Mais um debate do Estado da Nação. O primeiro do terceiro Governo de António Costa. Mais um em quase sete anos de governação do Partido Socialista. Mais um em quase duas décadas de governação consecutivas. É justo dizer que, com tanto tempo no Governo, o Portugal de hoje é, pura e simplesmente, o resultado da governação socialista. E foi em negação que se debateu o estado a que a Nação chegou.

Sim, em tempo de diversos “negacionismos”, o mais prejudicial para todos é o daqueles que há tanto tempo nos governam e que são incapazes de aceitar e fazer face aos factos. É a incapacidade de aceitar que o nosso PIB per capita foi, em 2021, de 74% da média da União Europeia, quando há 20 anos era de 84%, bem como de aceitar que a recente convergência da economia portuguesa com a da União Europeia se deveu mais ao demérito das grandes economias do que ao mérito do nosso crescimento diminuto.

É a negação de que fomos – e continuaremos a ser – ultrapassados por todos os países que, a Leste, viveram uma das mais amargas experiências políticas, económicas e sociais: o comunismo.

É a negação de que o nosso crescimento pós-pandemia resulta de termos sido dos países que mais regrediu devido às medidas restritivas que foram aplicadas.

É a negação de que, numa economia aberta e integrada na União Europeia, o único incentivo que os mais (ou menos) jovens têm, com muita (ou pouca) formação, é para emigrarem.

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É a negação de que os problemas no acesso à saúde ou as dificuldades das escolas públicas são consequência de sistemas que perpetuam a ineficiência e a iniquidade e que afastam os seus profissionais – afastando, também, todos os que podem pagar por uma alternativa.

É não perceber que quando um milhão de famílias dependem do Estado para comer está em causa um clamoroso falhanço das políticas económicas e sociais.

Quando governantes, políticos ou dirigentes públicos, refutam que o caos nas urgências hospitalares, nos aeroportos, no combate aos incêndios ou em tantos outros serviços prestados ao público, seja resultado de tantos anos de políticas do Partido Socialista, isso é o maior exemplo de negacionismo. E só isso explica que seja preferível atribuir o ónus da responsabilidade às pessoas, com alertas como “Não adoeçam”, “Não comam Bacalhau à Brás” ou “Não viajem”, pois o Estado é incapaz de cumprir as expetativas que gera quando nos retira, através dos impostos, os nossos rendimentos.

Admito que nos próximos anos de maioria absoluta do Partido Socialista os debates do Estado da Nação serão este roteiro negacionista da realidade. Por isso, importa mostrar às pessoas que é possível uma verdadeira alternativa ao socialismo, mas não uma alternativa de discurso fácil e frágil, que apela aos sentimentos mais básicos, composta por aqueles que vivem de números mediáticos, vazios de conteúdo e inconsequentes, e alimentada pela ilusão das sondagens, que apenas diz que rejeita o Partido Socialista.

Refiro-me, sim, a uma alternativa preconizada por quem quer retomar o crescimento económico, a convergência com a União Europeia e devolver às pessoas a prosperidade que, no passado, os seus pais tiveram. Uma alternativa preconizada por quem quer garantir, a todas as pessoas, o acesso e a qualidade, na saúde e na educação, independentemente de quem presta estes serviços. Uma alternativa preconizada por quem quer desregulamentar e desburocratizar a economia, diminuir impostos e tornar Portugal um destino atrativo para o investimento. Uma alternativa preconizada por quem pretende rever o funcionamento da justiça, tornando-a célere e eficaz.

Uma alternativa que, não cedendo às tentações securitárias fáceis, mantenha a autoridade do Estado para a proteção das pessoas e dos bens. Uma alternativa que assuma as Forças Armadas como um garante da nossa segurança e do nosso desenvolvimento, por via da nossa pertença à NATO, e da defesa do espaço europeu, face à ameaça russa e eventuais ameaças totalitárias futuras, com a rejeição total das ideias daqueles que veem estas integrações como um obstáculo aos seus sonhos autocráticos.

Ao negacionismo socialista temos de responder com uma alternativa assente na liberdade, no respeito pelo indivíduo, pelos seus sonhos e pelas suas ambições. Uma alternativa que acredita que a prosperidade material de cada cidadão é essencial para garantir a sua própria liberdade e uma sociedade dinâmica, com esperança e com futuro.