Um dos paradoxos mais intrincados da Carta Olímpica está expresso na Regra Seis quando diz que “os Jogos Olímpicos (JO) são competições entre atletas em eventos individuais ou coletivos e não entre países”, quando toda a gente sabe, porque é público e notório, que os JO são competições entre países e tudo se processa como tal. Na realidade, os JO sempre foram tidos como competições entre países até que, em plena Guerra Fria, para atenuar as disputas entre os EUA e a URSS, bem como as reivindicações da República Popular da China (RPC) relativamente à exclusão de Taiwan, a Carta Olímpica, publicada em 1956, ao tempo designada “Princípios Fundamentais, Regras e Regulamentos, Informação Geral”, no número 7 relativo aos Princípios Fundamentais, pela primeira vez ficou expresso o seguinte absurdo: “os cidadãos de um país estão qualificados para participar nos Jogos Olímpicos apenas com as cores desse país. Os Jogos são disputas entre indivíduos e não entre países”. Então, porque é que a disposição da Regra Seis continua a existir? Porque, por vezes, dá jeito. Por exemplo, nos JO de Paris (2024), devido ao conflito na Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia, tudo indica, ficarão de fora sem que os atletas daquelas nacionalidades sejam excluídos.

Na Grécia antiga, os atletas campeões ofereciam à sua cidade as coroas que haviam conquistado nos jogos atléticos. E os atletas estrangeiros que as oferecessem a uma cidade diferente da sua, a cidade conferia-lhes a cidadania. Mas, também, havia quem, por mercenarismo, vendesse os seus préstimos atléticos a outra cidade. Por exemplo, o atleta olímpico Sotades de Creta ganhou a corrida da longa distância (dolichos) dos Jogos da 99ª Olimpíada. Nos Jogos seguintes foi subornado pelos efésios para competir por eles. Em consequência, os cretenses exilaram-no.1 Os JO são um evento desportivo em que países em competição sempre foi o seu atributo principal. E, ainda hoje, para além das hipocrisias alimentadas pelo dinheiro, a ignorância e a falta de orgulho pátrio, os campeões veem com alegria e prazer as bandeiras dos seus verdadeiros países subir nos mastros da vitória. E não faz qualquer sentido que nas competições interpaíses possa vir a ser de outra maneira, a menos que se pretenda transformar o Estádio Olímpico num Circo Romano. Por exemplo, quando, em 1934, a seleção italiana de futebol ganhou o Campeonato do Mundo, utilizou quatro argentinos. Tal opção foi praticamente imposta por Benito Mussolini (1883-1945) que, a todo o transe, pretendia vencer o campeonato para demonstrar a pujança do país. E até deu o mote aos futebolistas: “vençam ou morram”.

O desporto moderno, enquanto produto do neo-olimpismo desencadeado a partir de 1892 por Pierre de Coubertin (1863-1937), encontrou as razões propícias ao seu sucesso: (1º) no atleticismo dos jogos da Grécia antiga; (2º) na pedagogia da responsabilidade desencadeada por Thomas Arnold (1795-1842) nas escolas públicas inglesas; (3º) na dinâmica do capitalismo industrial de finais do século XIX que possibilitou a formação de grandes concentrações populacionais, e; (4º) na lógica do ressurgimento do imperialismo britânico que decorria do Manifesto Imperial (1870) de John Ruskin (1819-1900) um dos mentores de Pierre de Coubertin.

Em finais do século XIX, vivia-se na Europa um período de relativa acalmia entre a guerra Franco-Prussiana (1870-1871) e a Grande Guerra (1914-1918) pelo que, de acordo com o designado “esprit d’inter nationalité”, existiam condições propícias para reunir diversos líderes “sportivos” europeus e de outros continentes a fim de os convencer a, através da institucionalização dos JO da era moderna, trasladarem para os terrenos dos jogos atléticos as lutas fratricidas que eram travadas nos campos de batalha. Então, após vários eventos preparatórios, de 16 a 23 de junho de 1894, realizou-se em Paris aquele que ficaria para a história como o 1º Congresso Olímpico onde, no dia 23, foi instituído o Comité Internacional dos Jogos Olímpicos que, posteriormente, viria a designar-se Comité Olímpico Internacional (COI). Das conclusões respigamos a 11ª: “nenhum país tem o direito de ser representado nos Jogos Olímpicos por outra pessoa que não os seus nacionais e que, em cada país, sejam realizadas provas eliminatórias antes da data dos jogos, de modo a designar, para participar, apenas os verdadeiros campeões, em todo o tipo de desporto”.

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A questão nacional, na dinâmica internacionalista do “todos os desportos para todos”2, sempre foi consubstancial à realização dos JO na era moderna. Desde a primeira celebração dos JO em 1896, tanto as cerimónias de abertura e de encerramento como as de distribuição de prémios e outras têm sido envolvidas num ambiente de celebração patriótica, e até “o juramento dos atletas”, pronunciado pela primeira vez nos JO de Anvers (1920), começou a ser realizado sob as bandeiras hasteadas das nações concorrentes. A questão nacionalista, sob a inspiração estética de John Ruskin (1819-1900), do seu Manifesto Imperial (1870) e dos estandartes (oriflammes) coloniais, está na base do internacionalismo patriótico do MO expresso nos símbolos olímpicos, entre outros no dos cinco anéis – azul, amarelo, preto, verde e vermelho sobre um fundo branco – que representam as cinco partes do mundo e recordam as cores das bandeiras de todas as nações unidas pelo Olimpismo.

