Um amigo meu que trabalhou uns anos na função pública e depois foi contratado por uma empresa do sector privado, disse-me um dia: “No sector público, chegamos ao gabinete e pensamos sobre o modo de gastar o nosso orçamento. No sector privado, acordamos de manhã e temos que pensar no modo como vamos ganhar dinheiro.” Eis uma das grandes diferenças das sociedades modernas. Em Portugal, os ataques a quem cria riqueza, por aqueles que pretendem maiores orçamentos públicos, aumentam todas as semanas. Estes ataques estão assentes em mentiras.

A primeira mentira é que se está a atacar os ricos e os especuladores. Quando as esquerdas radicais criticam os ordenados e os lucros dos empresários e dos gestores privados de sucesso, estão a atacar empresas que criam emprego e com ordenados cima da média em Portugal. Empresas de sucesso como a GALP, a EDP, a Portucel, a Jerónimo Martins, a Sonae, e muitas outras, assim como as multinacionais com investimentos em Portugal, contratam alunos que saíram das universidades com boas notas e profissionais competentes. Se não fossem as empresas com sucesso, a emigração de portugueses qualificados seria muito superior. Sem empresas de sucesso, a qualidade dos empregos baixará e os ordenados serão mais baixos. Portugal precisa do oposto. De mais empresas com sucesso e de mais e melhores empresários.

No sector imobiliário, haverá seguramente muitos oportunistas, mas também há muitos investidores que beneficiam a economia portuguesa. Basta observar o que se passou em Lisboa e no Porto nos últimos anos, e no que começa a acontecer em Setúbal, Coimbra, Aveiro ou Braga. Há dez anos, os centros de Lisboa e do Porto estavam cheios de casas velhas, abandonadas e a cair. Hoje, estão quase todas recuperadas. Não foi o Estado que investiu nessas casas. É o resultado da iniciativa privada.

Os hostels, os prédios com apartamentos para turistas ou estudantes, os novos restaurantes e bares foram abertos e construídos por portugueses, muitos deles jovens, que preferiram o risco a empregos de baixos salários ou à emigração. Agora que têm sucesso, não faltam propostas para aumentar impostos e retirarem dinheiro a quem o ganhou com esforço e ousadia.

A segunda mentira é de que o combate contra os ricos serve para defender os pobres. Se assim fosse, tendo em conta a carga fiscal elevada em Portugal, haveria menos pobreza. Os impostos altos e novas taxas servem sobretudo para transferir recursos dos privados para o Estado. Recursos que servem para dar empregos a clientelas partidárias. Agora que o Bloco só pensa em juntar-se ao governo, e portanto ao Estado, será necessário aumentar os recursos.

A terceira mentira é que tudo isto é uma questão económica. Não é. É uma questão política. As esquerdas, incluindo o PS, não querem uma sociedade forte e cidadãos independentes e com recursos. Os impostos e as taxas suplementares são os instrumentos para enfraquecer a sociedade e dar mais poder ao Estado. O que está em causa é a liberdade individual. A nossa liberdade de escolher como queremos viver e o que queremos fazer. Ou o poder do Estado de nos impor os planos de funcionários e burocratas que não conhecemos e com quem nunca falámos. É o que acontecerá se a maior parte dos nossos recursos for transferida para o Estado. Com eles vai a nossa liberdade.

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