1. Há poucas semanas a atenção global estacionou por uma tarde nas chamas de Notre Dame, em Paris. Um coro de pena e lamentos embora hoje, seja já com um desinteresse distraído que vagamente se ouve dizer que “houve uma missa” ou que alguém sugeriu “colocar uma piscina” no ex-tecto da Catedral, quando se iniciar a reconstrução.
E há dias, a atenção do país – instituições, escritores, políticos, literatos, amigos próximos, longínquos, povo, mirones, media — fixou-se na despedida de Agustina Bessa Luís. Brevemente: quando no dia seguinte, por sugestão desinteressada mas inteligente de alguém, propus a um meio de comunicação social a publicação de um quase desconhecido texto da escritora, a resposta foi “ah mas agora já não vai ‘dar’, estamos com os 30 anos de Tienamen”, e era verdade: estavam todos na China.
2. Se apenas há força convocatória no célere momento conhecido por actualidade — mas logo enxotado para fora do écran e da vida, porque essa é a regra — a quem interessa o que conta? A quem interessará de facto esta incerta paisagem nossa, humana, política, económica, social, fora do reduto dos “paisagistas” dela encarregues ?
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