Coubertin, nas suas Cartas Olímpicas, relata o ambiente que antecedeu a realização da primeira edição dos JO da era moderna em 1896 na cidade de Atenas. Na carta datada de 26 de março de 1896 relatava: O sol está a brilhar e os Jogos Olímpicos estão próximos. (…) Colocámos à venda bandeiras francesas, russas, americanas, alemãs, suecas, inglesas… A brisa ática levanta alegremente as suas leves dobras e os homens de fustanela passeiam diante das pitorescas barracas da Rua de Hermes e alegram-se com este espetáculo; sabem que “o universo está a chegar” e aprovam os preparativos feitos para recebê-lo bem”. E, numa outra carta, de 5 de abril, na véspera do início dos JO, volta às bandeiras para dizer “este ano, o aproximar dos Jogos Olímpicos apenas aumentou a alegria habitual da Semana Santa ateniense. As inúmeras bandeiras que caem das janelas, as guirlandas de folhagens que se entrelaçam no cruzamento das ruas, parecem celebrar o fim da Quaresma ao mesmo tempo que a chegada dos estrangeiros…”.

Depois, os gregos rejubilaram com Spyridion Louys (1873-1940) o vencedor da corrida da Maratona que ficou para a história como o primeiro herói olímpico da era moderna. Conforme descreve Coubertin nas suas Memórias Olímpicas, Spyros, como popularmente era conhecido, fez vibrar os sentimentos nacionalistas dos gregos. E Coubertin descreveu os momentos finais que envolveram Spyros ao vencer a corrida da Maratona: “Vestido de trajes populares tradicionais, alheio a todas as práticas de treino científico preparou-se para a Maratona jejuando e orando tendo passado a última noite diante os ícones sagrados à luz das velas. A sua vitória foi magnífica em força e simplicidade. Aquando da sua entrada no estádio, onde estavam mais de sessenta mil espectadores, apresentou-se sem qualquer sinal de exaustão e quando os príncipes Constantino e Jorge, num gesto espontâneo, o levaram em braços até o Rei no seu trono de mármore, parecia que toda a antiguidade helénica estava no estádio com ele. Foi um dos espetáculos mais extraordinários de que me lembro”.3 E, a 12 de abril, já no final dos Jogos escrevia “uma maravilhosa procissão de tochas circulou pela Praça da Constituição. As bandas de música soavam, as bandeiras das nações estrangeiras levantavam aclamações à medida que passavam; as chamas verdes e vermelhas ardendo por todos os lados incendiavam a severa fachada do palácio do rei, diante da qual dançava a fantástica procissão de lanternas venezianas”.

Coubertin procurou enquadrar no nacionalismo a ideia de patriotismo que, na sua opinião, “combinava o amor pelo seu próprio país com a aceitação e apreciação do amor que as outras pessoas sentiam pelo seu”.4 Entendia que a “cultura do esforço não era propriedade de nenhuma raça, na medida em que era o nervo de toda a civilização e o embrião de todo o poder. Não se revelava na personalidade particular de um grego antigo, de um nobre inglês ou de um oriental. Revelava-se enquanto expressão de um instinto próprio da condição humana que era “perigoso não satisfazer”.5 Porque, o primeiro princípio do Olimpismo era o de “ser uma “religião”, ou seja, “a adesão a um ideal de vida superior, que aspirava à perfeição”6 pelo que “era razoável acreditar que as lutas pacíficas e corteses constituíam o melhor internacionalismo”.7 Simultaneamente, condenava um nacionalismo gerador de inapropriadas hostilidades entre países. Por exemplo, a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte sempre participaram nos JO como um único Estado-nação, a Grã-Bretanha, e não como quatro países, o que não acontece nas competições internacionais de alguns desportos. Para Coubertin, o desporto devia ser um meio a partir do qual era possível reconhecer e aceitar as diferenças entre as pessoas no âmbito de uma humanidade comum. Num texto de 1901, “Notes sur l’Education Publique” esclarecia que o nacionalismo não devia ser entendido como o faziam os “socialistas revolucionários e, em geral, os teóricos utópicos que previam um nivelamento gigantesco que faria do universo civilizado um Estado sem fronteiras e da organização social a mais monótona das tiranias. Devia, para além das ideologias e sem preconceitos, ser entendido a partir das características nacionais pois elas eram uma condição indispensável à vida dos povos, porque o contacto entre eles, em vez de os enfraquecer, fortalecia-os”.8

