No dia 19 de Setembro, o Parlamento Europeu passou uma resolução em que compara os crimes do nazismo aos do comunismo. Como não podia deixar de ser, o PCP reagiu instantaneamente com um daqueles clássicos comunicados cheio de queixinhas de anti-comunismo, fanfarronice da Guerra Fria e o costumeiro “sem nós, os Aliados tinham perdido a Guerra!” – um argumento que também pode ser usado pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, sem que isso as torne mais recomendáveis. No comunicado, o PCP critica a “deplorável tentativa de equiparar fascismo e comunismo, minimizando e justificando os crimes do nazi-fascismo”. Bem diz o povo que quem não se sente, não é filho de uma ideologia que gosta de matar boa gente.
Portanto, o PCP diz que, para equiparar nazismo e comunismo, é preciso minimizar os crimes do primeiro, pondo-os ao nível dos crimes do segundo. Ou seja, o PCP admite que o comunismo cometeu crimes. Confesso que desta não estava à espera. Não são “erros”, “desvios” ou “exageros”, como eufemisticamente costumam admitir as marotices marxistas-leninistas – aquelas que são mesmo impossíveis de esconder, claro. Não, não, o PCP refere mesmo crimes. Das duas, uma: ou o Partido está a mudar, ou os meus pêsames à família do infeliz autor do comunicado.
O PCP não está ofendido por ter sido considerado criminoso, está ofendido por ter sido considerado tão criminoso como os nazis. Acha-se vítima de uma falha de consideração. É como o marido que é apanhado com uma amante e a quem a mulher diz “és uma vergonha, igual ao teu pai!” E ele, melindrado: “Como te atreves? O meu pai tinha duas amantes, eu só tenho uma. Não menorizes a infidelidade do meu pai”.
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