compensa não nos metermos com o PS e tentarmos, assim, viver tranquilos a nossa vidinha. Ou antes, alguém se incomodou, para esta história ter vindo cá para fora, um ano depois do sucedido. Não foi seguramente por acaso, mas estes arrufos de consciência são cada vez mais raros e cada vez têm menos consequências. E a culpa é nossa, de todos nós que já não ligamos.

Agora que esta pandemia socialista já ultrapassou fronteiras, a nossa condição de reféns deste vírus piorou um pouco. O poder socialista já não tem os movimentos livres só cá dentro. O procurador nomeado está na instituição europeia que se propõe investigar as fraudes com fundos europeus. Vem aí a célebre bazuca e dá muito jeito ter alguém em Bruxelas que possa gerir a crise no caso de o dinheiro não ser gasto como devia.

Está doente a nossa democracia, muito doente. O vírus que nos ataca anda à solta há muitos anos e não há meio de chegar uma vacina que vença o bicho. O pior, é que há outras doenças oportunistas por aí, que aproveitam as fraquezas do regime para ganhar espaço na política e no poder. E assim se mata o que custou tanto e a tantos a construir.