Nas primeiras edições dos JO, o controlo das nacionalidades dos elementos das equipas passou por algumas dificuldades, mas não pelo esquecimento, o que não seria sequer possível. Nos JO de Atenas (1906), designados intercalares, o irlandês Peter O’Connor, detentor da melhor marca mundial no salto em comprimento, foi obrigado a competir pelo Reino Unido pois a Irlanda só viria a conquistar a independência em 1919. A prova, devido a uma confusão tida como propositada, foi ganha pelo concorrente inglês. Peter O’Connor ficou em 2º lugar. Em resultado, na cerimónia de atribuição dos prémios, Connor, inopinadamente, subiu ao mastro onde a “Union Jack” tinha sido içada e substitui-a pela bandeira irlandesa que, sob um fundo verde, dizia: “Erin go Bragh”, “Ireland Forever”.9 A partir dos JO de Londres (1908) a situação começou a clarificar-se sobretudo devido à famosa frase que nada tem a ver com o pensamento de Coubertin “…o importante nos Jogos Olímpicos não é ganhar, mas sim participar…” da autoria de Ethelbert Talbot, Bispo da Pensilvânia (EUA), proferida num sermão dirigido aos atletas numa cerimónia religiosa realizada na Catedral de Saint Paul. A frase do Bispo pretendia atenuar os conflitos nacionalistas surgidos nas competições entre atletas ingleses e americanos. A frase que havia sido proferida por Coubertin tinha um sentido completamente diferente. Apelava ao nacionalismo dos gregos, hesitantes que estavam relativamente à organização dos JO de Atenas (1896). Foi proferida quando, a 16 de novembro de 1894, num discurso proferido em Atenas, com a intenção de “provocar” o nacionalismo dos gregos, lhes disse que “a desonra não consiste em ser derrotado: consiste em não ter lutado”.10 E Richard Desborough, o Presidente da Associação Olímpica Britânica, no discurso que proferiu no banquete final disse que os JO “… fizeram com que as diferentes nações percebessem que deviam pôr de lado as suas rivalidades meramente locais e inscrever equipas que representassem o seu país como um todo”.11 E Coubertin, que na qualidade de Presidente do COI também discursou, ainda foi mais claro ao esclarecer: “o internacionalismo tal como o entendemos é feito do respeito à pátria e da nobre emulação que emociona o coração do atleta ao ver as cores do seu país subirem ao mastro da vitória, fruto do seu trabalho”.12

Pouco mais de cem anos depois de Desborough ter manifestado o seu orgulho pelas equipas nacionais representadas nos JO de Londres (1908) e de Coubertin ter referido o orgulho dos atletas verem as cores do seu país subirem ao mastro da vitória, os jornais britânicos “rebentaram a bomba” dos “plastic Brit” porque a equipa Britânica aos JO de Londres (2012), apresentava 61 atletas (11,27%) nascidos fora da Grã-Bretanha, alguns deles, à semelhança do Qatar ou do Azerbaijão, entre outros países, naturalizados “just in time”.

É necessário conhecer e avaliar as circunstâncias e a que título as naturalizações são concedidas. Porque, se o são, exclusivamente, por motivos politico-desportivos, estamos perante uma espécie de “brawn drain” de países com dificuldades económicas e sociais condenados a alimentarem países e sistemas desportivos com dinheiro a mais, dirigidos por gente com competência a menos.

Dos 92 atletas portugueses que foram aos Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio (2021) 19 (21,6%) não nasceram em Portugal, pelo que, em algum momento, adquiriram a nacionalidade portuguesa. No entanto, há naturalizações e naturalizações. Uma coisa é a naturalização de Nelson Évora, de ascendência cabo-verdiana, de uma antiga colónia portuguesa, que veio muito jovem para Portugal, por cá ficou e por cá fez a sua educação escolar e desportiva e, passados vários anos, adquiriu a nacionalidade portuguesa. Nos JO de Pequim (2008) ganhou uma medalha de ouro por Portugal e pelo desporto português e foi um orgulho e um exemplo para os portugueses. Outra situação, completamente diferente, é a do cubano Pablo Pichardo cuja nacionalidade portuguesa, por motivos desportivos,13 só lhe foi reconhecida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a 1 de agosto de 2019, quer dizer, a um ano da data programada para o início dos JO de Tóquio (2020) onde Pichardo, ao serviço de Portugal ganhou uma medalha olímpica que, em boa verdade, pertence a Cuba e ao desporto cubano. Conforme se depreende das palavras de Jacques Rogge (1942-2021) que presidiu ao COI de 2001 a 2013, proferidas durante a realização dos VIII Jogos Africanos em 2003 em Abuja na Nigéria, as naturalizações por motivos desportivos devem obrigar à existência de uma ligação, genuína, próxima, credível do atleta para com o país que o recebe. Caso contrário, as naturalizações não passam de artifícios para justificar a obtenção do concurso de atletas de alto rendimento, já com a medalha olímpica ao peito, para aumentarem o medalheiro olímpico dos países que os contratam.

