Walter Williams era um dos últimos sobreviventes de uma geração de grandes economistas liberais (no sentido clássico do termo) que aliaram importantes contribuições teóricas para a ciência económica com uma extraordinária capacidade de comunicação e intervenção na esfera pública em defesa da liberdade.

Milton Friedman, de quem Walter Williams foi amigo de longa data e que Williams considerava ter sido o mais importante economista do séc. XX, foi provavelmente o mais paradigmático exemplo desta valiosa capacidade de aliar erudição e rigor teórico com capacidade de comunicar ideias complexas de uma forma simples e apelativa para o grande público. Uma combinação rara num contexto em que a ciência económica e os economistas tendem a fechar-se sobre si mesmos e a comunicar em circuito fechado, em parte também devido ao elevado custo pessoal e profissional de assumir posições na esfera pública dissonantes com o consenso politicamente correcto e intervencionista.

Foi também nesta linha que Williams (tal como Friedman) foi um membro activo e orgulhoso da Mont Pelerin Society e que, curiosamente, se descrevia a si próprio como um radical:

Well, I’ve always been a radical, and I think my mother was radical. Radical in the sense that I believe that I should be able to do anything that I wish to do, so long as I don’t violate the rights of other people, and people should not violate my rights. Just leave me alone.

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Para a história ficam também as suas posições heterodoxas e corajosas sobre as desigualdades raciais nos EUA. Criado em condições difíceis numa família negra monoparental de Philadelphia (e fortemente influenciado pelo exemplo da mãe), Williams foi um oponente vigoroso do salário mínimo e das leis de affirmative action, enfatizando os profundos efeitos negativos dessas políticas sobre a comunidade negra nos EUA. Foi também um crítico consistente dos efeitos de várias políticas sociais contemporâneas na desagregação da família, com especial incidência nas famílias negras de menores rendimentos.

Williams publicou de forma prolífica tanto a nível científico como de divulgação e liderou também, durante alguns anos, o influente departamento de Economia da George Mason University, nos EUA, mas foi, acima de tudo, um professor. Acaba por isso por ser simbólico que Williams, com 84 anos, tenha leccionado a sua última aula no dia 1 de Dezembro. Como assinalou Dominic Pino:

As Williams persisted well beyond retirement age, his passion for economics undimmed, he was the kind of man that made you say, ‘He’s going to teach until the day he dies’. On Dec. 1, he taught his last class of ECON 811 to complete the semester, ending the 7:20-10:00 p.m. block around 30 minutes early, as was typical. Fewer than 12 hours later, he died, aged 84. R.I.P.

O mundo perdeu um economista brilhante, um comunicador de excelência e um campeão da liberdade. Que descanse em paz.