É preocupante que, no cenário desportivo nacional, surjam cada vez com mais frequência processos de naturalização que deixam tudo ou quase tudo por explicar. Por exemplo, a cavaleira profissional Luciana Diniz, sob a nacionalidade brasileira, competiu nos JO de Atenas (2004) no desporto equestre/salto de obstáculos. Entretanto, adquiriu a nacionalidade portuguesa, e nos JO de Londres (2012) (17º lugar), nos JO do Rio (2016) (9º lugar) e nos JO de Tóquio (2021) (10º lugar) competiu sob a bandeira portuguesa. Após os JO de Tóquio (2021) Luciana, no seu pleno direito e de acordo com o estatuído pelo COI, resolveu que nos JO de Paris (2024) queria voltar a competir pelo Brasil e, em consequência, abandonou o famigerado programa português de preparação olímpica deixando os dirigentes desportivos olimpicamente “desatinados” uma vez que tiveram de devolver Luciana à procedência. Seria bom que os responsáveis políticos e desportivos explicassem ao País como foi possível terem promovido tal situação que nada tinha a ver com o desporto nacional, desprestigiou um país cujo orçamento da Federação não chega, certamente, para pagar a anuidade do seguro dos cavalos montados por Luciana. Pergunta-se: qual o custo da aventura portuguesa de Luciana? O que é que o país e o desporto ganharam? E os portugueses?

Mas, em matéria de naturalizações, de momento, o caso mais extraordinário é, seguramente, o da velejadora grega Vasileia Karachaliou que, porque se incompatibilizou com os dirigentes da federação do seu país, decidiu, por sua alta recreação, que quer competir por Portugal! E disse: “sou grega, mas estou supercontente por competir por Portugal” (Record, 2022-11-23). E, por incrível que possa parecer, Vasileia, mediante uma inacreditável autorização especial sem qualquer sustentação jurídico-diplomática passada pela Federação Internacional de Vela (World Sailing), está a competir por Portugal e a pôr do avesso um desporto que tem as suas origens culturais nas Regatas do Tejo de meados do século XIX. E, mesmo depois de se saber que, em comunicado oficial, o Comité Olímpico Grego esclareceu opor-se a que a velejadora, pelas razões que invoca, possa competir por outro país que não seja a Grécia, a Federação Portuguesa de Vela (FPV) continuou a convocar a atleta grega que está a “competir por Portugal”. Que a menina não tenha a noção do que está a fazer compreende-se, que os dirigentes da FPV, uma instituição que goza do Estatuto de Utilidade Pública Desportiva, à custa do dinheiro dos contribuintes, promovam tal situação é inaceitável, desde logo porque o COI nunca reconhecerá a nacionalidade portuguesa da atleta sem ser com o acordo do Comité Olímpico Grego.14

A veracidade da nacionalidade de cada atleta das equipas que representam Portugal nas competições desportivas internacionais deve ser objeto de grande consideração. Trata-se de um bem precioso de muitas centenas de anos enriquecido por um extraordinário legado colonial. Expressa-se através de uma história, uma língua e uma cultura que desencadeiam a emoção de união e de pertença a uma comunidade, mas, também, o sentimento de si e a autoestima de cidadãos que, na consciência de uma existência partilhada, afirmam a sua própria personalidade. Construir equipas nacionais à custa de atletas estrangeiros naturalizados “just in time”, por mais medalhas olímpicas que se ganhem, em nada dignifica o País e destrói um dos seus mais preciosos patrimónios, o sentimento pátrio.

Na sua generalidade as naturalizações não passam de um expediente que caracteriza um certo estado de infantilismo de muitos dirigentes desportivos: se eles contratam atletas estrangeiros “com a medalha ao peito”, porque é que nós não havemos também de os contratar? E, assim, a administração do desporto passa a funcionar à revelia de qualquer imperativo de ordem ética porque, “feio, feio, é perder”.

E como, parafraseando Orwell, os políticos lutam pelo presente que lhes permite controlar o passado a fim de justificarem o futuro que mais lhes interessa construir,15 está em curso uma estratégia de manipulação psicológica que passa por falsear o pensamento de Pierre de Coubertin com o objetivo de levar os portugueses a aceitar como natural o recurso às naturalizações de aviário de atletas estrangeiros para integrarem as equipas nacionais. Em consequência, estamos perante uma “novilíngua” que pretende controlar o pensamento das pessoas para, ao estilo das competências de Winston Smith, levá-las a acreditar que Coubertin só não impediu o hastear das bandeiras nacionais nos Estádios Olímpicos porque receava que, sem elas, quer dizer, sem as nacionalidades que as bandeiras representam, o projeto olímpico não teria sucesso. Ora, tal ideia não tem qualquer sustentação porque, desde o início da institucionalização do MO moderno, para Coubertin e o COI a questão nacional era consubstancial aos próprios JO e, do ponto de vista pedagógico, político e social, um dos instrumentos de maior valia para o seu desenvolvimento.

O revisionismo histórico em curso passa, em primeiro lugar, pelo “cancelamento” de Coubertin que, em matéria de pensamento político-desportivo, está a ser substituído por personalidades, como, por exemplo, Nelson Mandela (1918-2013) que, por mais respeito e admiração que se possa ter por ele, nada teve a ver com a institucionalização e o desenvolvimento do MO moderno. Esta prática, que consiste na utilização de uma personalidade de alto e incontestável prestígio para “vaporizar” uma outra que se pretende fazer esquecer já é antiga. Na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ao tempo de José Estaline (1878-1953), também combateram a figura de Pierre de Coubertin que, no âmbito da grande revolução proletária, era considerado um representante do capitalismo burguês. Simultaneamente, pretendiam destruir o COI, uma organização que consideravam burguesa e que, através do JO, afastava os trabalhadores da luta pelos seus interesses de classe. Em consequência, Coubertin foi substituído por Espártaco o escravo que se revoltou contra o poder vigente na Roma antiga e a URSS desencadeou a organização das Espartaquíadas, competição polidesportiva alternativa aos JO, realizada no âmbito dos países da Cortina de Ferro e outros satélites da URSS.

Em matéria de nacionalismos, um dos grandes objetivos de Coubertin foi o de fazer avançar o MO para todos os continentes. Ele era um admirador da organização colonial inglesa que desejava transpor para o MO. E, à imagem e semelhança do que se dizia da “Union Jack”, também pretendia que o pôr do sol nunca acontecesse sob a bandeira olímpica. Quer dizer, o MO, tal como o império colonial britânico, devia circundar o mundo de lés a lés de modo a estar sempre iluminado pelo sol. Este sentimento de admiração, em grande medida, ficou a dever-se às escolas públicas inglesas onde a educação era encarada numa perspetiva holística pelo que os desportos faziam parte dela. E, através das virtudes da educação desportiva, os britânicos criaram os líderes que, durante mais de um século, haviam de suportar o regime colonial britânico em África e no Oriente. E tal perspetiva era extensiva às jovens raparigas que deviam estar fisicamente preparadas para aguentarem, “ombro a ombro” com os seus futuros maridos, os postos avançados do Império Britânico, a fim de demonstrarem a sua superioridade e defenderem os interesses do País. E os administradores coloniais britânicos ficaram famosos por serem escolhidos entre aqueles que apresentavam um bom currículo desportivo. Mas como “não há bela sem senão” caiu-se numa espécie de “atletocracia” denunciada por Joseph Chamberlain (1836 -1914) que, quando exerceu as funções de Secretário de Estado para as Colónias (1895-1903), não pôde deixar de notar que a administração pública colonial era fraca tanto na metrópole quanto nas colónias.16

Depois do continente europeu, nos continentes asiático e americano a questão olímpica, com mais ou menos dificuldades, estava em marcha. Na América do Norte, S. Louis (1904) recebeu a terceira edição dos Jogos Olímpicos e os Jogos do Extremo Oriente, com as idiossincrasias próprias das culturas locais, realizaram-se, pela primeira vez, em Manila, nas Filipinas, a 4 de fevereiro de 1913. Na América do Sul os Jogos Regionais aconteceram no Rio de Janeiro em 1923, num ambiente fortemente nacionalista.17 Todavia, a situação no continente africano, devido ao processo colonial, revelou ser (ainda é) bem mais complexa. Tal circunstância, a mais de cem anos de distância, permite compreender quanto a questão nacionalista, por ser consubstancial o desenvolvimento do MO, era importante para Coubertin, mas, também, quanto ela era importante para o processo de descolonização de África e para a formação e afirmação das novas nacionalidades.

De acordo com o designado “racional científico da colonização”, África tinha sido dividida a régua e esquadro na Conferência de Berlim (1884-1885). E, no cruzar do século XIX para o XX, os colonialistas, ao tempo considerados personalidades que gostavam, estudavam e pretendiam promover o desenvolvimento do continente africano, estavam perante um complexo de contradições dicotómicas entre uma visão centrada na cultura europeia versus cultura africana. E, na dinâmica do capitalismo industrial, o moderno confrontava-se com o tradicional, a economia de produtividade com a de subsistência, o direito administrativo colonial com o direito consuetudinário, a “ciência colonial” instituída com a realidade da vida dos povos africanos e, relativamente ao desporto, os jogos atléticos tradicionais africanos confrontavam-se com o modelo estandardizado do neo-olimpismo. Coubertin entendia que, embora se devessem respeitar os jogos atléticos tradicionais africanos, era necessário fazer entender “aos nativos dos países colonizados o que corajosamente chamaremos de benefícios da ‘civilização desportiva’, devemos trazê-los para o vasto sistema desportivo com regulamentos codificados e resultados comparativos que constitui a base obrigatória da civilização”.18

A questão africana foi abordada por Coubertin em dois diferentes momentos. O primeiro, aconteceu no início do século XX através de dois artigos. Um primeiro intitulado Les Sport et la Colonisation, publicado no princípio de 1912,19 onde Coubertin, numa visão colonialista própria da época, ingenuamente defendia o desporto como instrumento no processo de colonização, pelo que devia ser “incentivado entre nativos e governantes” como promotor de uma identidade nacional colonial. Mas, em consequência de tal ingenuidade, lamentava-se porque, “para além de Inglaterra, os representantes invasores da civilização ocidental não procuraram, nem sequer admitiam, ao que parece, a comparação das suas façanhas desportivas com as dos nativos” porque consideravam que “uma vitória – mesmo por diversão – da raça dominada sobre a raça dominante assumiria um alcance perigoso e correria o risco de ser explorada pela opinião local como um incentivo à rebelião”. E dizia que só o desporto inglês “conquistou a classe alta nativa não apenas através do snobismo, mas pela simpatia direta” que desempenhou um “papel importante na colonização”. Todavia, também avisava que os desportos, para cumprirem a sua missão, não podiam assumir “aparências demasiado militares e um molde regimental que poderia, de facto, ajudar a preparar alguma rebelião futura”. Mas porque os desportos geravam disciplina, qualidades sociais, hábitos de higiene, limpeza, ordem e autocontrole perguntava: “não será melhor que os nativos possuam tais qualidades e não serão, portanto, mais manejáveis do que de outra forma?”. E, de acordo com a cultura prevalecente da “inferioridade africana” concluía: “…todos os países que desejem desenvolver o desporto nas colónias deviam agir da mesma maneira”. Depois, já no final do ano de 2012, “emendou a mão” e, de certo modo, numa perspetiva portadora de futuro, sob o título L’Eugénie,20 deixou ficar claro que “a crença na soberania natural de uma raça específica, destinada a dominar todas as outras, baseava-se “apenas em aproximações e sofismas”. E concluía: “o homem habituar-se-á gradualmente à ideia de que a competição internacional lhe ordena que não deixe que a sua própria nacionalidade diminua em número e qualidade diante dos outros e que, ao mesmo tempo, as condições bastante duras do “struggle for life” o conduzam a colocar no mundo seres de constituição tão forte quanto possível.21

Entretanto, a Grande Guerra (1914-1918) congelou o MO. E a questão africana, só voltou à ordem do dia, quando, nos trabalhos da Sessão de Roma (1923), Coubertin propôs que o COI, iniciasse a “conquista” de África. E, a partir de então, num continente em que os povos indígenas eram súbditos, não verdadeiros cidadãos, pelo que não tinham acesso à propriedade das terras, o MO passou a ser utilizado como um catalisador de emancipação dos indígenas. Já não se tratava de colocar o Olimpismo ao serviço da afirmação colonial. Tratava-se de, enquanto “religião” que era, através de uma estratégia de aculturação desportiva das elites africanas, à semelhança do que acontecia com as religiões cristãs e islâmicas, fazer com que o Olimpismo moderno sobrevivesse depois da queda dos impérios coloniais. Num continente em que o conceito de nação era o de raça, o de Estado era o de tribo e os dialetos uma autêntica Torre de Babel, Coubertin viu no modelo colonial inglês aquilo que os ingleses tinham visto no modelo evangelizador das igrejas cristãs em África. Impossibilitadas de, naquele imenso território, atingir a generalidade das populações, optaram por, na sua ação evangelizadora, educar com a máxima qualidade jovens em número limitado que, no futuro, como líderes de qualidade superior, lhes haviam de salvaguardar a presença em África.22

Para a “conquista” de África foi decidida a realização dos Jogos Africanos e concebida uma medalha designada “Medalha de Penetração Desportiva” a produzir em grande quantidade e destinada a ser distribuída por todo o continente africano através das Missões Cristãs, com o objetivo de encorajar a prática desportiva. Numa das suas faces, a medalha tinha representado um atleta africano a lançar uma zagaia e, na outra face, a seguinte divisa: “athletae proprium est se ipsum noscere, ducere et vincre” que significa “é dever e essência do atleta conhecer-se, conduzir-se e superar-se”.23 A divisa estava escrita em latim porque não se desejava privilegiar nenhum idioma europeu ou dialeto africano. Esperava-se que ela fosse traduzida pelos Padres da Missões Cristãs.

Todavia, devido às eventuais conotações nacionalistas e independentistas que dela podiam resultar, os regimes coloniais ficaram desconfiados relativamente à organização dos Jogos Africanos previstos para o ano de 1925 na cidade de Argel que acabaram por ser adiados para 1927, data em que já estava prevista a segunda edição a ser realizada em Alexandria.24 A cerimónia de abertura chegou a ser agendada para 9 de abril de 1927, contudo, foram novamente adiados. Perante o fracasso, a 14 de abril de 1927, numa comunicação à Sessão da Academia de Atenas, Coubertin expressou a sua desilusão: “amanhã, o destino de uma África branca será comandado pelo passado da África negra, que nós não conseguimos conceber que poderia preexistir à nossa intervenção”.25 Finalmente, os Jogos Africanos previstos para 5 de abril de 1929, acabaram por ser inviabilizados porque os regimes coloniais, inglês e francês se recusaram a enviar as respetivas equipas desportivas. Mais tarde, Coubertin lamentou que o poder colonial pudesse limitar a expansão desportiva e impedir o progresso de certas raças e países quando disse: “… está estabelecido que na base de uma oposição que não se distingue pela franqueza e lealdade subsistiu a ideia do prestígio metropolitano proveniente do sucesso colonial”. E perguntava: “… como se pode imaginar que, no mundo moderno seja, há tanto tempo, possível obstruir o já longo desenvolvimento do desporto e limitar o seu progresso de determinadas raças e países?”26 Finalmente, nas suas Memórias Olímpicas lamentou: “acreditei que os espíritos já tinham evoluído o suficiente para passar à prática! Parece que a questão ainda não estava madura. No entanto, deve estar bem perto da sua maturidade pelo que continuo convencido que não falta muito tempo para que uma África desportiva se venha a organizar apesar de tudo, possivelmente de forma mais deficiente que se a Europa tivesse sabido tomar, em tempo oportuno, a direção do movimento” … “No fundo, existia um conflito essencial, a luta do espírito colonial contra a tendência para emancipar os indígenas, tendência cheia de perigos aos olhos dos estados-maiores das metrópoles”.27 Os Jogos Africanos só vieram a acontecer em 1965, em Brazzaville capital da República do Congo, depois da generalidade dos países africanos a Sul do Saará, a partir de meados dos anos cinquenta do Século XX, ter acedido à independência.

O desporto teve em África e ainda tem uma importância fundamental na construção da identidade dos países. Repare-se que, por exemplo, países como o Gana, a Nigéria ou o Quénia que, mesmo antes das respetivas independências, instituíram os respetivos Comités Olímpicos Nacionais (CONs) que foram reconhecidos pelo COI e participaram nos JO. Por exemplo, a Nigéria, que ganhou a independência em 1960, participou nos JO a partir de Helsínquia (1952).

Coubertin instituiu no MO uma configuração missionária (H. Mintzberg), cultural e religiosa que, entre outros aspetos, permitiu, não só superar o próprio colonialismo e sobreviver à queda dos regimes coloniais, como afirmar-se como um catalisador promotor da formação e afirmação das novas nacionalidades. Por exemplo, nas ex-colónias portuguesas podem ser encontrados exemplos significativos. O poeta moçambicano José Craveirinha (1922-2003), galardoado com o prémio Camões em 1991, era um amante do desporto. Como jornalista que também era, n’O Brado Africano, enaltecia o enorme amor dos negros pelo atleticismo e desconstruía o discurso jornalístico ao estilo “play-by-play para, para além dos factos desportivos, envolver as suas práticas numa dinâmica político-social. No outro lado do continente africano, Ruy Mingas, um dirigente angolano no âmbito da diplomacia, da cultura e do desporto, numa entrevista ao Jornal dos Desportos acerca do Clube Atlético de Luanda dizia: “Dava-nos a solidez mental para a prática do desporto porque, com o desporto, enfrentávamos aqueles que eram a imagem da colonização”.28 E foi Ruy Mingas que, na qualidade de Ministro do Desporto, com o empenho dessa grande mulher que foi Monique Berlioux (1923-2015), ao tempo a Diretora-Geral do COI, a quem chamavam “the iron lady”, conseguiu organizar o desporto de maneira a que o Comité Olímpico Angolano (COA) fosse reconhecido pelo COI, o que aconteceu no próprio ano em que, com a sua bandeira, participou nos JO de Moscovo (1980).

Mesmo depois das independências africanas, o desporto, sobretudo o futebol, numa estratégia de “play hard with soft power” tem sido um instrumento de afirmação social e de contestação dos regimes políticos autoritários, sempre dispostos a utilizar o amor do povo pelo jogo como forma de o controlar, muito embora, por vezes, o jogo se vir contra o “feiticeiro”.29 Por isso, afirmar que Coubertin, por vontade própria, tinha excluído as bandeiras nacionais nos Estádios Olímpicos a fim de acabar com a competição entre países nos JO, a fim de justificar uma política de naturalizações de aviário que dizem ser uma tendência europeia, não passa de um inaceitável revisionismo histórico. Um revisionismo que nada tem a ver com o pensamento de Coubertin para quem o Olimpismo e os JO deviam afirmar e solidificar nacionalidades: (1º) inteligentes, porque abertas ao Mundo; (2º) cultas, porque providas de memória; (3º) fortes, porque assumidas com inteligência patriótica; e (4º) solidárias, porque respeitadoras e cooperantes com as demais nacionalidades. E Patrícia Mamona, uma portuguesa de ascendência angolana, nascida em Lisboa na freguesia de São Jorge de Arroios em 1988, vice-campeã olímpica, imediatamente depois dos JO de Tóquio (2021 expressou bem esta perspetiva quando, corajosamente, disse: “o desporto tem pátria e deve mantê-la” (Expresso, 2021-07-23).

Hoje, o desporto é um importante fator promotor da identidade nacional. Os sucessos dos atletas ou equipas desportivas genuinamente nacionais, num ambiente saudavelmente competitivo, são sentidos pela generalidade da população, como promotores de autoestima que ajuda a construir a identidade nacional de um país. Ora, construir equipas nacionais de desportos individuais ou coletivos à custa de atletas naturalizados de aviário não é nada saudável. Para além da natural migração de atletas ao serviço de clubes de várias nacionalidades, é inaceitável que tais mecanismos jurídicos no âmbito da regulamentação do trabalho sejam transpostos para as seleções desportivas nacionais. Por isso, a relação entre o desporto e a identidade nacional é de tal maneira complexa que não pode estar entregue a entidades como, clubes, federações desportivas ou CONs sem competência ou sequer legitimidade democrática para decidirem sobre tal matéria.

Coubertin, no Primeiro Congresso Olímpico (1894), avisou: “a imperfeição humana tenderá sempre a transformar o atleta de Olímpia num gladiador do circo”. 30 E tinha razão, porque há dirigentes desportivos mais interessados em comportarem-se como autênticos lanistas do que como administradores de uma causa pública como é o desporto, trabalharem para que, do ensino ao alto rendimento, ele esteja, verdadeiramente, ao serviço do desenvolvimento humano.

Referências

1 Cf. Pausanias’ Description of Greece, Volume I, p. 395. In: The Project Gutenberg.
2 Cf. Gazette de Lausanne, 13 janv. 1919, n° 12, p. 1. In: Coubertin, P. (1986). Lettres Olympiques (XI). Textes Choisis, Müller, Norbert (ed.). Zurich, Hildesheim, New York, Tome III. p. 610.
3 Cf. Coubertin, P. (1931). Mémoires Olympiques, Paris, Editions Revue “EPS”, pp. 40,41.
4 Cf. L’Education en Angleterre. Collèges et Universités. Paris, Libr. Hachette, 1888, pp. 141-163. In: Coubertin, P. (1986). L’ Education en Angleterre (1888). Textes Choisis, Müller, Norbert (ed.). Zurich: Hildesheim, New York, Tome I, p. 64.
5 Cf. Revue Olympique, avril 1901, pp. 17-24. In: Coubertin, P. (1986). Olympiades Boréales Les Jeux du Nord à Stockholm. Textes Choisis, Müller, Norbert (ed.). Zurich: Hildesheim, New York, Tome II, p. 317.
6 Cf. Lettre Inédite à Duchoslav Forst, In: Eyquem, Marie Thérèse. In: Pierre de Coubertin, L’épopée Olympique. Paris: Edit. Calmann-Lévy, p. 105.
7 Cf. Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, juillet 1894, n.1, p.1.
8 Cf. Notes sur l’Education Publique. Paris, Libr. Hachette, 1901, pp. 253-268 (chap. XV). In : Coubertin, Pierre (1986). Éducation Publique (1901). Textes Choisis, Müller, Norbert (ed.). Zurich: Hildesheim, New York, Tome I, p. 252.
9 Cf. https://www.irishcentral.com/roots/history/peter-oconnor-irish-olympian-flag
10 Cf : Le Messager d’Athènes 1894, n° 39, pp. 287-288 (I); n° 42, pp. 306-309 (II). In: Coubertin, P. (1986). Jeux Olympiques. Discours à Athènes (16 nov. 1894). Textes Choisis, Müller, Norbert (ed.). Zurich, Hildesheim, New York, Tome II, pp. 364-375.
11 Cf. Relatório JO Londres (1908), p. 781.
12 Cf. Relatório JO Londres (1908), p. 793.
13 Cf. Ana Oliveira, A Bola, 2021-08-14.
14 Cf. https://olympics.com/ioc/news/ioc-executive-board-approves-two-changes-of-nationality-2
15 Cf. Orwell, G. (1999). Mil Novecentos e Oitenta e Quatro. Lisboa: Antígona.
16 Cf. Wagner, Florian (2016). Colonial Internationalism – How Cooperation Among Experts Reshaped Colonialism (1830s-1950s). Thesis submitted for assessment with a view to obtaining the degree of Doctor of History and Civilization of the European University Institute.
17 Cf. De Franceschi Neto-Wacker & Christian Wacker (2009). Rio de Janeiro Goes Olympics. International Society of Olympic Historians. Journal of Olympic History. December.
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/M.Franceschi-v17n32009.pdf
18 Cf. Colonisation Sportive In: Coubertin, Pierre (1986). Textes Choisis, Tome II. Müller, Norbert (ed.). Zurich, Hildesheim, New York, P. 676-678.
19 Les Sports et la Colonisation. 1912, Revue Olympique, Janvier, Issue No. 73, pp. 7-10.
https://digital.la84.org/digital/collection/p17103coll1/id/13179/rec/1. Posteriormente, em 1913, editado no livro “Essais de Psychologie Sportive”.
20 Cf. Revue Olympique, Issue No. 83. Novembre 1912. pp.163-166.
21 Cf. Coubertin, Pierre de (1912). L’Eugénie. In: Revue Olympique, nov. 1912, pp. 163-166).
22 Cf. Vaz, Manuel (1965). O Ensino Missionário. Uma Polémica Jornalística de Princípios de 1960. Lourenço Marques: jornal Notícias.
23 Cf. Ata da 23ª Sessão do COI – Paris, 23 de junho a 12 de julho de 1924.
24 Cf. Ata da Comissão Executiva do COI realizada de 3 a 6 de novembro de 1925 em Paris.
25 Cf. Coubertin, Pierre (1986). De la Transformation et de la Diffusion des Études Historiques: Caractère et Conséquences. Textes Choisis, Tome I. Müller, Norbert (ed.). Zurich, Hildesheim, New York, p. 360-369.
26 Cf. Colonisation Sportive In: Coubertin, Pierre (1986). Textes Choisis, Tome II. Müller, Norbert (ed.). Zurich, Hildesheim, New York, P. 676-678.
27 Cf. Coubertin, Pierre (1996). Mémoires Olympiques. Paris : Editions Revue “EPS”, p.188.
28 Cf. http://jornaldosdesportos.sapo.ao/26/0/legado_do_atletico_motiva_nova_direccao [Consultado em: 02-04-2015].
29 Cf. Global Perspectives of Football in Africa. London, New York: Routledge.
30 “L’imperfection humaine tend toujours à transformer l’athlète d’Olympie en um gladiateur de cirque”. Cf. Bulletin du Comité International des Jeux Olympiques, (1894), n. 1, p. 1.